Este livro quer ser uma reflexão independente sobre o nosso tempo, um pensamento
sobre os seus fundamentos materiais e políticos, uma vontade de explicar os problemas e dores do
mundo atual. Mas, apesar das dificuldades da era presente, quer também ser uma mensagem
portadora de razões objetivas para prosseguir vivendo e lutando.
O trabalho intelectual no qual ele assenta é fruto de nossa dedicação ao entendimento do
que hoje é o espaço geográfico, mas é também tributário de outras realidades e disciplinas
acadêmicas.
Diferentemente de outros livros nossos, o leitor não encontrará aqui listagens copiosas
de citações. Tais livros enfocavam questões da sociedade, verdadeiras teses, isto é, demonstrações
sustentadas e ambiciosas, dirigidas sobretudo à seara acadêmica, levando, por isso, o autor a fazer,
ao pequeno mundo dos colegas, a concessão das bibliografias copiosas. Todo mundo sabe que esta
se tornou quase uma obrigação de scholarship, já que a academia gosta muito de citações, quantas
vezes ociosas e até mesmo ridículas. Sem dúvida, este livro também se dirige a estudiosos, mas
sobretudo deseja alcançar o vasto mundo, o que dispensa a obrigação cerimonial das referências.
Não quer isso dizer que o autor imagine haver sozinho redescoberto a roda; sua experiência em
diferentes momentos do século e em diversos países e continentes é também a experiência dos
outros a quem leu ou escutou. Mas a originalidade é a interpretação ou a ênfase própria, a forma
individual de combinar o que existe e o que é vislumbrado: a própria definição do que constitui uma
idéia.
Este livro resulta de um longo trabalho, árduo e agradável. A maioria grande dos seus
capítulos é inédita em sua forma atual. E é também, de algum modo, uma reescritura de aulas,
conferências, artigos de jornais e revistas, entrevistas à mídia, cada qual oferecendo um nível de
discurso e a respectiva dificuldade. Somos muitíssimo gratos a todos os que colaboraram para esse
diálogo e até mesmo àqueles que desconheciam estar participando de uma troca. Dentre os
primeiros, quero destacar os atuais companheiros do projeto acadêmico ambicioso que, desde 1983,
venho conduzindo no Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo: minha incansável
colaboradora, doutora María Laura Silveira, que leu o conjunto do manuscrito, e a professora doutora
Maria Ângela Faggin Pereira Leite, assim como as doutorandas Adriana Bernardes, Cilene Gomes e
Mônica Arroyo e os mestrandos Eliza Almeida, Fábio Contel, Flávia Grimm, Lídia Antongiovanni,
Marcos Xavier, Paula Borin e Soraia Ramos. Ao Departamento de Geografia da Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas que me acolhe e estimula e particularmente ao Laboratório de
Geografia Política e Planejamento Territorial e Ambiental (Lapoban), coordenado por meu velho
amigo Armen Mamigonian, vão, também, meus agradecimentos. Estes também incluem os colegas