O dia começara cedo, Carolyn levantou-se primeiro que o Sol e enquanto ouvia o cricrilar dos grilos que faziam a trilha sonora daquele final de madrugada, ela vestia-se para começar seu dia ao lado da princesa. Depois de alimentar-se na cozinha, longe das fofocas e dos olhares dos outros serviçais que a cercavam com suas invasoras curiosidades, a jovem caminhou entre as paredes frias, sob os olhares das pinturas um pouco assustadoras espalhadas pelo corredor.
Um pouco ofegante, Carolyn chegou aos aposentos de Josephine. Os guardas prontamente a encaravam com frieza, mas esta manteve-se ponderada e concentrada em seu trabalho. Reconhecendo a jovem serviçal, as figuras austeras e implacáveis se afastaram com as suas armas da porta, permitindo a passagem da dama de companhia para os aposentos da princesa, eles abriram as portas sem alarde e pompa, apenas fizeram o suficiente para que Carolyn adentrasse o cômodo sem fazer barulho.
No ambiente mais escuro, coberto pelas pesadas e longas cortinas de tons escuros que barravam boa parte da luz pálida da manhã, a dama de companhia, primeiro observou a futura rainha e suspirou, não suportando o tamanho da admiração e a clara atração que nutria por ela. Dispersa parcialmente de certos pensamentos, Carolyn caminhou até a cama da herdeira real e sutilmente tocou a imagem serena e refugiada nos quentes cobertores, causando um breve calor que nasceu em sua nuca. Delicadamente, seus dedos deslizaram por seu braço que escapava da proteção térmica do cobertor que abrigava a princesa. A dama, ao notar que a delicadeza de seu gesto não havia sido suficiente, levou com a mesma sutileza o seu toque até o ombro de Josephine, então o balançou calmamente para despertar a princesa de seu profundo sono, mas agora com a ajuda de sua voz próxima ao ouvido dela.
— Hora de abrir os olhos, Alteza... Bom dia. — Carolyn sibilava, abaixando-se perto da figura adormecida, sem deixar de esconder de sua voz, toda a sua alegria por estar ali, ao lado dela.
Josephine piscou seus olhos duas vezes e conseguiu identificar a nova criada mesmo no breu de seu aposento, e tranquila por ser ela e seu jeito doce de acorda-la ali, a princesa enfim direcionou seu olhar para Carolyn e sorriu espreguiçando-se sob os confortáveis cobertores que a protegiam do frio da madrugada, por mais que o território estivesse em transição para temporada do verão.
— Bom dia, Lady Carolyn. — A princesa a respondeu com a mesma cordialidade por conta da delicadeza da dama de companhia naquela manhã, o que não era comum já que suas outras criadas nunca haviam sido tão gentis e isso a irritava, fazendo com que ela as tratasse com indiferença até livrar-se de toda sua raiva. — Espero ser acordada pela senhorita todos os dias. — Josephine sussurrou sem tirar o sorriso do rosto.
— Como preferir, Alteza! — Carolyn curvou-se diante do pedido de Josephine enquanto caminhava até as cortinas pesadas e empoeiradas que fizeram a jovem enrugar o nariz, atingida pelo pó que o tecido libertou ao ser empurrado para o lado e exibir a manhã delicadamente acinzentada lá fora. Enquanto deixava a luz e o ar puro e um pouco frio invadir completamente o cômodo, Carolyn lembrou-se dos planos que tinha para entreter a princesa que parecia tão solitária entre os muros de pedra do castelo. Pensando nisso, a dama de companhia deu meia volta e voltou seus olhos à princesa, mas sem manter um completo contato visual, mantendo sua submissão imposta pela soberania de Josephine, como herdeira do trono. — Alteza, se cabe a mim lhe sugerir algo, gostaria de dizer que, talvez, se do gosto da senhorita for, um passeio a cavalo pelos campos lhe faria muito bem...
— Não sabia que lhe agradava cavalgar, Lady Carolyn. — Josephine deduziu pela sugestão da jovem dama lhe ser tão súbita e ainda sim empolgante já que faziam semanas que ela não cavalgava com o seu puro sangue de pelagem negra nomeado por ela como Eclipse. A princesa arqueou sua sobrancelha enquanto se erguia e acomodava-se recostada na cabeceira de madeira de sua cama mantendo sua postura ereta sem tirar os olhos da figura de Carolyn que ainda era um intrigante mistério que ela logo desvendaria e esse passeio seria a oportunidade perfeita para questiona-la. — Como acabei de descobrir que temos gostos parecidos, aceitarei sua sugestão de muito bom grado. — A princesa a respondeu animada para o dia que teriam pela frente e principalmente pelo fato de ter o pretexto que precisava para se afastar um pouco de suas funções reais e de seu noivo, o príncipe Liam.
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Royals
ChickLitCom a vida toda planejada, a única herdeira do trono de Bonneville, a princesa Josephine viu-se presa ao compromisso com o arrogante príncipe Liam desde seu nascimento, omissa às próprias obrigações impostas pela realeza, ela decidiu curvar-se aos d...