As vezes acordo de manha e parece que já nada me importa, já nada faz mais sentido para mim. Sinto que para onde quer que eu vá, faça eu o que fizer, diga o que disser, estou sempre a mais. Parece que toda a gente me odeia… e agora até eu mesma me começo a odiar. Quero voltar a ter de novo cinco anos, para poder voltar a sorrir. Mas por mais que eu tente o tempo não vai voltar atrás.
Eu lembro que quando tinha cinco anos queria ser como a Cinderela, até já tinha tudo planado, era mais ou menos assim… ”Um dia o meu Prince vai chegar para me buscar na sua carruagem magica, as minhas roupas esfarrapadas se transformavam num lindo vestido branco de cetim nos meus pés tinha sapatos de cristal, e ele delicadamente pegava na minha mão e me levava para bem longe da minha madrasta má e vivíamos felizes para sempre um castelo encantado no topo de uma montanha encantada, com uma linda vista para o mar.” Lindo não é? Eu era mesmo inocente naquela altura.
Mas não é para falar de “amor” que eu aqui estou, essa palavra a mim não me diz nada.
Estou aqui para me despedir de todos vocês, esta cada vez mas difícil aguentar isto tudo sozinha. Já tenho tudo pronto, as lâminas estão afiadas, e já tenho também o copo com água para ser mais fácil de engolir os comprimidos.
Agora só falta escrever uma carta aos meus pais a explicar o porque de estar a fazer isto, e que apesar de tudo eu os amo muito.
Agarrei numa das lâminas e fiz vários cortes no meu braço, depois tomei um por um os comprimidos, a minha visão ficou turva, até deixar de ver completamente. Depois disso não me lembro o que aconteceu. a única coisa que sei é que acordei com os braços ligados numa cama de hospital.
Abri bem lentamente os meus olhos para não os ferir com as luzes por cima da minha cabeça, Ouvi a voz da minha mãe a chamar por mim “querida abre os olhos” doeu muito ouvir o tom de desespero na soa voz, então as lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto e foi aí nesse momento que percebi que cometi o pior erro da minha vida. Lembro também de com muito esforço ter pedido desculpa aos meus pais nesse mesmo instante, a minha mãe limpou os olhos e abraçou-me com força, e eu senti finalmente que alguém me amava, e que o que eu tinha feito foi uma tremenda burrice Se me arrependo do que fiz? Claro que sim, e vou sempre me lembrar que estive bem perto de perder tudo aquilo que em pensei que não existia na minha vida.
Apesar de tudo isto me fortaleceu, fiquei mais forte e com mais vontade de lutar contra os meus medos, e sou feliz agora. Agora que já sabes a minha historia, vais cair no mesmo erro que eu?