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07/03/2015

Acordei um pouco desprevenido com o sol a raiar por entre as persianas. Vejo as horas no meu telemóvel, meio dia e quarenta e seis. Enquanto fazia scroll para visualizar as notificações que apareciam durante a noite, algumas desnecessárias, reparei que, por surpresa, para iniciar o meu dia, tinha uma mensagem de um número que não tinha gravado no aparelho, que nunca tinha visto.

" Se queres encontrar o Joker que te falta para terminares o que não acabaste, terás de te deslocar até à capital da tua região. Podes ir ao hotel perto da rua principal junto à rotunda, tens reserva feita. terás uma surpresa. "

A mensagem parecia-me interessante, aliás, era interessante. Despertei logo a ideia de me levantar da cama para ir ao próximo desafio. Visto-me rapidamente e desço as escadas. A minha mãe estava na cozinha, a terminar o almoço. Meti a mesa sem pronunciar qualquer palavra e sentei-me. Vi a minha progenitora a colocar o almoço em cima da mesa, sentando-se, de seguida.

" Bom dia. " diz ela, com uma expressão facial neutra. Segundos depois, esboça um sorriso saudável, confortante.

" Bom dia. " respondi, seco. Ainda não estava a acreditar na mensagem que tinha visto. Não estava mesmo no meu auge de disposição normal, que por si só é neutra e seca, mas estava um pouco pior que isso.

Íamos comendo o frango assado e bebendo os líquidos frescos que tiveram saído do frigorífico da minha parte. A minha vontade de sair e ir à procura de mais pistas, levava-me à loucura total, ao auge mesmo.

" Tenho de sair e só volto amanhã. " não evitei em dizer isto. Claro que não ia ficar dois dias fora de casa sem a minha progenitora saber, como é óbvio. " Vou a Paris. " no momento em que digo a capital de França, a progenitora, espantada e um pouco nervosa, fixa o seu rosto no meu, fintando-o por completo.

De facto, Paris não é a cidade que me desperte interesse, já para não falar que, na minha opinião, as pessoas são horríveis, sem sentido de humor e a língua francesa não é algo que me cative. Na escola que frequentei, o francês nunca foi a língua que conseguisse dominar minimamente. Mas, por outro lado, se me perguntarem se tivesse a oportunidade de ir a Nova Iorque ou algo do género, eu aceitava.

Sim, eu vivo na França, Marselha, mais especificamente. Mesmo assim, este local nunca me despertou interesse algum, sendo que a minha cidade natal é Canadá, onde vivi nove anos da minha existência. A partir daí, a minha mãe decidiu viver na França, sendo este método utilizado para fugir, de certa forma, ao meu pai sádico.

" Como assim? Nunca gostaste da ideia de vir para aqui, quando decidi. Estás a dizer que queres ir à capital de França, sendo que odeias aqui estar? " espantada, pergunta-me.

" Sim, porquê? Quero tentar ambientar-me a isto. " menti. Nunca me quis ambientar. Enfim, mais uma desculpa para fugir à verdadeira realidade. Não consigo, de certa forma, contar o número de vezes que menti à minha mãe. Sei que isso pode ser prejudicial para mim, pois pode perder toda a confiança que teve até hoje, se descobrisse todas estas mentiras.

" Fazes bem. " um breve sorriso apareceu no rosto da senhora. Adoro mesmo a minha mãe que, por um lado entende o meu lado de não gostar de França mas que, por outro lado, apoia-me no facto de querer ambientar-me ao local, mesmo que esta seja mentira para deslocar-me da realidade que ia viver. " Faço questão de te levar ao centro de camionagem. " depois de imensas vezes eu insistir que não era preciso levar-me ao local de embarque, esta fez questão para tal.

The CardWhere stories live. Discover now