5. Salvador BA - Encontro

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Minha chegada a Salvador a chuva já havia cessado o tempo estava apenas nublado e frio.  Este lugar me traz uma sensação agradável o cheiro das comidas baianas , as cocodas , a movimentação e intensidade de pessoas um sobe e desce constante transmitindo felicidade.
Eu estava ali diante da rodoviária da cidade cheia de preocupações, receios, coragem e um pouco perdida por não ser minha primeira vez aqui neste lugar pedi informações onde fica a delegacia, prestei a denúncia a delegada entendeu meus motivos e disse que eu estaria protegida me alertando que se ele aparecer e tentar algo contra mim tenho que retornar à delegacia.
Perguntou onde eu estava hospedada falei a verdade que não tenho parentes e tão pouco lugar para ficar.
Ela disse que não havia vagas no abrigo e me colocou em uma lista de espera, peguei os papéis gerados pela denúncia, fui direcionada a uma clínica fiz um tal de exame chamado de corpo delito e foi comprovado a agressão contra mim no atrás da olhar meu corpo cheio de sinais da violência.
Tinha pouco dinheiro na minha mochila me alimentei com uma  Acarajé recheada com vatapa, caruru , camarão,salada vinagrete e pimenta.
Matei a fome com uma refeição maravilhosa comi tanto chega a barriga ficou pesada, observei a movimentação havia gente trabalhando em barracas de frutas outros com isopor vendendo picolé e geladinho, uns catando alumínio,plástico e papel recicladores, moradores de rua de diferentes idades de crianças a idosos,vi alguns assaltos e fiquei atenta descansei por quase 1 hora.
Tomei atitude pedi informações a comerciantes locais sobre lugares hotéis baratos para alugar e descansar.
Me indicaram um cortiço pequeno,tumultuado muito utilizado pelos vendedores ambulantes e alguns moradores de moradores de rua.
Localizado na Madeireira pertinho da rodoviária fui a pé consegui a alugar o quarto para dormir
guardei os 46 reais que havia me sobrado naquele noite tomei um banho e fui descansei naquela cama.
Acordei cedo com vozes altas , barulhos de objetos sendo arrastados dentro do cortiço indicando que o pessoal está a caminho do trabalho.
Coloquei os pés na rua em busca de trabalho expliquei minha situação e todas respostas foram negativas , andei tanto que parei na parte empresial de Salvador os prédios grandes luxosos lugares que tive minha entrada proibida.
Peguei um ônibus e desci na Sete Portas lugar conheci a feira me disponibilizei a trabalhar novamente e obtive sempre a mesma resposta caminhei até o viaduto da Barroquinha perdida lugar cheio de moradores de rua, drogados , bêbados e fui assaltada levaram minha mochila meus documentos, roupa e dinheiro.
Pedi ajuda a um policial ele não fingiu que eu não existia.
Caminhei a Baixa dos Sapateiros e cheguei ao Pelourinho lugar incrível chão de pedra, casas coloridas, o som dos tambores , as rodas de capoeiras , o cheiro da comida regada ao azeite de dendê,as lojas ,as igrejas , as vozes dos moradores locais , os turistas por todo lado , por momento eu havia ficado tão encantada com a beleza que desconectei dos meus problemas, cheguei até o Elevador Lacerda daquele muro eu enxergava a Cidade Baixa por completo.
O deslumbre acabou quando eu estava na Ladeira da Montanha ao lado do elevador desci e vi prostituição, drogas e muitos bêbados.
Estava sendo machucada pelo sol que me queimava minha pele,as pernas doíam de tanto andar , a fome e a sede meus pensamentos me atormentavam.

O que será de minha vida daqui por diante?

Caminhei entre as barracas de frutas e pedi por comida veio um rapaz me tocando dizendo que me daria até o mundo , me tocou com as ásperas e um olhar como se eu fosse um pedaço de carne lembrei do infeliz do Ricardo e seus abusos eu queria fugir dali pensei em dar um chute entre suas pernas, porém a fome não me permitiu coloquei limites fechei o cara cruzei os braços ele ficou sem graça no mesmo instante,me entregou uma sacola com 2 maçãs, 4 bananas , 1 goiaba grande ,2 tangerinas e 1 Manga Rosa.
Agradeci com tom de voz grosseiro demonstrando minha insatisfação com aquela abordagem escrota.
Procurei por um lugar com sombra distante daquele sujeito nojento.
Comi a goiaba, 1 banana e a tangerina serviu para me refrescar.
Do local onde eu estava  tive a visão azul do mar da Bahia parecia infinito,calmo e sagrado.
Me levantei e caminhei sem rumo desta vez não li as placas com nomes de ruas , não pedi informação minha mente estava cheia de dores ,perdas e feridas , me segurei para não chorar preciso ser forte.
O desespero me tomava por completo queria gritar feito uma louca, descarregar meu ódio no mundo, me sentia culpada por tudo que havia me acontecido.
Este trajeto me fez aumentar essa sensação o assédio.

-Gostosa.
-Tesão.
-Se eu te pego , te lasco toda.

Assobios, Buzinas e os olhares que penetravam na minha carne me trazendo revolta , nojo e medo.
A noite chegou e a saudade de Mainha só aumentava, pensamentos perturbadores me rondam, minha vida não fará diferença ou falta a ninguém!
Chego a praia deserta deito na arreia por horas e fico olhando as estrelas tenho crises de choro , grito algumas vezes como se estivesse pedindo socorro a solidão me permite a tomar uma decisão de por um fim neste sofrimento.
Abandono a sacola de frutas na arreia e me jogo no mar tendo a certeza que naquele instante seria meu fim e que me encontaria com minha mãe, a maré estava alta e revoltada.
Vou em direção a morte sentindo a água fria envolta de meu corpo e fato não sei nadar então seria rápido.
As ondas batiam em minha face e o sal me cegava , a água entrava por minhas vias respiratórias me causando grande desconforto eu levantava os braços de forma involuntária apaguei.
Acordo com de 1 menino e 1 homem na arreia desesperados comigo.
-Ela está viva ?
-Ela consegui sobreviver,salvamos ela!
Eu olhava confusa sem entender. Quem era aquelas pessoas?
E onde eles estavam que para ter conseguido me salvar?

O frio consumia cada parte de meu corpo.

O menino ficou desesperado em me ver treme com a baixa temperatura.
Eles começaram a sussurrar entre eles desesperado, o menor começou  retirar minha roupa molhada me deixando apavorada e o homem falou algo comigo porém não entendi diante do pânico e o frio.
O homem tirou o casaco e caiu uma arma na arreia meu coração quase saiu pela boca meu corpo não respondia meus comandos ,continuou a se despir ficou sem a camisa , calça, sapatos e meias.
Ele ficou apenas de cueca tinha um corpo forte já homem e o menino franzino aparentava ter uns 12 anos.
Pensei que eu seria abusada novamente , eles me vestiram com aquelas roupas com muito respeito e cuidado.
O homem me carregou e o menino pegou a arma no chão e eu desmaiei.
Acordei com eles me olhando dentro de uma lugar que parecia estar abandonado por anos e uma lata grande pegando fogo.
Minha cabeça parecia que iria explodir , meus olhos e nariz ardiam como se estivessem feridos.

-Qual o seu nome moça?

Respondi com certa dificuldade: Maria

Eles perceberam as minhas limitações naquele momento.

-Maria eu me chamo Pedro ele se chama Mestre fique tranquila nos te salvamos do afogamento.
-Descanse ,vamos te ajudar até você melhorar!






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⏰ Última atualização: Jun 26, 2018 ⏰

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