Como animais

5.2K 305 24
                                    

Antes que ela percebesse já era sábado, o dia do maldito encontro em dupla. Aos poucos as brincadeiras iam diminuindo na faculdade ao ponto de só passaram a ser pequenas provocações e trombadas. Aos coisas finalmente estavam voltavam a ser como era antes, o vazamento de um dos seus programas ainda incomodava Helena, mas ela sabia que Paula iria dar um jeito nisso. A cacheada sempre dava. Helena sentia um pouco de inveja dessa capacidade que Paula tinha, de resolver qualquer tipo de problemas que surgia na vida, enquanto que ela só sabia fugir deles. Por isso quando ela acordou naquela manhã de sábado tentou ver aquele encontro como um escape, iria se diverte sozinha ou acompanhada.

Talvez encher a cara, mais isso era só um talvez. Fez um café-da-manhã reforçado com quase tudo que ela gostava, assim que terminou de comer lavou as louças e saiu de casa para um pequeno passeio em um dos vários parques da cidade. Aquilo lhe trouxe um pouco de tranquilidade e paz, coisa que ela não tinha desde que se esbarrou com o Nightray. Mas não iria pensar nele hoje, definitivamente ela não permitiria que ele interferisse mais na vida dela, não iria deixar anos construindo algo para depois desmoronar por causa de um riquinho mimado que só pensa em diversão. Na hora do almoço comeu no mesmo restaurante que ela tinha levado Vincent quando ele veio lhe pedir desculpas pelo ocorrido na festa de aniversário e pelo acidente no escritório, se lembrou que teria que escolher uma boa roupa para o encontro. Talvez aquele “presente” do acastanhado fosse servir para alguma coisa afinal de contas, não iria chique mas também não iria com uma roupa de ficar em casa. Camila a mataria lentamente se ela fizesse isso, e deixar a loira doida não era uma coisa muito agradável de se lidar.

Pagou a conta e saiu do restaurante assoviando uma música qualquer que tinha ouvido quando ainda morava no Brasil, deu boa tarde para o síndico e subiu as escadas com calma, cumprimentando alguns inquilinos que passavam por ela. Destrancou a porta e não foi nenhuma surpresa encontrar a bolsa de Camila jogada no sofá da sala, menos ainda encontrar a loira revirando o seu closet como se procurasse por ouro. Foi em direção a geladeira procurar algo doce para comer como sobremesa, encontrou metade de um pudim que tinha sido feito pela loira na noite anterior. Se não fosse pelo pai, Camila seria uma ótima chefe de cozinha, aquilo estava divino e não se incomodou em comer ali mesmo na vasilha. Levou um susto quando Camila chegou nela e arrancou a vasilha de suas mãos e a colher da sua boca, lhe causando um pouco de dor por não estar prevenida para aquilo.

-Será que dá pra você parar de comer um pouco e vir me ajudar a escolher uma roupa pra você? Temos pouco tempo até o encontro e nos dias temos que estar divinas!

-Ah Camila, qualquer coisa serve. Você sabe que eu não ligo para essas coisas.

-Não senhora! Você tem que ficar super gata para o encontro de hoje.

-Camis, é você que quer o boy, não eu.

Camila não disse mais nada, só puxou a brasileira para dentro do quarto e a fez experimentar várias combinações de roupas, até que achou a perfeita. Era uma saia jeans azul marinho com vários botões na frente, uma blusa branca onde as mangas eram feitas de crochê e uma sandália gladiadora dourada. Camila dava pulinhos ao ver a sua obra prima, se sua vocação não fosse na culinária ela seria uma estilista de primeira categoria. Depois que a roupa da amiga estava pronta ela deu um até mais, combinando a hora que ela passaria lá para pega-la e ir até o pub. Helena balançou a cabeça em sinal de negação, nunca se acostumaria com aquela animação toda que a loira tinha, parecia que não tinha limite algum. As vezes queria ter essa animação para assistir algumas aulas chatas da faculdade ou para acordar cedo e ir trabalhar.

Tirou a roupa e pôs na cama para usar mais tarde, faltava cerca de duas horas e meia para o encontro, tempo que Helena matou assistindo qualquer coisa que estava passando na televisão. Quando faltava meia hora ela foi tomar banho e começar a se arrumar, se maquiou e se perfumou. Estava bonita, se sentia bonita. Era raro as vezes que se sentia assim, do lado de fora pode ouvir as cinco buzinas do carro de Camila, pegou uma pequena bolsa branca onde tinha o seu celular e a carreira, trancou o apartamento e desceu as escadas com calma. Entrou no carro colocando o cinto de segurança enquanto que Camila colocava uma música do estilo pop para tocar no carro em alto volume. O Pub era um pouco longe da casa da morena, mas felizmente ela não teria que se preocupar com as pontes naquela noite, já que no final dela ela iria dormir na casa de Camila. Ela só não sabia se a própria Camila iria dormir em casa, já que a loira estava interessada em uma “presa”. Depois de alguns minutos elas chegaram no local marcado, havia uma quantidade significativa de carros e motos estacionados nos dois lados da rua, sem falar na música alta que tocava e na fila que se formava na porta do pub.

Meu MafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora