Capítulo 4

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- Eu vou sentir sua falta! - foi a décima vez que o Diogo me disse isso só hoje. Nós estávamos sentados em um banco em frente a minha casa, e logo mais eu iria embora.

Se eu queria ir? Por um lado sim, eu queria conhecer pessoas novas, enfrentar novos desafios. Mas eu temia ir, porque teria que deixar para trás as pessoas que amo.

E só de pensar nisso, me partia o coração. Mas acredito que essa mudança seria necessária.

Quando contei ao Diogo a minha verdadeira história, ele ficou tão surpreso quanto eu. No começo foi difícil fazê-lo acreditar, mas ao fim ele acabou acreditando. E é claro que ele não deixou de fazer suas piadinhas.

Eu estava com medo. E acho que ele percebeu isso quando me puxou para um abraço. Eu enterrei meu rosto em seu peito, e me permiti chorar. Enquanto ele acariciava os meus cabelos.

- Vai ficar tudo bem. - foi o que ele me disse - Mesmo estando longe, eu estarei sempre ao seu lado.

Me desprendi de seu abraço e olhei para ele.

- Eu não sei o que seria de mim sem você.

- Eu também não... - eu sorri quando ele disse isso -  Também não saberia o que seria de você sem mim. Sou legal demais!

Eu dei um soco no peito dele e comecei a rir da careta que ele fez.

- Você é muito chato! Mas consegue me fazer sorrir até mesmo nos momentos difíceis. Por isso você é meu melhor amigo.

Ele sorriu pra mim, e me abraçou novamente.

- Você precisa lavar o cabelo!

- Diogo!

- Tá bem, parei.

Algumas horas mais tarde, a agente Mcflayer veio me buscar em uma van preta.

Mamãe chorava muito com minha partida, e eu também.

- Minha filha, eu vou sentir muito a sua falta - dizia isso, em meio lágrimas, abraços e beijos. - Eu te amo muito, muito, muito!!! Ah, e não se esqueça de tomar banho todos os dias, escovar os dentes...

- Mãe! Eu sei disso tá - ela continuava falando, me dando inúmeras recomendações típicas de mãe.

- ... Se alimente bem também! Ah Meu Deus, eu não acredito que você vai embora! - dizia, me apertando cada vez mais em seus abraços.

- Dona Marta, eu não vou embora pra sempre, em breve nos veremos...- eu mal sabia, que eu estava completamente enganada.

- Podemos ir? - a agente Mcflayer perguntou

- Espere só um instantinho, meu amigo saiu e disse que voltava para se despedir, mas até agora ele não voltou.

- Nós temos cinco minutos! - ela disse.

Que droga Diogo! Por que ele teria que demorar logo agora?

Os cinco minutos se passaram e nada dele chegar.

- Glória, é sério, nós precisamos ir agora!

Dei um último abraço em mamãe e entrei na van. Meus olhos começaram a ficar marejados. Eu estava triste. Meu melhor amigo não veio me dar um abraço de despedida.

De repente escuto barulhos vindo de longe.

- ESPERA!!! ESPERA!!!

Olho pela janela e vejo o Diogo correndo feito louco. Imediatamente eu pedi que parassem a van. Eu desci, e fui correndo ao seu encontro abraçando-o.

- Seu idiota! Por que não chegou antes? - percebi que ele estava com uma mochila nas costas - Para onde você estava indo?

- Glorinha! Glorinha! Você achou mesmo que eu deixaria você ir embora sem mim? - ele olhou em meus olhos procurando alguma resposta. - Se você pensou isso, estava terrivelmente enganada!

- Não entendi.

- Eu vou com você!

- Como? Você está falando sério?

Não deu tempo ele responder, porque a agente Mcflayer apareceu na porta e gritou:

- Se vocês não entrarem nessa van agora, eu repensarei na ideia de seu amiguinho ir conosco!

- Eu te explico no caminho. - ele disse antes de entramos na van.

Eu fiquei extremamente feliz com isso.

- Vai, fala logo! - eu disse, ansiosa em saber como ele conseguiu convencer a agente Mcflayer em deixá-lo vir.

- Um garoto lindo e charmoso como eu consegue tudo o que quer... - revirei os olhos. - É brincadeira, eu só disse a ela que talvez a minha presença seria necessária e ela concordou. Foi mais fácil do que eu pensei. - ele disse vitorioso.

Algumas horas mais tarde, a van saiu da avenida principal e entrou em uma estrada de chão que ia direto para uma floresta.

A van parou em uma clareira onde tinha uma enorme pedra, e um regato passava ali perto.

- Chegamos! - foi o que a agente Mcflayer disse.

- Como assim chegamos? Aqui não tem nada! - me pronunciei.

- Só porque você não vê, não significa que não exista. - dizendo isso, ela se aproximou da rocha pondo sua mão sobre ela, e como num passe de mágica uma porta surgiu.

Eu fiquei pasma. Até esfreguei meus olhos para ter certeza do que eu estava vendo.

- Você também viu isso, não viu? - Diogo me perguntou. E eu apenas assenti com a cabeça.

- Aqui fica nossa base. Ela é subterrânea e totalmente secreta. Temos um campo magnético num raio de um quilômetro ao redor de toda base. Que impede qualquer tipo de localização. Então para qualquer pessoa que não saiba da existência da base, ela sequer existe. Nem mesmo um satélite dos mais sofisticados conseguiria localizá-la.

Eu ouvia tudo atenta, aquilo era surreal. Acho que o Diogo pensava o mesmo que eu, pois olhava para ela boquiaberto.

- Vamos, entrem! Não temos todo o tempo do mundo. - ela disse.

Aquela porta dava para um pequeno elevador, que dava acesso a base. A agente Mcflayer nos entregou umas pulseiras e pediu para que pudéssemos colocá-las.

- Essas pulseiras são as suas identificações. Não tire elas nunca. Elas são resistentes à poeira, água e ao fogo. Nelas possui rastreadores, que são capazes de encontrar vocês em qualquer lugar do mundo. E algumas coisas a mais.

As portas do elevador se abriram, e deparamos com um imenso corredor, e no final dele havia uma pequena porta.

- Nós temos algumas medidas de segurança. Então qualquer coisa que vocês tenham, e que sejam proibidas pela base, serão deixadas aqui.

Enquanto caminhavámos, aparecia nas paredes imagens de coisas que eram proibidas. Eu não tinha nada. Já o Diogo... Ele tinha trago seu celular e um canivete. Isso mesmo, um canivete.

- Agente Mcflayer, deixa eu levar ao menos meu canivete, POR FAVOR! - ele implorava  - Ele é meu xodó!

- Se você não deixá-lo aqui, você não poderá entrar.

Depois de muito insistir, ele acabou desistindo. A agente Mcflayer caminhava um pouco a nossa frente. Quando chegou em frente a porta ela parou.

- Ah, e antes que eu me esqueça. Aqui na base não precisamos de tanta "formalidade". Podem me chamar de Sylvia, é o meu primeiro nome.

Dizendo isso, abriu a porta e nos deu passagem. Eu respirei fundo e entrei.

O que eu vi era simplesmente inacreditável...

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Antes Que As Estrelas CaiamOnde histórias criam vida. Descubra agora