Quando a vida se torna cinza

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Notas iniciais: Fanfic desenvolvida inteiramente para o desafio InkDisney com a música Cores do Vento, do filme Pocahontas.

Aviso: Angst, depressão e menção ao suicídio.

Dedico essa fic a minha lindissima irmã - e beta - que me fez ver o mundo com cores <3.


Quando a vida se torna cinza

Existiam inúmeras coisas das quais eu poderia ter desistido.

Eu já tinha desistido dos meus sonhos. Desde os sonhos infantis em salvar pessoas até os sonhos de escrever livros. Mas o mais doloroso fora a desistência do piano por capricho de meu pai.

"Vai viver do que com música?"

Eu que escutei tal frase tantas vezes, pois deveria ser alguém melhor, ser o orgulho da família, a superação de meu pai e, acima de tudo, o investimento para assumir a presidência do Grupo Ozai.

Perfeição se tornara meu sonho, porque era assim que as coisas deveriam ser quando se tratava de mim. As minhas notas deveriam ser impecáveis e o primeiro lugar da turma não era nada mais, nada menos do que minha obrigação.

A escolha do curso de graduação nunca coube a mim.

"Seu futuro já foi definido."

A minha postura diante de pessoas também deveria atingir a perfeição de uma pessoa muito bem instruída, simplesmente porque, eu era definido por como as pessoas me viam.

Existiam muitos olhos sobre mim. Tantos, que dormir se tornou muito pesado com o tempo. Os pesadelos sempre tão constantes, as inseguranças tirando o sono.

Ah... eu me lembro de todas as madrugadas em claro.

Lembro que escrevia tentando amenizar a dor, em hipótese alguma eu poderia liberar de outra forma. Porque o corpo não era meu, a vida não era minha e a gratidão em existir pela gentileza de quem me criara deveria refletir em mim todos os dias.

Em todas as falas, em todos os atos, em absolutamente tudo...

Mas meu corpo cansou de viver uma mentira, cansou de corresponder a todas as expectativas que jogaram em mim. Eu me esgotava com um simples levantar da cama e deixava de fazer as coisas mais básicas que um ser humano faria em modo automático.

Eu devia ter lutado mais...

Me vi inúmeras vezes sem saída e aceitei por um tempo o que o destino traçou para mim. Porém, era tão doloroso ser cinza e mais ainda conviver com toda a dor. Só existia uma única saída para mim e eu a abracei.

Eu desisti da minha vida.

[...]

Acordar em uma cama de hospital definitivamente é a pior das situações.

Notei pelo tecido já tão conhecido das roupas que os pacientes eram obrigados a utilizar. O quarto individual dava indícios que eu estava ali a dias.

Minha cabeça doía como nunca, assim como meus braços pelas agulhas que conectavam a algum medicamento. Só que haviam muitas marcas além das que eu mesmo tinha feito na minha pele, tudo porque muitos funcionários detestavam pacientes suicidas e o tratavam da pior forma possível dentro de hospitais.

Eles acreditavam que tal tratamento me faria nunca mais voltar ali, o que eles não entendiam é que eu não estava ali por capricho. Porque não era minha primeira vez ali, só não contava que voltaria a mesma trágica situação.

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