Capítulo 8

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Hold, hold on, hold onto me
'Cause I'm a little unsteady

X Ambassadors - Unsteady

- Cassie, meu amor, olha pra mim - nego enquanto o sinto erguendo meu queixo.

- Vamos, docinho! Não faz isso, hum? Eu não vou abandonar você, Cassandra. Eu estou aqui, não estou? Você tem me evitado por dias, mesmo assim, eu tenho te ligado desde o dia em que você saiu da minha casa. Eu quero estar com você desde o dia em que você esbarrou comigo e caiu de bunda no chão! Você me tem pelas bolas, baby. - a serio? Eu nem mereco isso! Eu o tenho ignorado, gritei com ele, mas ele continua aqui e ainda me diz essas coisas. Será que... não, não pode ser. Ninguém se importa comigo a esse ponto. Isso é só uma jogada pra me fazer ceder e depois ir embora. Não vai
funcionar. Não mesmo.

- Cassie, eu sei que você está pensando que eu vou embora na primeira oportunidade. Eu não pretendo ir se você me quiser aqui com você. Eu estarei aqui se você me deixar entrar, se me deixar te ajudar! - abro os olhos e o encontro com um sorrisinho de canto de boca.

- Ninguém pode me ajudar. Eu nem tenho mais jeito. Eu prefiro lutar só a ter que te arrastar pra esse meu fodido mundo. Você pode ir, eu não vou te prender. Vou entender - ele me encara, esses olhos me fazem se perder.

- Eu não estou, nem de longe, indo embora, Cassandra. Você pode me mandar ir pastar, eu não vou te deixar. Isso é uma coisa que você não pode escolher por mim. E você vai tomar um banho, vai se alimentar e depois nós dois, eu e você, vamos conversar. Você vai por pra fora tudo o que está aí dentro há tempos.

Eu não quero conversar e nem vou. Saio do aperto dele e vou até o banheiro. Tomo um banho demorado. Talvez quando eu sair ele já tenha ido, né? Ledo engano. Quando saio, sinto um cheiro de comida. Não faço ideia do que seja, mas o cheiro é bom. Não me lembro quando foi a última vez que comi algo que não seja macarrão instantâneo e ovo.
Paro na porta da cozinha, cruzo os braços e encosto no batente. Observo Benjamin e sua desenvoltura ao fazer seja lá o que for que ele está fazendo. Parece acostumado com minha cozinha, mas é a primeira vez que ele entra aqui e se dispõe a fazer algo por mim. Fico pensando, e se ele realmente veio e quer ficar? E se ele me quiser em sua vida e não for igual as outras tantas pessoas que me abandonaram sem nem ao menos titubear? A única pessoa que eu achei que nunca me abandonaria estava prestes a fazê-lo. Enzo De Luca. Meu melhor amigo, meu irmão de outra mãe. Ele resolveu que faria faculdade na Itália onde seus avós moram. Então, eu ficaria sem ele. Eu não estou sendo egoísta. Mas eu ficaria sozinha por que não tinha mais ninguém que se importasse comigo. Por isso antes que ele decidisse ir embora, eu o fiz. Vim embora pra não ter que sofrer com a dor do abandono.

- Está aí há muito tempo, baby? - Benjamin pergunta, ele vem em minha direção e põe as mãos uma de cada lado da minha cintura.

- Não, acabei de chegar. O que você está fazendo?

- A janta - jura Sherlock? Reviro os olhos.

- Eu com certeza sei que você está fazendo a janta, assim como também sei que essa foi uma pergunta idiota. Ratificando: o que você está fazendo para o jantar?

Ele da uma gargalhada que me faz tremer junto dele. E, é ai que eu me dou conta: ele conseguiu o que queria, meus muros ruíram o suficiente, abriu uma brecha. Ele entrou.

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