6

4.7K 742 483
                                    

LOUIS POV

Um mês havia se passado, um maldito mês onde meu corpo reagia ao ambiente, mas não acordava da letargia em que me encontrava. Eu passei dias tentando, de todas as formas possíveis, ficar consciente, porém quanto eu mais tentava mais cansado me sentia e acabava dormindo. Era horrível e achei que fosse morrer tantas vezes que já até pensara em desistir da minha própria vida.

Eu ouvia tudo que se passava ao meu redor, mesmo com os olhos fechados e corpo inerte eu já conseguia reconhecer quando as criadas responsáveis pela limpeza do meu corpo chegavam, quando eram as criadas da refeição ou quando o próprio homem, que descobri recentemente ser o capitão, passava horas sentado me observando dormir.

Minha vida era patética, era só abrir os olhos e eu me depararia com o cara que me salvou, assim eu poderia agradecê-lo e ir embora; nem quando eu tinha a chance de ver o rosto daquele homem, eu podia fazê-lo. Mas, claramente, meu destino não se importa com o que eu penso ou desejo, prefere deixar minha mente ativa, enquanto ri do meu corpo morto. Será que vou ser mais um daqueles casos em que as pessoas passam o resto da vida na cama?

Mark, com certeza, ficaria feliz se soubesse os resultados da minha fuga.

Estou limpo e de barriga cheia. Admito que a hora que mais me agrada é quando ele está aqui, sentado em alguma poltrona pelo quarto, enquanto me observa ficar aqui parado, como uma múmia. Eu sinto seu olhar. Não que eu goste de atenção, mas as vezes consigo ouvir seus murmúrios enquanto lê algo ou, então se senta ao meu lado na cama e acaricia meu cabelo. Seu toque é leve, mesmo eu conseguindo sentir toda a aspereza que a vida de um pirata deixara sob seus dedos.

Eu queria tanto abrir os olhos, tanto. Um ato tão simples para mim e agora rezo ao meu Deus para que posso voltar a fazê-lo sem restrições, eu sinceramente estava pensando em fazer alguma ajuda à Igreja se este milagre acontecesse. Principalmente se meu corpo voltasse ao meu controle. Crescer numa colônia regrada ao Cristianismo moldou todo meu pensamento para servir e agradecer a Deus. E nascer em uma família doutrinada era bem mais complicado, pois tudo era visto como pecado.

Nem podia reclamar do calor que eu sentia por estar sob tantos lençóis e com todos aqueles ferros aquecidos embaixo do colchão.

"Eu gostaria de poder ficar mais tempo de olho em você, mas passarei alguns dias fora para resolver uns assuntos burocráticos e chatos que pedem minha presença. Espero que esteja acordado quando eu voltar, moleque".

O capitão podia até ser gentil e carinhoso, mas me chamar de moleque me deixava num nível tão louco de raiva e ele o fazia frequentemente. Acordaria feliz só para fazer aqueles lábios pararem de me chamar de moleque. Eu sou um homem, oras!

Assim, fui deixado no quarto sozinho novamente, eu e meus pensamentos confusos. Era nesse momento, quando o cansaço me dominava, que eu já não identificava o que era real e o que não era. Sabia que estavam me dando ervas para ajudar no tratamento, mas as alucinações e sonhos estranhos que eu tinha não me diziam em nada o quanto eu tinha melhorado. Se eu pudesse dizer isso em algum momento, obviamente.

Era angustiante o conflito de sensações que me afligia, enquanto eu alucinava, sonhava e tentava acordar. Eu sentia meu corpo em espasmos toda vez que aquilo começava, meus membros não se mexiam, mas a sensação era a mesma. Dor e descontrole.

E em todas as vezes eu voltava a realidade chorando ou era mais uma artimanha da minha mente que me iludia, eu não sabia. Contudo, sempre que as criadas da limpeza vinham aos meus aposentos nunca comentavam nada, elas simplesmente faziam o que lhes tinha sido ordenado. Tirar a roupa, limpar meu corpo, colocar a roupa. Nem um som era ouvido.

Forbidden Love [hes+lwt]Onde histórias criam vida. Descubra agora