Seis

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- Mais uma vez - pediu Lana. - Vamos, Cassandra. Repita mais uma vez!

Cassy fechou os olhos e contou até três lentamente antes de repetir os passos que estava treinando com tanto afinco mais uma vez.  O suor escorria pelas têmporas e nuca, o cabelo preso em um firme coque estava molhado de tantas horas treinando para sua última apresentação que seria no começo do verão. Ela tinha apenas cinco meses para se dedicar o máximo e mesmo que o fizesse, nunca era o suficiente para Lana Parker.

- Erga mais a perna... queixo lá em cima. - ordenou. - Não! Assim não, seja mais delicada, tenha a leveza de uma pluma e a força de uma leoa. É isso o que eu quero, passos firmes, mas delicados. Veja - Lana repetiu os passos que a filha estava fazendo com uma delicadeza e maestria muito mais encantadora. - Compreende? Firme - sustentou o peso na ponta do pé - Mas delicado. - ergueu o rosto e rodopiou com os braços seguindo os movimentos.

- Eu nunca serei como você, mamãe.

Lana suspirou e não disse nada, apenas acenou que Cassy deveria continuar a treinar.

A morena travou os dentes com raiva, pois já estava há seis horas treinando para aquela maldita apresentação e mesmo cansada, ainda tinha à noite o show da Check The Wind para ir com Megan.

Duas horas depois, Cassy estava vestida confortavelmente em uma calça jeans e casaco de cashmere vinho por cima do moletom de dormir. Ela não estava preocupada em ficar bonita, pois se estivesse, não estaria usando nos pés as botas em tom marrom que eram feias por fora, mas quentinhas por dentro.

Enquanto passava pelas ruas à procura do pub em que seria o show da banda, Cassandra ouvia Thunder atentamente. Ela gostava da batida e cantarolava até sem perceber; a letra da música mexia com ela. Parou apenas quando estacionou na rua lateral do pub e ouviu alguém cutucando a janela. Por causa do frio, as janelas estavam embaçadas, mas ela sabia quem era.

- Já estou indo! - gritou ao pegar a bolsa tiracolo que combinava com as botas feias.

Assim que abriu a porta do Mini Cooper vermelho, sentiu o vento gelado queimar as bochechas. Estar acostumada ao ar gélido era completamente diferente de gostar de respirá-lo.

- Você demorou!

Cassy revirou os olhos enquanto ligava o alarme do carro. Quando pôde finalmente prestar atenção na moça de cabelos azulados, viu que a amiga estava com uma jaqueta de couro por cima do característico pulôver verde de natal com uma rena estampada.

- Não ria! Ele pode ser ridículo, mas é mais quente que toda essa sua roupa. - grunhiu ao puxar Cassandra para dentro do pub - Vamos, estou ansiosa para vê-los tocar!

Ao passar pelas portas de aço, o ambiente com luzes azuis e amarelas apareceu. Não era um lugar grande, mas tinha um bar com variadas bebidas presas em prateleiras e alguns sofás feitos de pneus que pareciam nada confortáveis. Do outro lado ficava um palco que era de onde as luzes amareladas vinham. Todos os instrumentos musicais já estavam esperando e faltavam os músicos. Para Cassy, havia muitas pessoas circulando no mesmo local e chegava a ficar quente. Para Megan, o que importava era ver o guitarrista mais gostoso de Chicago.

- Quer cerveja? - Cassy resmungou.

Megan aceitou mesmo que estivesse mais ansiosa com o que estava por vir naquele palco. A morena aproveitou as identidades falsas para pedir as cervejas mais geladas do local. Ela gostava das que tinham sabores. Quando conseguiu pegar duas cervejas, avistou a amiga sentada em um sofá de pneus e caminhou até ela.

- Essa tem gosto de cerveja?

Diferente da amiga, Megan odiava cerveja sem ter o sabor original de cerveja. Não entendia como Cassandra tomava "cervejas" com gosto de outra coisa.

T R A S S YOnde histórias criam vida. Descubra agora