Capítulo 2

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Após a ajuda de Normani, Camila sentou no fundo da sala e observou de forma distraída os alunos tomarem, ao poucos seus lugares. Ela agradeceu aos céus por ninguém se apresentar e tentar puxar assunto. Não precisava desse constrangimento. 

As horas passaram de forma rápida e até mesmo prazerosa, musica era sua paixão e conseguia se transportar da sua atual realidade. Srta. Del Rey, sua primeira professora, se aproximou  ao final da aula para dar as boas vindas a latina, e saber um pouco mais sobre sua paixão pelo o que escolheu estudar.

Camila não se surpreendeu com a forma que conversou com a professora sobre sua paixão, era algo tão natural, que as vezes acabava se perdendo no tempo.

— Está trabalhando em algo atualmente, Camila?

— Algo recente, mas ainda está cru.

— Pode trazer para trabalharmos nela juntas, o que acha? — A latina ponderou sobre, dando de ombros em seguida.

— Quem sabe um dia?

Não demorou muito para se despedir da mais professora, e decidiu que era hora de comer algo. O restaurante que escolheu não estava muito cheio, e aproveitando a quietude, Camila dirigiu-se até uma mesa nos fundos, sem ninguém próximo. Enquanto esperava ser atendida, como de costume, ela varreu o local com os olhos, podendo identificar Normani em uma das mesas, acompanhada de algumas pessoas, que Camila julgou serem seus amigos.

Por isso a latina se encolheu mais em seu assento, desejando não ser vista de forma alguma para não ser arrastada ao grande grupo. É claro que se a outra a visse, ira cumprimentá-la, pois sua ajuda a salvou de ficar rodando pelos prédios, ou até mesmo de um ataque de ansiedade. Mas o risco de ser chamada para se juntar ao grupo na outra mesa, a fazia rezar para não ser vista.

— Boa tarde! Já decidiu o que vai querer? — Uma mulher morena com uniforme do estabelecimento a pegou de surpresa, fazendo-a levantar os olhos para a simpática garçonete.

— Um sanduiche de atum e uma vitamina de banana, por favor!

— Já trago!

Camila agradeceu por ela não ser daquelas garçonetes que gostam de puxar assunto e dar palpites nos pedidos dos clientes. Algum tempo atrás ela não se importaria, poderia puxar assunto com qualquer pessoa em qualquer lugar, mas hoje em dia, o que ela mais queria era distância de qualquer pessoa desconhecida.

Minutos depois seu pedido chegou. Camila sentiu o estômago revirar, mas não era fome. Há algum tempo ela perdera o apetite, a vontade de saborear uma bela refeição, mas sabia que precisava do básico para sobreviver, e era isso o que ela fazia, estava sobrevivendo, não vivendo. 

Afinal, ela é uma sobrevivente.

...

Uma semana se passou, Camila se sentia mais solitária do que nunca. À noite, na escuridão do seu quarto, era impossível não chorar, a dor que ela sentia no peito era agonizante. Faltava algo, faltava o calor do contato humano, e não é sobre sexo, é sobre uma boa conversa com uma amiga, uma risada espontânea, um abraço de despedida ou sorriso na chegada. Mas ela sabia que isso seria difícil de acontecer, Camila abriu mão disso quando decidiu se isolar em Londres, e só encontrava conforto em suas aulas.

Se despediu do professor quando a última aula acabou e foi andando distraidamente pelo corredor. Enquanto Frank não chegava, sentou-se em um dos bancos em frente a faculdade e passou a observar o movimento.

— Camila?

— Si...  — Se interrompeu ao ver quem a chamara.

— Ai meu deus, Mila! É você mesmo? — Foi esmagada pela mulher em um abraço, a pegando de surpresa.  — Senti tanta a sua falta.

— Dinah... — Tentou falar, mas a outra a interrompeu de forma desesperada.

— Eu sinto muito por tudo o que aconteceu, eu queria ter ido vê-la, mas sua mãe não quis dizer onde você estava e você não atendia o celular. Eu fiquei desesperada quando te vi daquele jeito, eu...

— Dinah! — Precisou falar um pouco mais alto, fazendo a amiga se calar. — Estou bem, eu juro! — Viu as lagrimas nos olhos da mais alta, que novamente sorriu voltando a abraça-la, mas dessa com mais delicadeza.

— Sinto muito.

— Eu sei, recebi suas mensagens.

— E por quê não respondeu? — Camila notou a magoa em sua voz, e sentiu de verdade por isso.

— Precisava de um tempo só para mim, e foi eu quem pediu que minha mão não dissesse onde eu estava. Me desculpe por desaparecer assim.

— Mas você voltou e eu...  — Se interrompeu quando viu Frank, um dos seguranças mais antigos da família Cabello. — Olá Frank.

— Senhorita Jane." Cumprimentou, logo se virando para Camila. — Quando estiver pronta...

— Só um minuto, Frank. — Se voltou para Dinah. —Eu preciso ir agora.

— Mas eu quero tanto conversar e matar a saudade, chancho. — Camila sentiu uma forte emoção ao ouvi-la chama-la pelo seu mais antigo apelido.

— Você sabe onde eu moro. — Deu de ombros. — Pode aparecer lá se quiser.

— Tudo bem, mas aqui. — Entregou o celular para morena.

— É mais fácil você me dar o seu.

— Por quê?

— Acabei de ganhar o celular e ainda não gravei o número.

— Como assim acabou de ganhar?

— Acabei me livrando do celular depois do que aconteceu...

— Entendi. — Camila entregou seu celular a Dinah, e a mesma salvou seu número, mandando uma mensagem para si mesma. — Me sinto importante sendo o primeiro contato do seu celular. Camila sorriu, guardando o celular novamente, recebendo mais um abraço de Dinah.

— É bom ter você de volta, chancho.

— É bom estar de volta, cheche.

Em casa Camila se trancou no quarto e se jogou na cama. Sua vontade era fazer as malas e voltar para Londres, onde não conhecia ninguém exceto sua psicóloga, mas sabia que não poderia fugir disso para sempre. Queria ser presente na vida de Sofia e protegê-la de tudo o que poderia acontecer com alguém que carregava um sobrenome tão importante.

Não deixaria ninguém machucar a mais nova, ficaria sempre por perto, mesmo que isso significasse se machucar com suas lembranças. Demorou a dormir naquela noite, passou um bom tempo pensando o que aconteceria no dia seguinte. Já que havia reencontrado Dinah, voltaria a ver Ally? E se ela estivesse magoada por ser totalmente ignorada esses anos todos? Perguntas e mais perguntas vieram a sua mente, mas sem respostas. Revirou na cama por mais alguns minutos até finalmente pegar no sono.

Broken Hearts (Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora