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Caso lhe fosse dado a chance de voltar no tempo o garoto certamente avisaria a si mesmo para deixar de fazer as coisas de última hora, sempre tinha a opção de fazer algo o mais cedo possível para se livrar, mas nunca o fazia, se bem que um lado de si tinha certeza que aquilo nunca mudaria e o outro lado já vagava na ideia de como seria arriscado entrar em contato com o seu eu do passado ou do futuro. E nada daquilo tinha haver com o trabalho de biologia que ele precisava terminar para entregar na manhã seguinte. Deixou seu olhar percorrer através da janela de seu quarto, o céu se encontrava completamente escuro, já era de noite e ele poderia afirmar que estava com a mesma sensação de quando acordou, a sensação de que algo estava errado, mas era algo consigo mesmo, passou os dedos sobre a corrente de metal gélida que ficava em seu pescoço tentando deixar todas aquelas ideias de lado e focar na Evolução dos Seres Vivos, logo seus dedos já estavam sobre as teclas do notebook e ele tentava ser o mais ágil possível.
Um arrepio percorreu por completo o corpo do garoto, no mesmo instante em que um som de trovão invadiu o ambiente que antes estava silencioso. Teve de inclinar o próprio corpo para fechar o vidro da janela em sua frente, pois uma ventania tinha começado do nada. Um suspiro saiu de seus lábios, ele só esperava que não tivesse uma grande chuva, não por ele, mas sim por sua mãe que ainda iria chegar de um longo dia de trabalho. Porém com toda a sorte que tinha logo o som de outro trovão invadiu o espaço em seguida dele fortes pingos de chuva começavam a cair e fazer barulho ao entrar em contato com a janela que se encontrava fechada.
Em questões de segundos a única coisa que ele enxergava era o que a luz do notebook poderia iluminar, a energia tinha acabado, ele até ficaria surpreso se aquilo não acontecesse sempre em que uma tempestade desse as caras. Murmurou em indignação ao ver que ele não tinha como finalizar o seu trabalho e optou por não fazer mais nada, aliás nem tinha o que fazer ali sem a querida Internet. Logo sinais de inquietação já começavam a se manifestar, de bater os dedos sobre a mesa até em abrir algum jogo de cartas presente no windows, como o menino não tinha sono algum ele apenas precisava se entreter e ficar na esperança de alguma mudança naquela situação.
Olhou para a plantinha que tinha em sua mesa e se perguntou como deveria ser a sensação de ser uma planta, se é que existia alguma sensação. Logo um som diferente da chuva foi ouvido, parecia com algo se quebrando e o garoto se chamou de péssimo pai ao lembrar que seu cachorro estava pela casa e o mesmo tinha medo de trovões e que se algo tivesse quebrado eles provavelmente estariam ferrados quando a mãe dele descobrisse, apesar de sua porta estar aperta e ele apenas poder chamar seu animal ou esperar que o mesmo aparecesse ali, resolveu que era melhor ir atrás do mesmo. Pegou o celular antes de se levantar de sua cadeira e acendeu a lanterna, pois andar às cegas na casa não era nem um pouco uma ótima ideia.
Lucas certamente estava tendo um dia, ou melhor dizendo noite daquelas, mas não seria aquilo que colocaria um péssimo humor nele, afinal, coisas assim sempre poderiam acontecer.
Saiu do próprio quarto e começou a iluminar o caminho com a luz que saia do aparelho em suas mãos.– Donnie?? – Ele questionou o nome de seu cachorro em um tom pouco elevado esperando alguma resposta, seja um latido ou qualquer coisa do tipo, mas apenas foi ignorado.
Pensou que talvez o animal estivesse realmente assustado com o tempo e teria de olhar cômodo por cômodo para poder achar e levar seu amigo de quatro patas para o próprio quarto. Continuou chamando pelo cachorro e continuava sem respostas, apenas olhava os lugares com as portas abertas já que claramente Donnie não tinha a habilidade de poder abrir as mesmas.
O garoto parou sob o primeiro degrau da escada e olhou para baixo, a visão que teve foi apenas da porta principal da casa, quando resolveu abrir a boca novamente ele não teve como falar alguma coisa, todos seus pensamentos estavam rápidos e confusos demais ou até lentos demais, ele sentiu algo extremamente ruim, uma presença e não teve nem tempo de se virar para ter certeza ou tentar se defender, pois uma mão já tinha agarrado o menino pela parte de trás de sua camisa.
