Capítulo 4

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I'm so tired, sitting here waiting
If I hear one more: Just be patient
It's always gonna stay the same

Katelyn Tarver - You Don't Know

Quando eu fecho a porta percebo que eu não vou conseguir ficar aqui por muito tempo. Estou prestes a abandonar a faculdade, eu mais falto do que vou. A qualquer momento eu posso vir a ter uma síncope. Eu realmente acho que estou enlouquecendo. Conhecer e conversar com o Benjamin foi estranho por que ele pareceu ser o tipo de cara que se acha dono do mundo. O galã da novela das nove. Eu só espero que ele não resolva me perseguir achando que vamos ser melhores amigos pelo fato de sermos vizinhos.

[...]

Hoje faz uma semana que eu não saio de casa. Não tenho disposição pra isso. Não fui à faculdade, não comprei o que comer, então estou vivendo basicamente de água e sono. Sinceramente, estou me sentindo tão sozinha e cansada que parece que eu estou sendo esmagada por uma carreta. Ouço o toque do meu celular e vejo que é o Enzo, meu melhor amigo tem me ligado há uns 4 dias, mas eu não estou afim de falar com ninguém. Até meus pais ligaram, o que é um milagre. Vai haver um dilúvio. Decido tomar um banho e ir ao mercado mais próximo, vinte minutos depois estou pegando um estoque de macarrão instantâneo quando vejo Benjamin se aproximando.

- Olá, vizinha – senti vontade de sair correndo.

- Olá, Benjamin

- Parece que alguém resolveu dar as caras, faz uns dias que não te vejo e olha que moro no apartamento ao seu lado – parece que alguém andou me vigiando.

- E desde quando isso é da sua conta, garoto? – ele põe a mão no peito, esse gesto é tão imbecil e universal.

- Desculpe, docinho, estava apenas me certificando de que você não tinha fugido – deu uma piscadela, meio constrangedor eu diria.

- Sinto muito, mas acho que ainda não te dei esse prazer. Por ora – ele me encara com incríveis olhos azuis.

- Você está falando sério? Vai mudar de apartamento? – nunca o vi tão sério desde o dia em que o conheci.

- Pretendo

- Por que você é tão evasiva? Até parece que minha presença te incomoda – merece o Oscar de melhor ator do ano.

- Não finja que se importa, você nem ao menos me conhece – levanto a cabeça e sem esboçar nenhuma reação ele responde:

- Mas gostaria.

Saio do mercado praticamente correndo. Não entendi qual é a dele, primeiro ele da uma de galã, depois aje como se me conhecer fosse algo tão importante quanto encontrar a cura para o câncer. Ele pediu o número do meu celular, revirei os olhos e disse que estava demorando. Mesmo assim eu passei e ao cruzar a porta do apartamento recebo um sms:

- Não pense que eu não percebi a sua pressa para ir embora, Cassie. Lamento dizer, eu não vou desistir de conhecer você.

É sério isso? Agora ele vai fazer a missão da vida dele me conhecer?
Fecho os olhos, suspiro e respondo:

- Não perca seu tempo. Se valesse a pena eu mesma teria dito, não queira comprovar por si mesmo. Adeus.

L O S TOnde histórias criam vida. Descubra agora