Perdoe-me

Regina Scelere

NOTAS DA AUTORA: Tenho dois avisos sobre esse capítulo: 1) Toda parte em negrito é uma história que a Catarina está lendo e eu achei importante transcrevê-la porque é essa história que vai fazer a Cat repensar algumas atitudes, então, pensei que seria legal se vocês lessem também! É uma história inspirada nos contos do Rei Arthur; 2) Esse capítulo não tem TANTO Afonsarina porque o Afonso vai fazer uma descoberta muito importante e perceber, aos poucos, verdades sobre a Amália que antes ele não enxergava. É isso! Boa leitura!

AH! Não sei se vocês notaram, mas todos os títulos dos capítulos estão em latim e trazem uma informação da história. Não é nada muito importante, apenas uma curiosidade!

SINOPSE DO CAPÍTULO:

Três dias após ter passado a noite nos aposentos de Catarina, Afonso recebe uma notícia perturbadora de Lucíola. A perspectiva de perder a princesa de Artena para a peste coloca novos pensamentos sob o julgamento de Afonso e ele se vê confrontado com uma escolha.

Ao mesmo tempo que precisa lidar com todos os problemas crescentes de Montemor, Amália apresenta um novo conflito que só pode e deve ser resolvido por Afonso. Qual será o caminho que o Rei de Montemor decidirá trilhar?

CAPÍTULO III - REGINA SCELERE

Catarina estava tão entretida com a história que lia que não ouviu quando Lucíola pronunciou seu nome da primeira vez. A criada voltou a chamá-la, mais alto, fazendo com que a princesa finalmente erguesse os olhos do livro.

- O que foi, Lucíola? – perguntou, sem fazer questão de esconder seu aborrecimento por ter sido interrompida.

- Alteza, – ela reverenciou – com sua permissão, informarei o Rei Afonso de seu melhora.

Naquela manhã, Catarina acordou sentindo-se outra pessoa. Nem mesmo apresentava mais os sintomas da peste e, depois da visita de doutor Lupércio, recebeu a confirmação de sua suspeita: estava curada. Ainda que não corresse mais risco de vida, a fraqueza em seus membros a forçava a continuar na cama, assim como os músculos doloridos.

- Faça isso – ela sorriu para Lucíola. – Estou certa que ele virá correndo averiguar com seus próprios olhos se realmente estou melhor.

- Pois não, Alteza. – Lucíola curvou-se rapidamente antes de sair do quarto.

Catarina suspirou alto, deixando que o ar entrasse em seus pulmões. Extasiada por estar viva e longe de qualquer perigo. Lupércio podia dizer o que quisesse, mas ela sabia que sua recuperação milagrosa era graças às visitas e a preocupação de Afonso. Nunca se sentiu tão querida, tão necessária. Com toda certeza, foi Afonso quem a impulsionou a continuar lutando.

A princesa se recostou nos travesseiros, voltando a abrir o livro que estava em seu colo: "As Aventuras do Rei Alexandre".

Quando ainda era Rainha de Montemor, Catarina visitou os aposentos de Afonso, e em sua cabeceira, encontrou um punhado de livros com as temáticas mais diversas. "As Aventuras do Rei Alexandre" estava no topo da pilha e ela lembra que não deu muita importância na época, no entanto, na noite anterior, Afonso lhe contou sobre aquele livro. Sobre como sua mãe, a Rainha Cassandra, lia seus contos favoritos para ele antes de colocá-lo para dormir. O preferido de Afonso era "O Cetro no Lago", que Catarina já havia lido e gostado muito, e agora estava entretida com a história "O Castigo da Rainha Ramona".

"E ela chorava e se lamentava, molhando o lenço de Alexandre com suas lágrimas de cristal. Ele voltou a perguntar o que a afligia, mas a rainha Ramona só fazia lamuriar. 'Ora, não chore, gentil donzela! Digo-lhe! Se fechardes os olhos para esta tristeza ingrata, prometo-lhe conceder um desejo! E a palavra de um Rei há de valer!'.