Trouxe Rosas

Reerguer - minha história

"Um mundo que renasce a cada nascer do sol"

Uma poesia tem de haver amor mas acima de tudo tem de haver dramaticidade.

A fala dramática, os movimentos à mesmo, todas as pausas que atraem os ouvintes. Eles tem de se impactarem com o que vem em seguida.

Devem pensar a respeito, devem surpreender-se e ao fim ficarem na dúvida com aquelas palavras em mente.

Isso que encanta. Você fazer algo que mesmo depois será lembrado e aplaudido de pé.

Já fui muito aplaudido mas também fui vaiado. Uma platéia quase toda me vaiou. As vaias me serviram como um desafio a se ultrapassar.

Eu chorei muito. Pensei em abadonar o que eu tanto amava. A poesia.

Mas um dia pensei: Por que não voltar lá? Por que não tentar novamente?

Seis meses depois eu voltei naquele mesmo lugar.

Subi ao pouco e olhei a todos eles. Eram os mesmos jurados. Os mesmos que riram de mim.

Eu iniciei a poesia e olhares surpresos perceberam que era a mesma. "Existem Rosas"

Não queria imaginar que não tinha ninguém lá e que não deveria ter medo. E sim, a real situação. Estava lotado. Lotado como naquele dia.

Continuei a ler. Li com leveza e confiança, pauso à meio. Eles começam aplaudir pensando que encerei.

Repeti a última frase e larguei o papel. Não precisa. A poesia era minha. Eu sabia por inteira.

Olhei novamente a todos. Ponho dramaticante em minhas palavras, um tom oposto ao leve que iniciei. Movimento as mãos, caminho pelo palco sem medo.

Os olhares se atentam à mim.

Aumento o tom, pauso a momentos certo e ao fim paro abruptamente falando uma última frase e vos indagando algo. Digo um obrigado vitorioso.

Naquele mesmo lugar, mesma platéia, mesmos jurados que vaiaram-me, ergueram-se dos acentos e me aplaudiram de pé. Aplausos fortes, aplausos rejuvenescedor.

Eu fui o campeão do projeto, dentre vinte e cinco pessoas eu fui o grande campeão. Eu! O mesmo que saio correndo chorando do pauco, que ficou em último lugar naquela ocasião. Eu venci.

Venci sobretudo à mim mesmo.

Mostrei que sou capaz, que sei me reerguer.

Hoje em dia não há vaias nenhuma que me faça baixar a cabeça. Estarei sempre de cabeça erguida.