Capítulo 4

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Point of View Camila Mary Stuart

O céu da noite estava com um turbilhão de estrelas brilhando, por um instante pude me perder na beleza dos céus, as estrelas pareciam formar um imenso espelho no qual minhas lembranças passavam uma após a outra.

[...]

A cerimônia estava chegando ao fim e Isabel e Eduardo já seguiam em direção a passagem da tradição dos casamentos.
Hailee, Normani, Ally e Dinah planejavam segui-los para saciarem suas curiosidades.

— Não irá nos acompanhar? — indagou Hailee quando percebeu que eu permaneci parada observando-as.

— Antes preciso conversar com Francis, serei breve, podem ir que já lhes alcanço. — respondi e as quatro apenas assentiram e voltaram a andar na ponta dos pés pelo salão para não serem notadas.

Sorri com a cena e passei os olhos pelo salão à procura de Francis Dylan, caminhei um pouco pelo lugar mantendo os olhos bem atentos até que o encontrei conversando com alguns homens, ele parecia estar concentrado em explicar algo aos mesmos, preferi não incomodá-los, eu poderia esperar.

Fiquei observando os homens entretidos na conversa por longos minutos até que Francis notou minha presença, como se lesse meus pensamentos assentiu para mim e pediu licença para os homens antes de caminhar em minha direção.

— Preciso falar com você. — falamos em uníssono, uma risada conseguiu escapar de meus lábios.

— Está tudo bem, pode começar. — disse Francis, também rindo da situação.

— Não te assusta o fato de que um dia seremos eu e você neste salão nos casando? — questionei soando mais objetiva do que esperava.

— Camila, não é algo que devesse nos assustar. E, além do mais, há outras maneiras de lidar com isso. — assegurou Francis, parecendo analisar suas próprias palavras quando notou um silêncio se manifestar entre nós.

A verdade era que eu também analisava com cautela as palavras de Francis Dylan.
O que ele realmente quis dizer, afinal? Há outras formas de lidar com a inquietação de um futuro casamento ou comigo?

— Outras formas de lidar comigo? — indaguei receosa depois de alguns minutos, estava indecisa sobre querer ou não ouvir a resposta.

— Com tudo isso, foi o que eu quis dizer.

— Francis, sabe que um dia iremos nos casar, não sabe? Não devíamos tentar pelo menos ser amigos? — perguntei, sentindo as palavras secarem minha garganta.

— Acredite Camila Mary, eu sei. E nós somos amigos, somos desde a infância.
— disse Francis, mantendo sua convicção

— Creio que sejamos pessoas diferentes das que éramos com seis anos de idade. — contrariei dizendo o óbvio e, por um instante, obtive um olhar desconfiado de Francis.

— Não se trata apenas disso, não é tão simples. — disse inquieto.

— O que não é simples? Me acha tão horrível a ponto de achar que não sou capaz d-...

— Camila Mary, pare. Por favor. — interrompeu-me Francis, segurando minhas mãos que faziam gestos desesperados enquanto as palavras saíam descontroladamente de minha boca. — Você é linda... É inteligente, imprevisível. Entretanto, isso não importa. Importa o que é certo para o meu país, a França não é poderosa como pensa ou cautelosa e talvez você também não seja, mas eu sou. Um dia serei Rei, responsável pelo meu povo e agora, uma aliança com a Escócia acabaria com a França.

E de repente, tudo à sua volta começa a fazer sentido.

A sensação de ser a mais vulnerável da realeza naquela Corte me invadiu sem pestanejar naquele instante, estava ciente que no dia seguinte o Castelo estaria repleto de ingleses que fariam de tudo para ter minha cabeça e apesar da solene promessa de Rei Henry sobre garantir minha proteção, eu me senti desamparada e em perigo.

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