Com a nova chance no novo emprego precisei me mudar pra um apartamento mais próximo ao centro da Cidade, percebi que ao contrário do bairro em que vivia essa área da Cidade tinha um número gigantesco de pessoas morando na rua. Não que no meu bairro não tivesse mas durante o dia era mais difícil vê -los. Me incomodava bastante aquelas pessoas todas ao relento mas com os dias fui me adaptando a imagem, saia cedo e voltava a noite. Numa manhã de sábado decidi sair pra caminhar, o bairro era tranquilo, bem bonito, não tinha do que reclamar. Passei numa padaria próxima a minha casa, comprei um bolo e alguns pães. Não dá, ficar com fome não rola. Ao chegar ao portão senti uma mão tocar meu ombro, cada mínima partícula de mim temeu ser um assalto.
_A senhora pode me dá um pão! Tô cheião de fome dona!! Quando olhei pra trás me deparei com um garoto com roupas bastante sujas e rasgadas, de chinelo mesmo com um dia frio e nublado, tinha uma estatura mediana, com um olhar cansado e que denunciava que a vida pra ele tinha sido bem sofrida. Após o susto inicial abri o pacote de pão e entreguei a ele, chegou a partir meu coração o olhar de gratidão que ele me dirigiu. Olhei ele se distanciar e dividir com uma senhora o pão que dei a ele. Subi depois daquela cena com a certeza que quem tem o mínimo pra viver ainda tem mais humanidade que os que têm muito. O guri ficou na mente por algum tempo mas como é comum a nós, seres humanos, minhas tarefas e ocupações diárias ocuparam minha mente e me fizeram esquecer o sofrimento do próximo.
Só voltei à ver aquele garoto umas três semanas depois. Voltava de uma festa, já beirava as três da manhã, quando vi vários vultos correndo atrás de alguém. Com o escuro não consegui distinguir ao certo o que era, num primeiro momento achei que fosse uma mulher sendo assediada ou uma tentativa de assalto. Ficava impossibilitada de ajudar, a única atitude que pude tomar foi jogar sobre os vultos meu farol fazendo assim eles correram por não saber quem dirigia o carro. A pessoa que era perseguida tropeçou e caiu no chão, passei devagar próximo a ela no intuito de perguntar se estava tudo bem, quando se aproximei percebi se tratar do guri da esquina. Mesmo sendo perigoso estacionei e sai do carro, me aproximei dele e o encontrei as lágrimas, um choro silencioso e cheio de dor. Tinha tanta dor naquele choro que me senti tocada, subi ao meu apartamento, peguei um pacote de biscoito e um copo de chá e dei a ele. Ele me agradeceu diversas vezes e seguiu seu caminho. Quando voltei do trabalho no dia seguinte o porteiro do prédio me avisou que um garoto que vivia na esquina passou o dia rodando o prédio e o questionando à que horas eu costumava retornar. Eu subi, deixei minha bolsa e sai pra ver se o encontrava. Quando sai no portão o vi sentado na esquina mas diferente da outra vez a senhora não estava com ele.
Me dirigi à esquina e o questionei:
_Soube que estava me procurando! Em que posso ajuda lo!?
Eu fiquei desarmada com o sorriso sincero que ele me deu.
_Eu queria agradece a senhora por ontem. Se a senhora não tivesse ajudado eu, eu nem tava aqui agora.
_Afinal porque aqueles garotos te peseguiam!
_Sabe dona eu não gosto de drogas e minha mãe sempre falo pra eu que se eu começasse não ia consegui para.
Aproveitei que ele tocou no assunto mãe pra saber onde a senhora estava.
_Minha mãe morreu a alguns meses daí quando não tinha pra onde ir, vim morar na rua daí conheci dona Helena, ela foi como outra mãe pra eu.
_Me ajudou muito, mas ela andava doente à muito tempo, daí recolheram ela pra um hospital mas na segunda quando fui vê ela, falaram que ela não aguento a doença e morreu. Agora eu tô sozinho de verdade no mundo.
À partir do momento que ele começou a contar sua sina a lágrimas começaram a rolar naqueles olhinhos que só percebi que era um tom de verde naquele instante, inundado pelo choro.
Sem pensar muito proferi as palavras que mudaria nossa história.
_Vem comigo!! Tu pode tomar um banho e comer algo. Está ameaçando uma tempestade não vou me sentir bem em deixa lo aqui sozinho.
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o guri da esquina
Short Story...Ele saiu debaixo da coberta sem camisa com uma calça de pijama de gatinho, que no caso era minha, imaginem a cena né, um guri no auge da sua juventude com uma calça de mulher, o fato de ser um pano mole marcava extremamente sua virilidade, não ti...