1. MARIA

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Cresci assistindo meu pai violentando minha mãe de diversas maneiras, todos os dias quando ele chegava da rua embriagado xingando, gritando, fedendo a cachaça e feroz como animal selvagem atacava.
Uma certa noite eu não suportava ,mais ver a mulher que me gerou ser tortura e reagi.

-Não bata em Mainha!
Ela é sua mulher seu MONSTRO.

painho me olhou furioso e me deu um soco no rosto de imediato desmaiei.

Acordei com uma dor muito forte na cabeça, senti Mainha perto de mim e o sentimento de preocupação era recíproco abri meus olhos e infelizmente a visão que eu tive me marcou ela estava cega do lado direito, a face inchada roxa , lábios e dentes partidos,o olhar triste, vazio e vermelhos ensanguentados.
Chorei muito ,me culpei diversas vezes.
Ela me acolheu toda frágil, machucada até alma e disse que me amava.

- (Sussurei) Vamos fugir Mainha!
-Para onde filha? Não temos nada!

O silêncio veio ficamos abraçadas e paradas por horas.

A solução veio aos meus 17 anos fui morar com Ricardo Homem maduro, trabalhador, gentil , educado , generoso com todos a sua volta.
Parecia um sonho no começo depois virou meu pesadelo. Ser tornou ciumento nenhum rapaz podia falar comigo, eu não podia usar roupas curtas ,fui proibida de sair de casa até para visitar Mainha.
Fugia para ficar com ela e aliviar minha preocupação, fui descoberta por Ricardo e pela primeira vez ele me bateu.
Não tive reação nenhuma fiz silêncio.
A violência continuou desta vez ele atacava a minha auto estima , me chamava de feia , críticava os meus cabelos crespos e o meu corpo.
Eu ficava trancada em casa sem puder sair , criei coragem e reagi.

-Eu não quero viver assim Ricardo ,sofrendo...
Minha mãe precisa de minhas visitas e você sabe de tudo.
Você mudou muito!

Ele me olhou indiferente me deu uma tapa na boca que o sangue desceu , fiquei revoltada e partir a boca dele com um soco , neste dia eu fui espancada e fugi para delegacia onde o delegado riu de mim dizendo:

-Em briga de marido e mulher não se deve meter a colher.

Fui embora com peito cheio de rancor a procura de outra delegacia tive o atendimento respeitoso e a polícia foi prender Ricardo em casa.
Quando chegamos ele se jogou no chão dizendo que me amava e que nunca ,mais iria me bater.
Besta que sou retirei a denúncia, conversamos e recebi a autorização dele para puder ver minha mãe alguns dias, o ciúme continuava.
Engravidei foi uma felicidade e quando completei 4 meses , Mainha morreu foi tão dolorosa para mim que terminei perdendo meu filho também.
Partes de mim havia morrido, me tornei lágrimas, dor, luto e saudade.
Ricardo me procurava na cama por meses , meu sofrimento não passava.
A insistência dele em me tocar contra a minha vontade me causava nojo fui abusada sexual, após o ato vomitei tanto me sentia indefesa , triste , suja e vazia por dentro.
Ele ficou desemprego , mais agressivo e se jogou no álcool.
Reagi novamente não quero apanhar e depois ele dizer que me ama e que não vai acontecer de novo.
Fui puxada pelos cabelos até a cozinha e vi a oportunidade de me defender tinha uma faca na pia.
Quando ele me soltou corri em direção a pia puxei a faca furei ele nos braços e na barriga, limpei sangue do meu corpo na cozinha procurei meus documentos, peguei poucas roupas , roubei todo dinheiro que ele tinha guardado que não era muito por sinal.
Eu desejava sua morte infelizmente!
Ele gritava ensanguentado no chão:

-Sua vagabunda eu vou te matar ,não adianta fugir de mim. Conheço você vou te achar no INFERNO.

Sai de Feira de Santana direto para Salvador, mesmo sem ter onde morar.
Estou disposta a trabalhar e mudar minha vida e enterrar o meu passado.

Busco forças para continuar e a cura para minhas feridas externas e internas!






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