Último dia normal

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Acordo com a leve sensação de ter sonhado

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Acordo com a leve sensação de ter sonhado.

Meus olhos estão ardendo irritados. E tem algo molhado no meu rosto... Lágrimas?

Então tive aquele sonho novamente. É o terceiro do mês. Sempre a véspera do meu aniversário, tenho esse sonho estranho. Um sonho do qual não me lembrava nada depois. Mas de algum modo sabia que no sonho estava minha outra mãe. Trato de limpar o rosto antes que o professor de Biologia ligasse as luzes depois de passar um filme super chato sobre o reino animal. Principal motivo de eu ter pego no sono no meio da aula.

- Você dormiu tão pesado que roncou, Kate. - brinca Hellen, minha melhor amiga, enquanto caminhamos pelo corredor da escola. - Toda a sala escutou.

- Que vergonha. - meu cabelo vermelho cai sobre meu rosto, enrolo meu dedo numa mecha. - Espero que o professor não tenha escutado.

- Ele não escutou. - ela se aproxima e sussurra no meu ouvido - Dizem que o Sr. Turner tem problemas de audição.

- Não brinca com isso, Hellen!

- Haha, desculpe. Então... Com o que você estava sonhando? - olho para ela surpresa e ela diz - Era óbvio. Foi com algum garoto?

- Ah, não. Nada de mais... Só com a minha mãe.

- A Betty?

- Não... - pauso tentando decidir se conto ou não. - A outra.

- Oh. Entendo.

Hellen olha para mim preocupada. Ellie sempre foi uma amiga alegre, descontraída e também muito madura as vezes. A salvação para alguém tão estranha como eu, que não tem amigos. Ellie sabia tudo sobre mim. Sobre eu ser adotada, sobre ter morado no orfanato da igreja, sobre ter sido abandonada por uma mãe, a qual não me quis, e muitas outras coisas banais.

- Você não se lembra de nada novamente, não é? - ela advinha.

- Não. Sempre é assim, você sabe. Eu acho que tenho que parar de ter sonhos com alguém que me abandonou.

- Bom... Você realmente não sabe se sonhou com ela mesmo. Pode ter sido só um projeção do seu desejo de conhece-la.

- Eu não desejo conhece-la, Hellen.

- Mas deseja encontra-la para saber o motivo que a deixou. Deve ser bem difícil não saber por que. Eu te conheço bem, senhorita Kate.

Concordo com a cabeça e sorrio. As vezes Hellen se mostrava sábia apesar da idade dela.

O resto do dia passou rápido e logo as aulas acabaram sem nada de interessante acontecer. Mas hoje é está um dia muito bonito para ser chata e ,apesar do que ocorreu de manhã na aula de Bio, meu humor melhorou um pouco. Meus pais estão me esperando em casa para me abraçarem e beijarem sua filhinha já moça. Afinal amanhã, sábado, será meu aniversário de 17 anos. Pode ser estranho uma garota, antes órfã, saiba o dia em que nasceu sendo que não sabe nem quem é sua mãe biológica. Na verdade foi somente isso que foi deixada na cesta onde as irmãs do orfanato me acharam. Um bilhete dizendo: "O nome dela é Katherine nasceu em 24/06". Aparentemente eu tinha dois anos. Ela esperou dois anos para cuidar de mim e durante todo esse tempo não chegou a me amar o suficiente para ficar comigo. Tento compreender essa mulher e entender seus motivos, mas não consigo. Só sinto magoa. Eu tinha dois anos.

DESCENDENTE - Saga Filhas de MariaOnde histórias criam vida. Descubra agora