Capítulo 05

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Três anos há trás...


HEITOR

Já fazem mais de vinte minutos que estamos em completo silêncio dentro do meu quarto, e mentalmente estou me questionando por que a trouxe para cá. Eu poderia alugar outro quarto e mantê-la sob vigilância de um dos soldados, porém, algo instintivamente está martelando no fundo da minha cabeça. Eu preciso ficar perto dela e ela de mim. Não faço ideia de onde estou tirando essas maluquices, nunca fui assim na minha vida, perdendo tempo com frescuras.

Olhando por uma ótica fria e calculista poderia ser apenas atração sexual, no entanto, essa menina é pequena demais, nova demais e eu sempre preferi mais curvas e mais tamanhos. Menos de vinte minutos em minhas mãos e ela jamais irá se recuperar de mim.

— E-e-eu estou com dor, teria algum comprimido pra me dá? — sua voz suave e olhar amedrontado me chama mais atenção do que as palavras que ela acabou de pronunciar.

— Onde dói? — questiono me aproximando da moça.

— Na verdade, seria mais rápido te responder onde não dói. Eles me acertaram bem em cheio.

— Por que estava apanhando deles moça?

— Exatamente como vocês, eles haviam me confundido com minha irmã e por mais que tentei argumentar ou negociar eles preferiram usar de força bruta. Seja lá o que Suellen tenha feito, eles estavam muito obstinados em se vingarem.

— Deve ser um grande fardo ser a cara de outra pessoa.

— Sim. Nunca foi fácil conviver com as comparações que nossa mãe fazia. Eu era sempre a errada e excluída.

— Te entendo. — concluí pesaroso, não que fosse gêmeo de Arthur, mas quando sentia o quanto meu pai nos comparava e direcionava seu amargor apenas a mim era difícil aceitar ter um irmão.

Me afasto dela para procura algum analgésico e principalmente para dar fim a nossa conversa antes que tome rumos inesperados. Não era certo conversar ou manter qualquer tipo de intimidade com a prisioneira. Pelo menos não até que ela realmente se mostrasse ser inocente, já vivi muita coisa nessa vida e sei que mulheres podem ser capazes de muita coisa para ludibriar um homem. Mas a cabeça de baixo fala mais alto do que a de cima e indo contra todas as regras da máfia pego alguns comprimidos que estavam em minhas coisas e para piorar ainda mais minha situação, não consigo evitar de ser complacente com ela.

— Tome um banho primeiro, depois lhe darei um analgésico e um anti inflamatório, vai te ajudar a melhorar um pouco.

De forma obediente e rápida ela segue para o banheiro e passa uma eternidade lá dentro. Nunca vou entender o que tanto uma mulher tem para fazer dentro do banheiro. Será que elas também batem punheta debaixo do chuveiro? Se bem que punheta não deve ser a palavra certa. O que será que elas fazem?

Depois dessas sandices não tenho mais tanto tempo para pensar em asneiras. Logo vejo Selena saindo vestida apenas com uma camiseta minha, e pelo fogo do inferno se não é a porra mais excitante que já vi na minha vida.

— Me desculpe por isso, mas minhas roupas estavam sujas demais e essa blusa parece limpa. Juro que não tenho costume de roubar camisetas. — ela diz com um sorriso singelo nos lábios e tentadoramente envergonhada.

— Tudo bem, — respondo embasbacado — ficou melhor em você do que em mim. Está com fome?

Mas que merda estou fazendo? Onde já se viu um bandido perigoso como eu perdido em palavras só porque estou na frente de uma ninfeta que parece ser gostosa como o caralho. Deus queira que tenha pelo menos uma calcinha por baixo dessa camiseta.

Destinos CruzadosOnde histórias criam vida. Descubra agora