Capítulo 4

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P.o.v Lica

    Assim que cheguei na sala travei em um primeiro momento, mas quando percebi que meu pai não havia notado minha chegada acordei e tomei a postura mais dura que consegui.
  -O que você quer?
    Ele assustado se vira e vem na minha direção
  -Filha!
    Quando está a no máximo quatro passos de mim eu o paro
  -Para, não chega perto.
  -...
  -O que você quer?
  -Eu quero falar com você
  -Você ta, o que você queria dizer
  -Eu quero me reaproximar de você
  -Eu não. Pronto problema resolvido tchau.
  -Você não tem o direito de falar assim comigo!
    Ele levantou um pouco a voz e fechou as mãos em punho, logo em seguida percebeu que me encolhi e desfez a postura.
  -Me desculpe filha, eu fui um péssimo e quero poder consertar isso.
  -E eu quero que você vá embora.
  -Filha por favor...
    Ele tentou se aproximar novamente, e eu me afastei mais, levantando o braço quando sua mão veio em direção ao meu punho.
  -Por favor? Você acha que tem o direito de me pedir alguma coisa depois de tudo que me fez passar? Você acha que tem o direito de vir até aqui, sabe-se la deus como descobrir o endereço da casa de um amigo meu que eu to ficando tentando me proteger de você, eu não acredito nem na sua cara de pau de vir até aqui, agora me pedir alguma coisa como se eu devesse isso a você ultrapassa limites que eu não sabia que você seria capaz de ultrapassar!
  -...
    Tanto ele quanto Guto estavam chocados com a minha reação, mas foram anos vivendo sob as torturas dele, foram anos vivendo com medo dele, chega disso.
  -Eu quero que você vá embora, agora, e não quero que voltei nunca mais, se puder esquecer que um dia teve uma filha é melhor ainda, eu odeio você, não, não, eu sinto nojo de você, eu nunca mais quero que você chegue perto de mim, lembre de mim, ou venha procurar por mim!
    Era visível que ele estava tentando procurar uma maneira de sair por cima dessa situação, mas ele não conseguiria.
  -Ok, mas você vai se arrepender e quando voltar eu não vou te receber.
    E depois disso ele começou a andar em direção a porta, eu mantendo minha pose de forte, Guto chocado, e ele indo embora, quando a porta se fechou eu senti como se o mundo todo tivesse saido de cima dos meus ombros, Guto veio até mim e me abraçou, e eu comecei a chorar, um choro de alívio, um choro de paz, um choro de felicidade.
  -Lica, você é incrível!
    Aos poucos eu parei de chorar e o Guto me soltou, o resto do dia foi cheio de risadas, carinho, sossego e felicidade, assistimos alguns filmes, colocamos umas series em dia até que a noite chegou e eu voltei pra minha casa, leve como uma folha de papel, sem medo, sem preocupações, sossegada podendo pensar no futuro sem o grande peso da possibilidade do passado voltar ao presente.

As meninas do metrô - limanthaOnde histórias criam vida. Descubra agora