Capitulo 1

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Abri os meus olhos lentamente e vi – talvez- a coisa que eu mais temia ver, o mesmo teto de branco de todos os dias. Honestamente, já nem era completamente branco, estava manchado de humidade, mas nada de muito relevante. A casa também não era grande, um pequeno T1 no centro de Brooklyn, melhor que viver na rua. Tinha de me adaptar a ele, tal como ele se adaptava a mim, todos os dias.

Observei com atenção os lençóis finos e deslavados que me cobriam, um pouco mais desarrumados que o costume. Além disso, nada mudara. Sentia uma pitada de alívio nisso, talvez fosse pelo medo que sentia de ser assaltada durante a noite, o que infelizmente já se tornara frequente para mim, mas não desta vez, não esta noite.

Um pequeno grunhido de desagrado escapou por entre os meus lábios à medida que sentia o meu estomago às voltas, ergui o meu tronco da cama e de seguida levantei-me, sentindo logo uma enorme tontura a invadir o meu corpo. Levei uma mão à minha testa, esfregando-a, esperando assim que, como por milagre, a dor parasse. Uma das minhas mãos parou sobre a parede, servindo de apoio para que não caísse aos pés da cama.

Um barulho de fundo interferia no meu raciocínio, a raiva que aquele barulho começava a criar em mim, fez-me olhar para todos os lados mas eu não avistava nada, nem ninguém. Tentei desviar os meus pensamentos e concentrar-me unicamente no som que me intrigava, decidida a por fim ao mesmo mas a dor de cabeça que sentia, impedia-me de tal.

Senti-me a desequilibrar mas antes que pudesse cair, agachei-me lentamente e comecei a gatinhar pelo chão de madeira. Tinha a minha visão um pouco desfocada, a minha boca seca e uma terrível dor de cabeça. Não me restava dúvidas de que ontem tinha ido sair, o problema é que eu nem me conseguia lembrar da noite passada. 

O som não diminuía, aliás, parecia estar cada vez mal alto. As minhas mãos agarraram na minha  cabeça, questionando-me porquê é que não me podiam simplesmente deixar dormir. Os meus cabelos escorriam-me pela cara enquanto eu voltava a apalpar os móveis à minha volta, o som estava de facto perto. Após alguns momentos de  concentração, agarrei um pequeno objeto que tocava sem parar, o meu telemóvel.

Deixei escapar, por fim, um pesado suspiro e abanei a cabeça negativamente, cliquei na tecla à qual julguei ser, talvez, a para atender a chamada e levei o telemóvel ao meu ouvido mas era tarde demais. Já tinham desligado. 

" Só podem estar a gozar com a minha cara. " Resmunguei entre dentes, voltando a fechar os meus olhos, deixando a minha  cabeça apoiar-se sobre o móvel, tentando assim descansar um pouco. Depois de tanto trabalho, não tinha conseguido sequer atender a chamada.

" Quem era? " Escutei uma voz masculina a soar, vinda do outro lado da sala. Os meus olhos abriram-se imediatamente, e num movimento rápido meti-me de pé, observando em pânico o homem diante de mim. 


Reescrevi a história toda deste o início. Espero que gostem. 

Stalker ✧ H.S #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora