Prólogo

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Junho, 2010.

          Aquela era uma bela manha na calma cidade de Talkeetna, no Alasca. O verão estava chegando naquela região congelada pelo inverno e havia pouca neve lá fora. O degelo havia começado e vários pássaros haviam voltado á cidade, e cantavam alegremente em suas arvores. Carolyn mal podia esperar para voltar a usar roupas um pouco mais leves. Não que ela pudesse usar roupas tão leves assim, afinal estavam no Alasca, mas seria bom poder sair de casa sem usar pelo menos três jaquetas ao mesmo tempo.

          A mulher de cabelos loiros e olhos verdes estava em uma caminhonete estacionada na frente de uma padaria no centro da cidade e Carolyn esperava ali enquanto Jonathan, seu marido, fora comprar os muffins que ela havia pedido e ele como bom marido que era, nunca recusava um desejo seu. Ainda mais agora. Mas ele havia insistido que ela permanecesse no carro. pois o degelo deixara as calçadas um tanto escorregadias e ele, paranoico como era, temia que ela pudesse escorregar.

          Então, para passar o tempo enquanto esperava por Jonathan, a loira estava mexendo no rádio da velha caminhonete, procurando por alguma estação de música.

          ─ ... Mais tarde, no Jornal da Noite: Gelo danifica estrada perto da cidade de Curry. Os administradores da estrada estão correndo contra o tempo para consertar tudo antes da temporada de turistas... ─ a voz que vinha do rádio da caminhonete dizia com um chiado, enquanto Carolyn tentava sintonizar alguma estação boa. 

          Um pouco já sem paciência, a mulher de cabelos loiros cacheados girou o sintonizador um pouquinho para direita e finalmente encontrou uma rádio country e lá deixou, recostando-se outra vez no banco do carona e fechando os olhos, ouvindo a música e relaxando por um momento enquanto esperava por seu marido.

          Carolyn devia ter cochilado por um momento pois acordou com um pequeno pulo quando ouviu a porta do carro se abrir do lado do motorista.

          ─ Desculpa. ─ disse o homem alto de cabelos negros e olhos azuis brilhantes. ─ Estava dormindo? ─ Jonathan perguntou com um tom curioso entrando no veiculo e sentando-se no banco do motorista.

          ─ Não, só cochilei um pouco. Não dormi bem essa noite.

          ─ A culpa não foi minha. ─ ele se defendeu, entregando a esposa uma sacola com o logotipo da padaria.

          ─ Claro que foi! ─ ela respondeu indignada, mas com um sorriso. ─ Seu filho não parou quieto a noite toda. Parecia que ele estava sambando aqui dentro. ─ ela disse pegando a sacola das mãos do marido que soltou uma gargalhada.

          Com um sorriso, ele se aproximou de Carolyn e beijou-lhe a bochecha. Então ele se curvou e beijou a barriga de oito meses de gestação da esposa, mesmo por cima das varias camadas de roupa.

          ─ Ei, campeão. Você tem que deixar sua mãe dormir. ─ Jonathan disse acariciando a barriga da esposa. ─ Eu sei que você deve estar ansioso para conhecer o mundo aqui fora, mas ainda não é a hora. ─ então ele sussurrou irônico ─ E se ela não dorme, ela fica com um humor do cão.

          ─ Mentira. ─ Carolyn disse com voz abafada e quando Jonathan levantou a cabeça para olhar para a esposa, ela já estava devorando um dos muffins de chocolate. ─ Eu não fico de mal humor. - Ela disse de boca cheia.

          ─ Fica sim, e eu te amo mesmo assim. ─ Jonathan disse sorrindo.

          Por um momento, o homem de cabelos escuros apenas se permitiu ficar olhando para a mulher a seu lado. Ele não podia acreditar em sua sorte. Ele tinha uma bela esposa e um filho a caminho. Sua família estava se formando e ele a amava mais do que tudo. A vida era boa e ele era feliz.

          Jonathan deu mais um beijo, dessa vez nos lábios de Carolyn, sentindo o gosto doce de chocolate neles, antes de se aprumar, colocar o cinto de segurança e dar a partida no carro.

          Aquela era uma bela manha na calma cidade de Talkeetna. Era uma pena, realmente, que naquele momento, ninguém sabia o que estava para acontecer. 

Escrito no GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora