Capítulo 08

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VANESSA

Recuperada de tudo que passei, aos poucos retornei a minha rotina habitual sem contar nada a ninguém, no fundo ainda tenho medo e principalmente vergonha por tudo que passei, não me orgulho do que aconteceu. Dia após dia eu não fui capaz de superar, apenas arrastei para um canto escuro da minha mente e deixe o tempo passar, retornei para meu emprego e para o convívio de minha amigas, para todos apenas menti dizendo que precisei passar uma temporada com meu tio que estava doente, ainda bem que ninguém buscou a fundo sobre nada.

Agora estou desperdiçando mais um dia de minha vida trancada no estoque mofado onde eu trabalho, há dois dias tento em vão encontrar o problema no fluxo do caixa da loja. Não consigo ver onde está o erro, pois várias notas fiscais e comprovantes de pagamento dos clientes estão aqui, contudo as contas bancárias não batem, é como se a cada quinzena o dinheiro simplesmente vira pó na ventania. Nem o rastreio bancário está trazendo luz para meus olhos. Cansada de tudo isso seria insuficiente para me descrever neste momento.

Ah! Que saudade eu tenho de relaxar com minhas amigas. Há dias apenas trocamos mensagens para atualizar nossa amizade. Foram muitos contratempos que surgiram como meu trabalho que quase não me permite respirar fora da loja. Estou louca para ser arrastada a qualquer lugar pela Lunna, nem que seja para dentro das confusões que ela sempre se mete, é impressionante como alguém tão pequena pode se meter em tantas situações inenarráveis, mesmo assim, no fundo, eu admiro a grande vontade de viver a vida que ela tem e não perde nenhuma oportunidade, nem que seja para passar qualquer tipo de raiva. A invejo, gostaria de ter nascido com essa coragem, não que seja desprovida de tal qualidade, mas percebo que a que tenho uso exclusivamente para resolver pepinos trabalhista, só que eu queria mais, gostaria de ser tão maluca quanto Lunna ou tão liberta quanto Larissa.

— Vaneessaaa. — desperto de meus desejos quando o maluco do meu chefe berra meu nome.

Para evitar maiores inoportunos me apresso para chegar na sala dele antes do segundo grito.

— Pois sim senhor Júlio.

— Estava escondida onde? Te pago pra mostrar serviço e não brincar de pique-esconde.

— Não estava brincando. — me defendo — Como sempre estava no estoque refazendo a contabilidade do mês.

Estranhamente percebo um olhar tão questionador no meu chefe, um misto de incertezas e talvez medo. Mas por que ele teria medo relacionado à sua própria loja?

— Que seja. Bom saber que alguém ainda dá o sangue por seu trabalho, diferente dessas subalternas que irão conhecer o olho da rua a qualquer momento se não alcançarem suas metas. — conclui com seu tom costumeiro de insatisfação direcionado as vendedoras. Como sempre o homem é um tirano maluco — Só vá embora depois que terminar tudo Vanessa, mostre o quanto você é a minha melhor funcionária.

Sem chance de argumentação, o baixinho carrasco vai embora deixando para trás várias funcionárias iradas com sua conduta, inclusive eu. Antes que minha boca proferisse um belo xingamento extrapolando minha boa compostura, meu celular vibra em meu bolso.

*****
Lunna:

Miguxas, happy hour hj a noite?
Por minha conta

Saudades de vcs...


Larissa:
Quem é vivo uma hora aparece. O que estava aprontando sua vaca??

Vc quando some eu já espero pelo cheiro de fumaça kkkk


Eu:
Boa Lari, essa Lu está sempre aprontando


Lunna:
Meu Deus, que credibilidade é essa que eu tenho com vcs duas??

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