O Silêncio de um Olhar

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Meu Deus, o que será que aconteceu com esse homem? Por que ele está tão rude? Eu nunca o vi tão raivoso assim. Bem algumas vezes na adolescência, mas em ocasiões muito ruins.

Resolvo entrar.

Ele está andando de um lado para o outro com a mão na cintura, falando com alguém no celular aos berros. Desliga o celular e olha para mim com uma expressão, um pouquinho mais calma, esperando eu falar alguma coisa.

Ah sim. Mas antes eu preciso perguntar o que está acontecendo com ele.

-- Er... Antes de tudo, eu preciso perguntar o que houve, por que você está tão bravo? -- Digo um pouco receosa pela sua reação.

Para a minha surpresa ele não olha para mim com raiva, ele solta um longo suspiro e senta no sofá ao lado da sua mesa, e me olha como se estivesse um peso enorme nas suas costas. Bem, não é fácil você chegar em uma editora com todas as responsabilidades nas suas costas, e com o seu avô em outro país, mas eu tenho certeza que ele dá conta disso tudo. Ele é um homem muito eficiente e responsável, disso eu tenho plena certeza.

-- Clare desculpe por ser tão rude, mas não é da sua conta. Não quero envolver ninguém nisso, muito menos você, está bem?

Nossa, não precisava disso.

-- Tudo bem, mas eu nunca o vi assim. Só umas duas vezes e você sabe quando.... Você foi tão rude comigo de manhã... -- Resolvo dizer um pouco receosa -- Eu só fiquei preocupada com você, entende? -- Tento parecer um pouco melosa, para ele não ficar com raiva de mim.

Deu certo, como sempre.

-- Tudo bem Clare, mil desculpas por ter sido um imbecil com você, hoje de manhã. Mas não foi por mal. Bom, a noite de ontem foi maravilhosa com a sua presença, é muito bom reve-la e o melhor de tudo é saber que eu sou o seu chefe e que posso "mandar" em você, o mundo é mesmo muito pequeno não é mesmo? -- Ele ri -- Mas eu não me surpreendo por você trabalhar em uma editora, eu me lembro que você queria ser uma escritora e escrevia vários livros legais de aventura e romance, mas e aí? Você publicou algum livro? Bem, estou de portas abertas aqui, os seus livros serão bem vindos nesta editora.

Nossa, que mudança de humor. Mas peraí, ele não estava brinc...

-- DARLAN, JURA?! Que..Quer dizer...Que eu posso publicar os meus livros que ainda estou escrevendo, na sua editora? -- Digo gaguejando e esperançosa e com um brilho no olhar de emoção, acredito.

-- Claro! Quando estiverem prontos é só me avisar.

Eu me sento no sofá e o abraço pela primeira vez nesse tempo todo. Eu lhe agradeço e dou um beijo em sua bochecha dizendo que ele é o máximo.

-- Pra mim é um imenso prazer, por favor, não me agradeça minha linda violeta.

Eu me afasto rapidamente, mas antes ele me dá um beijo ao lado da minha boca, causando arrepios pelo meu corpo como nunca antes.

-- Bom... Errr... -- fico envergonhada.

-- Ah como sou esquecido. Clare, você vai comigo para a confraternização da editora? Sábado.

E agora?

-- Darlan, eu não sei se poderei ir com vo...

-- Como não? Se o problema for esse, eu peço para o meu motorista ir levá-la.

Argh!

-- Não é isso, o problema não é com você. Eu não sei se vou poder ir à festa.

-- Como não?! -- Ele arregala os olhos

-- Não estou muito a fim de ir.

Essa foi a única resposta coerente que veio pela minha mente.