Prologue

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Eu me lembro bem de quando me contaram essa parte da história. Eu me senti apavorado e angustiado. Como ele poderia fazer esse tipo de coisa? É muita crueldade.            
Ela estava correndo sozinha no escuro, sem direção, tropeçando em meio às raízes que se espalhavam escandalosamente pelo chão úmido da chuva da noite anterior. Vez ou outra agarrava-lhe uma teia de aranha nos cabelos, fazendo-a ficar mais nervosa.

A névoa espessa dava uma visão limitada dos obstáculos à frente, tendo que se conter apesar da pressa e do medo. O vestido de camurça verde musgo, outrora mesclava-se no verde escuro da floresta lhes permitindo alguns segundos de camuflagem, mas o tecido esvoaçante agarrava nos galhos secos espalhados no chão, retardando sua velocidade, enquanto os guardas do rei se aproximavam cada vez mais, brandindo espadas e soltando gritos de fúria — que para eles não fazia sentido, eles não tinham mágoas guardadas com a mulher mas estavam a caçando como um lobo caça o cordeiro —, gritos esses que competiam com o barulho das cigarras.


Enquanto isso, da janela do quarto real, escondido ali entre as cortinas de cetim e veludo, o rei observava o dia amanhecer após ver os guardas se distanciarem dos limites da propriedade.

Winter is Coming; [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora