Capítulo 19.

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Naquela manhã, eu me sentia bem. Não sentia como se tivesse sido baleada, como se tivesse um assassino à solta, como se Max corresse perigo. Eu me sentia apaixonada. Eu me sentia como nunca tinha me sentido antes.

Mas eu não podia ficar ali. Não sem fazer algo. Antes que eu pudesse criar algum plano para escapar do hospital e fugir para o meu apartamento, Max entrou em meu quarto.

— No que estava pensando? — me olhou com os olhos semicerrados.

— Em nada?

— Você ia fugir! — ele balançou a cabeça. — Não tem jeito, mesmo.

Eu o observei colocando uma enorme mochila em cima do sofá. Vestia uma calça jeans colada em suas coxas, um moletom cinza escuro com capuz e seus cabelos estavam molhados. Provavelmente tinha tomado banho há poucos minutos. Max tirou da mochila dois pacotes de macarrão instantâneo.

— Eu pedi para uma enfermeira trazer água quente. Em breve, você terá uma refeição descente.

Eu sorri.

— Como está o plano? — eu pedi. Ele puxou a cadeira para perto da minha cama.

— Tudo está indo de acordo. Quando falei para Scott, ele pareceu ficar horrorizado com a ideia de viajarmos. Eu falei que pagaria tudo. Só precisava tirar dinheiro. Disse que já tinha falado com o banco e só nós seríamos atendidos na sexta à tarde. Ele pediu se não tinha como fazermos a viagem antes de sexta. Eu disse que não. Ele saiu do estúdio e foi falar no celular.

— Com Rick, provavelmente.

Max concordou. — Já falei com Sidney, também. Ele irá ao banco, hoje, para se certificar de que, na sexta, só eu serei atendido.

— Acho que vai dar certo, então. — eu disse.

A porta do quarto se abriu.

— A chaleira de água quente que o senhor pediu — a mulher falou. Max se levantou e a pegou, agradecendo.

Eu peguei o meu copinho de macarrão instantâneo e o abri. Max colocou a água dente e eu esperei o macarrão esquentar. Ele fez o mesmo com seu pote.Enquanto aguardávamos, ele foi até a sua mochila, tirou dois garfos. Entregou-me um e eu comecei a comer.

— Sabe o que eu estava pensando? — ele começou.

— Hm? — eu disse, com a boca cheia.

— Eu fecho meus olhos à noite, antes de dormir, e eu vejo o rosto dele. Ele me lembra um pouco de Scott, quando paro para analisar minha lembrança.

Eu assenti. — Também percebi isso.

— Não sei como ele escondeu isso de mim. Eu poderia tê-lo ajudado. Ele poderia ter evitado a morte de Julie.

— Max, ele saiu da casa de Sidney só para fazer isso, porque naquele mesmo dia eu o acertei com um tiro, naquela fazenda. O Star Ripper não tinha como fazê-lo, mas Scott tinha; ou seja, o assassino provavelmente chantageou o irmão, de novo.

Max concordou comigo.

— Às vezes, eu acho que já o vi antes. — Max disse, por fim. — Não sei se é porque eu o ligo à Scott, agora, mas a sensação não sai de mim. É como se eu lembrasse de cada lugar que fui e ele está lá, de figurante, na memória. Quando fomos ao pub, no dia que a Sophia morreu? Eu fecho os olhos e vejo o Star Ripper lá, sentado em uma mesa. Quando fomos ao cinema? Eu o vejo sentado algumas cadeiras a frente, por mais que estivéssemos sozinhos. — Max abaixou a cabeça. — Se ele não morrer, eu, com certeza, vou enlouquecer.

Eu estendi minha mão e apoiei em seu ombro, acariciando-o lentamente.

— Vai dar certo.

— A única coisa que me conforta — Max disse, agora olhando para mim —, é que você vai estar aqui. Segura.

Entre a fama e o crimeOnde histórias criam vida. Descubra agora