A última coisa que ele sentiu foi o desespero. Desespero ao sentir sua cabeça ser batida contra um dos quadros de vidro que ficavam ali no topo da parede que se juntava com a escada, e com o desespero logo veio a dor e com ela veio o calor, o calor de seu próprio sangue e a última coisa que ele viu antes de perder completamente o sentido foram as luzes.◻◻◻
T R Ê S A N O S D E P O I SA garota olhava a paisagem através da janela do carro, aquela era uma paisagem completamente nova para ela. Tudo naquele dia estava sendo novo, afinal a família Parker estava se mudando para uma nova cidade. Ao contrário do que se possa imaginar a menina não estava brava ou algo do tipo pelo fato de ter se afastado do seus amigos e de coisas, da sua agora antiga rotina, ela entendia que aquela mudança significativa oportunidades melhores de vida e também existia a internet, se alguém ainda quisesse manter contato com ela, bom, era só mandar mensagem em alguma rede social.
Retirou um dos lados do fone o que acabou por desequilibrar a boa sintonia da música que tocava ao sentir um toque em seu braço, olhou para o lado se deparou com seu irmão mais nove que apontava de forma agitada para que ela visse algo através da janela e por incrível que pareça era um cervo, em uma parte da floresta que se ligava com a estrada e a garota só torcia para que ele continuasse no vasto verde e não escolhesse ir para o grande cimento cinza, pois aquilo poderia custar sua vida, afinal, nunca se sabe o que pode acontecer.
Logo a extensão verde foi mudando para a extensão de várias cores e também do branco, nem todas as casas tinham cores vivas, em algumas a tinta parecia estar desgastada tempo demais. A verdade era que River sempre fora um tanto observadora, gostava de observar as pessoas e os lugares, mas principalmente os lugares.
Quando o carro parou e seu pai que estava como motorista olhou para o banco de trás dando um sorriso, ela pode ter certeza que a grande casa branca em sua direita seria seu novo lar, também não negaria que parecia ser uma casa exagareda para apenas quatro pessoas. Ajudou seu irmão mais novo sair do carro e em seguida pegou sua mochila onde continha seu kit de sobrevivência em viagens.Kit de Sobrevivência da River
01. Carregador portátil
02. 1 ou 2 Livros
03. Salgadinhos
04. Chocolates
05. Garrafa com água geladaOlhou atentamente para a casa e começou a contar as janelas visíveis, conseguiu contar o total de sete e então seguiu para a entrada onde sua mãe estava esperando. Ela não via a hora de poder decorar seu novo quarto com pôsteres, desenhos e tudo mais, não estava agindo loucamente para conseguir o melhor quarto, pois seu irmão ainda era muito pequeno para querer competir o melhor cômodo. Quando parou a atenção na escada, o sorriso que estava em seu rosto diminuiu, ela odiava escadas desde que quebrou o braço ao cair de uma na casa de uma tia quando tinha oito anos. Não gostava nem de lembrar, e só pelo fato de ser desastrada ela ainda tinha medo de futuras quedas.
– Nós poderíamos ter um elevador. – Comentou alto para que alguém ouvisse.
– Casas não funcionam assim querida. – Seu pai respondeu.
River deu de ombros e seguiu para o andar acima, sentiu uma sensação ruim ao subir pela escada, provavelmente por conta de seu leve medo. Mudanças eram algo que em seu ponto de vista dava um grande trabalho e aquela casa era grande o que significava trabalho dobrado, então ela queria olhar logo em seu futuro quarto para imaginar onde ela colocaria cada possível móvel e objetos.
Abria algumas portas já que outras estavam trancadas, olhava os cômodos vazios, o que mais chamasse sua atenção iria ser o seu quarto, claro que não o maior, pois aquele já seria de seus pais, após poucos minutos abriu uma porta e achou o modelo do lugar um pouco interessado, aparentemente a cama ficaria no canto da parede onde o teto era mais baixo e ele tinha um papel de parede bem gasto onde continha uma galáxia, ela achou bonito, até deixaria se não estivesse com uma aparência velha. Decidiu que ali seria o seu quarto, colocou a mochila em um canto do chão e antes de descer novamente para ver quais eram as tarefas, andou até a janela e olhou através da mesma. Teve a sensação que estava sendo observada, mas sabia que não tinha ninguém ali, então apenas espantou esses pensamentos para longe e achou que estava vendo muitas séries de terror e logo lhe veio na mente que ficariam alguns dias ou até semanas sem internet na nova casa e aquilo sim era péssimo para ela, afinal como qualquer jovem ela precisava da netflix para sobreviver.Continua?
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THE DEAD KID. lucas jade zumann
Teen FictionRiver nunca acreditou no sobrenatural, porém tudo mudou quando ela se mudou para uma nova casa e aquele garoto apareceu. HIATUS