05.2 Dois passos a frente

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A verdade está escondida nos seus olhos
E está pendurada na sua língua
Apenas fervendo no meu sangue
Mas você acha que eu não consigo ver
Que tipo de homem você é?
Decode | Paramore

MAXINE WOODS

Combinei com Chace e Michell do outro lado da reserva, próximo ao píer e as balsas locais. Bons longos metros distante de onde acontecia a festa, onde a música era abafada e só havia o silêncio da noite e a luz que vinha fraca dos postes distantes. Eu estava sozinha em toda aquela imensidão que separava um ponto do outro. Uma mensagem já tinha sido enviada para Michell, que respondeu prontamente, garantindo-me já estar por perto. A adrenalina fervia dentro de mim. Em minha mente, a expectativa formava várias cenas piegas de um filme onde Chace era surpreendido, algemado e arrastado até a viatura. Podia vê-lo me lançar aquele olhar, o olhar de raiva, o olhar tempestuoso que só seus olhos possuíam. Me via ligando para Jonathan e dizendo que a justiça foi feita, que o agressor de meu irmão pagaria pelo que fez e mesmo que isso não apagasse as consequências na vida de Carter, já nos daria certo alívio.

Minutos depois, escutei alguém se aproximar. Tentei não parecer ansiosa e vesti a minha melhor máscara. Kelland vinha em minha direção pelo caminho de pedras que levava ao píer, afrouxando tranquilamente os botões do pescoço de sua camisa social cinza-escuro.

O desgraçado estava mais bonito que o normal naquela noite.

— Woods — ele cumprimentou.

— Kelland.

Ele me avaliou quando já estava perto demais. Seus olhos percorreram minha blusa apertada, desceram pela calça preta e as botas de salto médio, e então voltaram ao meu rosto.

— Pensei que você não pudesse ficar mais linda, mas acho que me enganei.

Revirei os olhos.

— Estou te esperando há um tempão naquele matagal.

— Não curtiu a festa da reserva? — questionou com cinismo.

Meus lábios se abriram para uma resposta, no entanto meus olhos fugiram para o movimento sutil da viatura que apontava um pouco distante de nós. Minha boca se fechou. Meus ombros ficaram mais leves. Eu estava a poucos minutos de arrancar aquele seu maldito sorriso bonito.

— Não vim para curtir nenhuma festa. — Retirei a mochila dos ombros e observei novamente a viatura. Michell também me viu e quando começou a caminhar em nossa direção, meu peito pareceu pequeno demais para suportar meu coração que batia frenético.

— Precisa relaxar, Woods. Esfriar um pouco essa cabeça. Relaxar faz bem, faz a gente pensar direito, faz a mente ficar mais limpa, evita fazer algo que possa se arrepender depois...

Estreitei meus olhos em sua direção.

— Obrigada pelo conselho. Vindo de você eu vou considerar muito sim. — Estiquei a mochila em sua direção. — É toda sua.

— Está com tudo aí? As drogas, o dinheiro?

— Claro, nada disso aqui me interessa, ainda tem o sangue do meu irmão nessa coisa. — Me aproximei dele, ganhando tempo. Michell já estava perto o suficiente.

Chace não tomou a bolsa de minhas mãos, mas seus olhos permaneceram fixos em mim. Seu maxilar se moveu lentamente como se ele estivesse ficando nervoso.

— O que você quer de mim não é uma resposta sincera, Woods. Não importa o que eu diga, não importa quem eu acuse em meu lugar, vai continuar tendo a certeza de que eu sou o culpado porque a tua certeza é a que vale. Você me pede a verdade, mas não me escuta.

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