Prólogo

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Abril de 2012, Charlotte, Carolina do Norte, Estados Unidos

A música alta soava pelo ambiente, misturando-se as luzes coloridas que brincavam pelo teto. A quantidade de pessoas que estavam dentro daquela casa com certeza extrapolava o número considerado seguro. Para alguém com claustrofobia, a festa seria um pesadelo. Camile, porém, não sofria disso. Com certa facilidade, ela se locomoveu entre as pessoas, passando por alguns cômodos, até que chegou em seu destino: o bar - ou a cozinha, já que em house parties era onde ele geralmente ficava. Deu alguns passos em direção a um dos vários coolers que tinham por ali e pegou uma cerveja. Estava se preparando para abri-la, quando uma voz masculina soou ao seu lado.

- Deixa que eu abro pra você.

Ignorando o garoto, ela levou a garrafa até sua blusa, abrindo-a com a ajuda do tecido. Levantou seu rosto e virou-se para ele. Sorriu de maneira satisfeita e até um pouco convencida, já que não era sempre que conseguia fazer isso.

- Ou não. - O garoto disse novamente e ela o ouviu rir baixo.
- Quer dividir? - Camile perguntou e o ele assentiu, virando-se para pegar um copo. A garota virou quantidade suficiente da long neck no copo dele e então levou-a até a boca, dando o primeiro gole. - Sou Camile Reid.
- Vincent Harris. - Ele disse, apresentando-se. - Valeu pela cerveja. - Agradeceu, encostando-se no balcão. Ela sorriu. - Você também parece um pouco deslocada, é nova aqui?

Cam balançou a cabeça em negação e permaneceu no mesmo local, em frente a ele. Só então pode prestar atenção em suas características: loiro, de olhos claros e um sorriso lindo - o qual fazia surgir covinhas adoráveis em suas bochechas.

- Na verdade, não. Tô no segundo ano, só não costumo frequentar muito essas festas. - Respondeu, bebendo mais um gole da cerveja.
- E o que te fez vir hoje? - Vincent perguntou, curioso.
- Sinceramente? - Ela riu, dando de ombros, enquanto ele mantinha seu olhar fixo nela. - Eu não sei. Minha amiga foi passar o fim de semana na casa do namorado em Boone, e eu resolvi sair um pouco, pra variar. - Sorriu, trocando o peso de seu corpo para a outra perna, cruzando os braços. - Você é novo aqui, então?
- Na verdade, não. - Repetiu a fala dela, fazendo-a rir baixo. - Vim passar a semana na casa de um primo e ele me arrastou pra cá. Moro na Carolina do Sul. - Ele respondeu, levando seu copo até a boca e bebendo um gole.

Vincent ia continuar a falar, mas um rapaz bateu seu corpo em Camile, empurrando-a para frente, fazendo com que a garota derrubasse a garrafa que segurava. Para não cair, ela apoiou seus braços no corpo de Vincent, sendo prontamente segurada por ele.

- Garoto babaca. - Cam xingou, bufando, um pouco irritada. Subiu seu olhar para Vincent, que a observava com atenção, tentando não se deixar afetar pela proximidade dos corpos dos dois. - Nossa, Vincent, desculpa... - Ela pediu, dando um passo para trás e afastando-se dele.
- Quê isso, não esquenta. - Ele disse, sorrindo brevemente. - O que acha de pegarmos algumas cervejas e irmos pra um lugar mais tranquilo e menos cheio de gente?
- Topo. Assim talvez eu não caia mais em cima de você. - Camile disse, fazendo-o rir.

A garota foi em direção à mesa e pegou dois copos, enquanto Vincent tirou algumas cervejas de um dos coolers, deixando quantidade suficiente para ele e Camile. Quando terminou, fechou a caixa e se virou, encontrando a menina já parada ao seu lado. Ela entrelaçou seu braço no dele e juntos, saíram da cozinha, caminhando pelo corredor, passando por algumas portas já fechadas. Quando estavam quase desistindo de encontrar um quarto, Camile viu uma pequena porta no chão. Vincent, seguindo o olhar da garota, sorriu.

- Tá pensando no que eu tô pensando? - Perguntou, fazendo-a rir.
- Eu acho que sim! - Camile respondeu. - Mas você vai primeiro, vai que eu desço e você me tranca aí dentro?

Vincent rolou os olhos, mas acabou rindo. Se abaixou e abriu a portinhola, revelando uma escada. Virou-se e colocou os pés nos degraus, descendo-os. Em certo ponto, pediu para Camile lhe alcançar o cooler com as cervejas, coisa que ela prontamente fez. Assim que o pegou, Vincent encostou os pés no chão e soltou o cooler aos seus pés. Olhou ao redor do cômodo, satisfeito com o que viu.

- Pode descer. - Disse, chamando Camile. - É bem melhor do que esperava.

A garota sorriu e colocou os pés nos degraus, descendo um de cada vez. Um pouco antes de alcançar o chão, ela puxou a porta e a fechou, a escuridão tomando conta do local.

- Ai, que burra. - Disse, virando-se, sem saber para onde ir. - Quer que eu abra a porta de n... - A luz se acendeu, revelando um ambiente extremamente aconchegante. Ela sorriu para o loiro. - Uau, realmente não esperava por isso.

O porão era completamente decorado e mobiliado. As paredes em tons claros, com alguns quadros. Também havia um grande puff que comportava quatro ou cinco pessoas, com uma televisão logo em frente. No outro canto, havia um fliperama e um bar vazio.

Camile sorriu assim que terminou de observar os arredores e então, sem aviso prévio, correu em direção ao enorme puff, jogando-se nele. Ouviu a risada de Vincent e se virou a tempo de ver o garoto se aproximar. Ele sentou ao lado dela e abriu o cooler, abrindo uma cerveja em seguida. A menina pegou os dois copos e estendeu-os para ele. Quando os dois já estavam cheios, Vincent pegou um e levou até sua boca, dando o primeiro gole.

- Então... - Ele disse, fazendo-a tombar a cabeça para o lado, intrigada.
- E então o que? - Perguntou, bebendo sua cerveja.
- E agora, o que fazemos? - Vincent questionou, jogando seu corpo para trás. Camile fez o mesmo.
- Acho que podemos jogar um jogo. - Ela disse e ele virou o rosto para ela novamente. - Só perguntas. Não, espera. Esse não envolve bebidas. Tem outro...

Vincent riu da confusão da menina, franzindo o cenho para ela. A noite estava extremamente agradável, a companhia de Camile era ótima - além de ela ser linda - e ele não se importaria de passar o restante do tempo com ela.

- Ah! Eu nunca. Vamos jogar eu nunca! - Exclamou, animada. - Você sabe como funciona?
- Preciso falar algo que já fiz ou não, e se você já tiver feito, você bebe, né? - Perguntou, vendo a garota assentir. - Certo, eu começo. - Ele disse, ajeitando sua postura e aproximando-se dela. - Eu nunca desmaiei por beber demais.
- Sem graça. - Camile revirou os olhos, dando um gole em sua cerveja. - Eu nunca fiz sexo na primeira noite. - Comentou, vendo Vincent beber sua cerveja em seguida. - Previsível.

Ele riu, arrancando risadas dela também. O jogo continuou por um tempo, as garrafas de cerveja foram se esvaziando, uma após a outra. Em certo momento da noite, sem perceber, os dois estavam sentados quase grudados. Em meio a risadas, Vincent proclamou:

- Eu nunca tive vontade de te beijar.

Camile quase cuspiu sua cerveja, arregalando os olhos para ele. O garoto sorriu de lado, uma covinha se formando em sua bochecha. Os olhos de Camile desceram para os lábios dele e, um pouco sem jeito, ela mordeu seu próprio lábio inferior. Vincent, percebendo o olhar da garota, pegou o seu copo e o dela, soltando-os no chão. Depois, aproximou-se dela, levando uma de suas mãos até seu rosto, acariciando-o levemente. Devagar, foi deitando por cima de Camile, que passou seus braços ao redor do pescoço de Vincent. Ela fechou os olhos assim que ele o fez e, quando finalmente seus lábios se encostaram e os dedos dele entrelaçaram-se no cabelo dela, o garoto soube que não havia volta. Nunca esqueceria do toque quente de seus lábios, da maciez de seus cabelos e do cheiro de baunilha que ela exalava. Para Vincent, Camile seria sempre a garota de Charlotte. Para Camile, Vincent seria sempre uma boa, bonita e agradável lembrança.

Dear RoommateOnde histórias criam vida. Descubra agora