Capítulo 03

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13 de Agosto(2018)

Sirvo o café quente no copo e as pressas pego minha mochila em cima do sofá, sinto meu celular vibrar no bolso de trás da calça e o pego 

- Ai meu Deus! Quem que liga essa hora da manhã?- falo estressada e sorrio ao ver escrito ''Papai'' na tela, atendo animada - Oiii pai!

- Oii querida, como vão as coisas?- suspiro pesado antes de responder e tranco a porta

- Corrido, não estou conseguindo descansar nem no domingo direito- falo correndo desajeitada até o ponto, subo no ônibus falando um obrigada para o motorista

- Agora você entende porque falava para você e o Lucas aproveitarem- ele fala soltando uma risada fraca, pigarreio ao ouvir seu nome sentindo meu coração falhar uma batida- Oh desculpa querida, eu me esqueci

- Não, tudo bem...então, como vai a Hannah e o pequeno Jacob?- Hannah é a esposa do meu pai e Jacob seu filho de 5 anos. Meus pais se separaram um ano depois que o Lucas foi embora e quando eu tinha 13 anos ele se mudou para Seattle, quase entrei em depressão na época mas consegui superar sua ausência aos poucos. Nos falamos toda semana no mínimo 3 vezes, e sempre que dá ele vem me visitar, é bem raro suas visitas mas quando nos vemos é uma bagunça.

- Estão ótimos, Jacob esta louco para te conhecer- sorrio com a notícia

- Sério?!Fala pra ele que estou o esperando ansiosa

- Então filha, sobre isso que eu queria falar com você. Eu andei falando com a sua mãe e pensamos que seria melhor  você vir morar comigo

- O que?!- quase cuspo meu café na senhora sentada na minha frente- Desculpe- sorrio nervosa e ela me olha brava- Pai eu já falei que só vou embora daqui quando acabar a escola, já estou no último ano, falta tão pouco

- E a faculdade?

- Minha professora de dança esta me ajudando com as inscrições para algumas academias de dança por ai

- E já tem alguma resposta?

- Pai essas coisas demoram e estamos no meio do ano, eu ainda tenho alguns meses até o ano acabar

- Ok, ok...- desço do ônibus

- Acabei de chegar na escola, tenho que ir, tchau, te amo

- Tchau filha se cuida viu, também te amo muito- sorrio mesmo ele não podendo ver e encerro a chamada

- Finalmenteeee- Carol fala vindo até mim- Estava falando com o seu pai?

- Como sabe?

- Ele é o único que te liga a essa hora da manhã

- Verdade- entramos na sala de aula e sentamos em nossos lugares.

Muita coisa aconteceu nesses últimos anos, como sabem, quando eu tinha 10 anos o Lucas foi embora; com 11 anos meus pais se divorciaram e aos 12 meu pai foi embora; com 15 minha mãe arrumou um emprego que a faz viajar por vários cidades e estados diferentes, e quando para em casa não fica nem 2 semanas direito; aos 16 um idiota me quebrou em pedaços e tive que superar sozinha, um pouco com a ajuda da Carol que me deu apoio emocional o tempo todo. E hoje com 17 anos moro praticamente sozinha, estudo de manhã; nas segundas, quartas e sextas, e as vezes aos sábados, faço aulas de dança e trabalho como faxineira depois das aulas; terça e quinta dou aulas de inglês para conseguir pagar a aula que faço no sábado; E no meu único dia livre da semana eu estudo ou durmo o dia inteiro. Amigos? Tenho alguns. Sair? Só em feriados, ou olhe lá. Vida? Não tenho mais desde que fiz 15 anos quando comecei com essa rotina doida.


Sobre o Lucas, não o vejo a quase 7 anos, isso tirando o fato de que perdemos o contato depois de um tempo. Eu nem sei mais como ele esta agora, não o encontrei nas redes sociais, nem o Bruno. Mas enfim, ainda tenho esperanças de conseguir a bolsa de estudos para a academia de dança de NY e encontrá-lo, eu sei que é loucura porque isso nunca vai acontecer, mas a esperança é a ultima que morre, não é mesmo?

***

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