Nolite Ire

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SINOPSE DO CAPÍTULO:

Finalmente disposto a confrontar seu sentimentos, Afonso se vê diante de uma situação complicada, na qual ele não terá mais o poder de escolha... e nem Catarina. O adeus precisa acontecer para que os monarcas possam zelar por seus reinos, mas por quanto tempo?


CAPÍTULO IV - NOLITE IRE

Os raios solares entravam pelas janelas do quarto de Catarina e incidiam diretamente sobre a cama da princesa. Ela parecia um anjo daquela maneira, recebendo toda a luz da manhã em sua figura régia. Afonso limpou a garganta, tentando pensar em qual desculpa poderia oferecer por ter desaparecido por tanto tempo. Mas ele sabia que não conseguiria enganar Catarina, ela conseguia ver por trás de suas palavras.

A princesa estava deitada de lado, completamente ciente de como ficava deslumbrante e tentadora daquela forma: o braço relaxado no vale da cintura, o corpo curvilíneo deliciosamente abrigado por uma camisola amarelo-escura. Afonso engoliu em seco, tentando organizar seus pensamentos e focar no que tinha ido fazer.

- Bom dia, Catarina – ele começou. – Vejo que está completamente curada.

Ela repuxou o canto do lábio daquela maneira felina que só ela sabia reproduzir com perfeição. Toda vez que conversava com Catarina, era como se ela pudesse ler sua mente e, independente do que estivesse pensando, ela se divertiria com isso.

- Há dias não sinto mais qualquer vestígio da peste. Você saberia se tivesse me visitado – apesar dela ter soado indiferente, Afonso sentiu a mágoa por trás daquelas palavras. – Mas já não importa mais. Creio poder afirmar que retornei mais forte do que nunca. – Catarina fez menção de se levantar e, inconscientemente, Afonso avançou em sua direção, esticando o braço a frente da princesa para impedi-la.

- Catarina, por favor, não acho prudente que você saia da cama agora... não faz muito tempo que esteve enferma. – Afonso nem tentava mais esconder a preocupação em sua voz.

Mas ela apenas segurou seu braço estendido e o utilizou para se colocar de pé, como se essa tivesse sido a intenção de Afonso desde o início.

- Eu lhe disse que já estou com a saúde completamente restaurada – Catarina mantinha-se muito próxima a ele, fazendo que o cheiro de jasmins que emanava de sua pele assaltasse a sanidade de Afonso. – E de qualquer maneira, eu só estou tentando chegar até a minha mesa. Você me prometeu uma partida de xadrez, lembra-se?

Somente naquele momento ele percebeu a pequena mesa disposta no canto do cômodo. O móvel que geralmente era ornado com papeis e penas, agora trazia um tabuleiro de xadrez e estava rodeado por duas cadeiras.

- Muito bem – ele sorriu, desistindo de resistir. Ainda que ela afirmasse que já estivesse completamente recuperada, Afonso não queria arriscar e por isso a conduziu pela cintura até a mesa, atento para qualquer sinal de fraqueza.

O Rei puxou a cadeira para a dama e apenas quando se certificou de que ela estava bem instalada sentou do outro lado da mesa. Catarina inverteu a posição do tabuleiro para que ele ficasse com as peças brancas. Afonso a encarou com a testa franzida, sua pergunta silenciosa pairando no ar.

Catarina respondeu com um sorrisinho diabólico.

- Qual é a surpresa? Eu só jogo com as peças negras. – Explicou simplesmente e direcionou um olhar sugestivo para os peões dele. – Acredito que o primeiro movimento seja seu?

- Sim – ele moveu um peão duas casas a frente, aproveitando aquele momento para engajar em uma conversa necessária. – Catarina, eu gostaria de lhe fazer algumas perguntas, se você não se importar.

Perdoe-meWhere stories live. Discover now