No castelo Thorne, naquela mesma noite, o Conde Christian Thorne jantava calmamente com sua esposa e seus filhos. O ambiente daquele lugar era claramente o de um lar, era em quase tudo, oposto ao castelo do outro lado da baía. O casamento havia se concretizado pelo amor e o respeito que Lady Eleonor e o Conde nutriam um pelo outro.
O conde amava Liam como se fosse seu filho. Se pudesse, teria adotado o rapaz e lhe dado seu nome, mas tal atitude não foi aceita, por isso, limitou-se a lhe deixar uma propriedade desvinculada como herança e uma fortuna em dinheiro. Preocupava-se pelo futuro do rapaz tanto quanto pelo de David, mas naquele momento o destino da menina Cavendish o preocupava mais que qualquer outra coisa.
– Querida, acredito que o Duque perdeu a sanidade. Não sou contra a boa educação que ele dá a Megan, Deus sabe que é bom uma moça saber pensar por si mesma e defender-se, mas essa última etapa que ele planejou... ele está colocando-a em um grande perigo.
Liam e David trocaram olhares alarmados pelo tom do pai; ele era um homem discreto e em raras oportunidades fazia críticas tão duras na frente dos filhos. Os rapazes mal conseguiram se conter para perguntar quais eram esses planos, quando a Condessa perguntou:
– Perigo? Será que você entendeu direito? O Duque não colocaria a própria herdeira em perigo, nós dois sabemos disso.
– É por isso que eu tenho pra mim que o homem está louco. Temo que tenha que interferir. – respondeu visivelmente preocupado.
Já acostumados com os longos discursos do Conde, os rapazes sabiam que não adiantava tentar pressioná-lo, que ele contaria tudo ao seu tempo, mas ainda assim, era com muito custo que não se intrometiam.
– Meu querido, o que o Duque te falou para te deixar tão angustiado?
– Ele pretende embarcar a menina como grumete no navio do Sanders. Você acredita em uma loucura dessas?
– Ele o quê?! – perguntaram ao mesmo tempo os rapazes.
Lembrando-se da presença dos filhos e do grau de amizade que nutriam pela menina Cavendish, respondeu olhando para a esposa:
– Acho que me precipitei, deveria ter deixado para conversarmos sobre esse assunto quando estivéssemos a sós.
– Já somos quase adultos, pai. Nós temos o direito de saber o que acontecerá com Megan. – respondeu Liam se aprumando na cadeira.
Achando um pouco de graça do argumento de Liam, optou por ser ele a contar dos planos do Duque. Afinal, eles acabariam por descobrir de qualquer forma.
– Foi por isso que ele pediu que eu fosse ao castelo hoje pela manhã, pediu-me ajuda para encontrar um navio e um capitão adequados. Sanders é um homem justo e honesto, mas é capitão de um navio mercante. Esses navios são alvos de piratas, sem falar que ela é uma menina. Só Deus para saber os apuros que poderá passar. Especialmente se a guerra voltar.
Liam e David trocaram outro olhar, e disseram ao mesmo tempo:
– Quando ela vai embarcar? – perguntou Liam.
– Quanto tempo ela vai passar no mar? – perguntou David.
– Ela vai embarcar após o aniversário de 10 anos, o que será semana que vem. E quanto ao tempo, o Duque não pretende contar, ele disse que quanto for necessário, mas eu suponho que uns 4 ou 5 anos. Afinal, ela não poderá estar muito velha quando for apresentada à sociedade.
– Você tem razão, querido. Seria muito perigoso mesmo que fosse um homem. Onde será que ele está com a cabeça? Ela é apenas uma menina, nunca viajou nem para Londres.
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Ficción históricaLivro físico e e-book disponíveis na Amazon. Inglaterra, ano de 1790. Megan foi criada para assumir o título de Duquesa Cavendish. Toda a sua vida foi direcionada para isso, dos seus amigos à educação diferenciada que recebeu graças ao seu avô...