O meu corpo embateu contra a parede, os nervos cresciam em mim enquanto eu tentava focar o meu olhar naquela figura diante de mim. Ele permanecia imóvel, em silêncio, como se estivesse à espera que eu respondesse. A claridade por de trás dele, impedia-me de conseguir olhar diretamente para o seu rosto. A cada segundo tornava-se mais difícil perceber o que se estava a passar. Instintivamente, avancei na direção da cozinha, sentindo-o a avançar também, mais depressa do que eu. Abri rapidamente a gaveta, retirando de lá a primeira faca que vi, apontando na sua direção. Fui apanhada desprevenida, quando observei o seu corpo bem diante de mim, percebendo que não era um estranho, mas sim Andrew, o meu melhor amigo.
" Jesus Cristo, Jéssica. Larga isso. " O seu tom soou confuso e meio que assustado, afinal, eu estava a apontar uma faca ao peito do único rapaz que me conhecia melhor, do que qualquer outra pessoa. " Que raio de drogas é que andaste a tomar? "
Lancei a faca de imediato em direção ao lava-loiças, não me preocupando onde acertaria. Sentia o meu corpo finalmente a despertar, talvez devido à adrenalina, que ainda assim não diminuía a minha dor de cabeça.
" O que é que tu estás aqui a fazer? " Interroguei-o, realmente confusa com aquela situação toda. Nem sabia como é que ele tinha entrado em minha casa. Será que ele tinha dormido lá? Será que nós-
" Tu deixaste uma nota à porta da minha casa. " A sua voz interrompeu os meus pensamentos, levando-me a querer esquece-los para sempre. Ainda assim, não conseguia compreender a explicação dele.
" Eu não te deixei nada, Andrew. " Esclareci, segura das minhas palavras, embora não estivesse realmente. De repente, tinha-me recordado do porquê de ter ido sair ontem. A minha discussão com o Andrew. O seu corpo aproximou-se do meu, como que me fazendo frente. O seu olhar mantinha-se sério e fixo no meu, os seus lábios comprimidos numa única linha devido à sua expressão duvidosa.
" Como é que tu te poderias recordar? Nem te deves lembrar do teu estado ontem à noite. " Ele atirou num sussurro.
" Também não poderias saber, visto que tu não sais à noite, tu não te divertes. " Ripostei em branco, lançava argumentos sem ter a menor certeza deles. Apenas não o podia deixar ganhar a discussão.
" Eu estava lá e não preciso de sair à noite para me divertir. " Ele continuou.
" Sim, os teus livros devem ser tão mais interessantes. " Trocei, embora as minhas palavras não fossem sentidas, fazia de tudo para tirar o Andrew do sério.
" Pára. Eu vi tudo, Jéssica. " O seu tom soou frustrado. A maneira como ele olhava para mim, fez-me perceber que algo realmente tinha acontecido.
" Tudo? " A minha voz soou insegura, não entendo ao que é que ele poderia se estar a referir. Merda. Tinha me descaído. A expressão no seu rosto mudou, ele estava chocado e pela negativa.
" Tu não te lembras. " Cada palavra que ele proferiu, saiu lenta e incrédula. Algo sério tinha acontecido a noite anterior.
" Andrew, o que é que aconteceu? " Implorei, a minha mão agarrou no seu braço assim que o vi afastar-se, mas isso não o impediu. A sua mão bateu contra a bancada, deixando sobre a mesma um pequeno papel amachucado, afastando-se de imediato, sem pronunciar uma única palavra.
Os meus dedos perderam o contacto com ele, agarrando logo o papel e desembrulhando-o, de forma a conseguir lê-lo. ' Vem ter comigo assim que acordares ' O meu olhar percorreu cada uma daquelas palavras, não as reconhecendo minimamente. Nem pareciam ter sido escritas por mim.
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Stalker ✧ H.S #Wattys2016
Teen FictionSe a memória te falhasse, do que é que te lembrarias? https://www.youtube.com/watch?v=H5ToEKi2q-g