Ninguém nunca imaginaria que isso pudesse
acontecer... Ninguém seria capaz de imaginar algo que pu-
desse mudar totalmente o rumo da vida de uma pessoa.
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Certo dia, eu acordei, espreguicei-me e, como de costume,
olhei pela janela e falei comigo mesmo:
– Ah, que droga, está chovendo.
Sempre odiei chuvas, elas não prestam para nada além de te
molhar, sem contar que eu sou muito frágil à gripe. Ainda que
eu leve um guarda-chuva quando saio, minhas pernas sempre fi-
cam molhadas. Fui ao banheiro, lavei o meu rosto, desci pra to-
mar meu café e, em seguida, ir à escola. E lá estava minha mãe
– Dormiu bem, filho? – indagou ela.
– Claro, olha minha cara de quem dormiu bem – disse isso
a ela com um tom sarcástico.
– Nossa, quanta ignorância! Só queria saber se meu filho es-
tava bem... Mas a torrada está ali, pode pegar e ir à escola.
– OK... Estou indo – falei olhando com uma cara suspei-
ta para ela.
Eu já tenho 16 anos, já estudo no 2° ano do ensino médio,
por que ela acha que deve se preocupar comigo? E ela nem sabe
fazer isso direito, é cada coisa idiota que ela me pergunta. Como
estava chovendo, eu peguei o guarda-chuva, abri-o, apertando
um botão que o faz se esticar e abrir todo, o que é uma coisa bem
legal, e fui à escola. No meio do caminho, parou de chover e eu
fechei meu guarda-chuva. Percebi que o tamanho dele fazia ele
parecer uma espada... Percepção normal de uma pessoa que joga
jogos com espada desde a infância e que é viciado. Então carre-
guei o guarda-chuva até a escola como se fosse uma, rodava a
“espada” e “cortava” o ar inúmeras vezes.
Chegando à escola, eu parei de usar meu guarda-chuva
como se fosse uma espada para não parecer estranho, pelo me-
nos para não parecer mais estranho do que já sou... Eu não me
acho estranho, mas essa sociedade acha que sou, então me im-
porto um pouco com a imagem que passo.
Mal entrei na sala e um amigo meu veio falar comigo:
– Ei, Elx, quando você vai me emprestar aquele seu jogo que
você prometeu?
Ah, claro, tinha que ser para pedir algo, mas, bancando o
inocente, respondi: – Desculpa cara, esqueci de novo, mas ama-
nhã trago sem falta.
– Bom dia, Kaien. – Veio falar comigo a garota que eu mais
tenho amizade, não sei por que ela ainda me chama pelo sobre-
nome, mas eu não me importo muito com isso, por isso respon-
di normalmente: – Bom dia, Effy. Tudo bem?
– Sim, e com você? – gentilmente respondeu ela e eu afir-
mei acenando minha cabeça e dando um leve sorriso.
Na hora do intervalo, tinha uma garota se aproximando de
mim. Eu já a havia visto algumas vezes, mas nunca havia fala-
do com ela. Quando ela chegou mais perto, ela começou a falar:
– O– o– oi... E– e– eu go– go...
– Vem cá, você é gaga? – Eu havia me estressado um pouco
e perguntei de forma rude.
Vi seu olho brilhando, acho que ela estava prestes a chorar, e
ela ficou bem corada, então ela se virou e saiu correndo. Sincera-
mente, eu não entendi nada que havia acontecido ali.
Voltei para a sala e contei o que havia acontecido para mi-
nha amiga Effy. Ela disse que só devia ser uma garota maluca e
começamos a rir. Depois disso, nada interessante aconteceu en-
quanto eu estava na escola.
Quando estava saindo da escola, a mesma garota do inter-
valo veio por trás de mim e segurou meu ombro. Quando eu vi-
rei, ela ficou corada, abaixou a cabeça e disse:
– Vá para casa com cuidado.
Eu também fiquei corado, ninguém nunca se preocupou
assim comigo, nem mesmo minha amiga Effy, agradeci e fui
embora.
Não estava chovendo, mas eu estava com meu guarda-chu-
va na mão, fechado, claro. No caminho para casa, fiz o mesmo
que fiz quando estava indo à escola. Entretanto, olhei para cima
num momento e vi uma nuvem bem escura, percebi que viria
uma chuva bem pior do que a da manhã. Cheguei em casa e lá
estava minha mãe, me encarando com uma cara de má.
– O que foi? – perguntei a ela e ela respondeu: – Por que
você foi tão grosseiro comigo hoje mais cedo? Por quê?
Ah, ótimo, tudo para acabar com meu bom humor. Aquilo
me estressou muito e respondi bem grosseiramente:
– Claro, você faz cada pergunta ridícula! Já não basta você
ser ridícula, suas perguntas também, assim fica difícil, né?
Ela se assustou com a forma como falei com ela e, com a ca-
beça abaixada, disse:
– Não acredito que ouvi isso... Às vezes, acho que minha
vida seria bem melhor se eu não tivesse dado a luz a você.
Ela não sabe que isso magoa mais do que qualquer coisa?
Peguei o guarda-chuva e saí de casa correndo. Para maior sor-
te minha, estava chovendo de novo, e bem forte, mas, mesmo
assim, não abri meu guarda-chuva. Estava correndo, correndo,
correndo e, repentinamente, ouvi um barulho bem forte... Um
raio... Um raio caiu sobre mim...
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Moon's Light
FantasyVocê considera a sua vida normal? Qual foi a coisa mais extraordinária que já aconteceu na sua vida? O que aconteceu com Elx, um estudante de apenas 16 anos, é simplesmente inacreditável. Elx descobre a verdade sobre o mundo que habita, e precisa s...