Eram duas da tarde e meu celular não parava de tocar. Eu só queria dormir.
-Lilo, eu juro que se não tiver um bom motivo pra estar me ligando, eu vou dar na sua cara.
-Adoro. Pode dar a vontade.
-O que você quer, viado?
-Você me magoa assim nenê.
Revirei os olhos.
-Lilo...
-Ta, tá. Lembra do Kevin? Ele decidiu que não me quer mais.
-ELE O QUE? -Me sentei, brava.
-Ele terminou comigo. Na verdade não foi um término, já que nunca tivemos nada. Mas ele... Ele disse que seja lá o que estava acontecendo era pra acabar por que ele não é gay e bla bla bla. -ele choramingou. -Eu sabia que ia me ferrar.
-Era óbvio, levando em conta que você pegou o cara mais pegador da cidade.
-Eu preciso de você. -disse. -E de sorvete.
-Vem pra cá. E traz o sorvete.
Bufou.
-Tudo eu. Eu que estou triste!
-Vem logo, inferno.
-Tá, tá. Estou aí em 40 minutos.
-Porra! Tudo isso?
-Eu tenho que comprar o sorvete, retardada.
-Que seja, vem logo.
-Tá.
Desliguei o telefone, passando a mão no rosto.
Me levantei preguiçosa e caminhei até o banheiro. Fiz minhas higienes, amarrei o cabelo num coque e voltei pro quarto.Me vesti e desci para a cozinha.
-Bom dia Rita, o que tem de bom pra comer?
-Boa tarde menina -disse rindo. -Aqui, eu fiz seu café quando ouvi seu celular.
-Obrigada, você é maravilhosa.
Comi em silêncio, mexendo no celular.
Ouvi passos e alguém me abraçando por trás.
-Boa tarde irmãzinha.
O encarei com ódio.
Ele sabe minha aversão a abraços.
Bufei e voltei minha atenção à comida.
-Eu estou saindo. Papai e mamãe foram a uma viagem de negócios e voltam sexta feira.
Dei de ombros.
-E sábado Hailie vem jantar...
Bufei.
-...Com o pai dela
Opa opa opa. Eminem?
Sorri de orelha a orelha, mas estava de costas. Ele não percebeu.
-Então, por favor, se comporta.
Gargalhei.
-Com certeza. -respondi me virando para encara-lo.
-E fique em casa.
-Ficarei. -sorri, maliciosa. -E pode ter certeza de que eu vou me comportar. Perfeitamente.
-O que está tramando? -perguntou suspirando.
-Nada. Só decidi ser uma boa irmã. -sorri inocente.
Ele deu de ombro e saiu.
Peguei meu celular e subi as escadas.
Assim que cheguei no meu quarto, ouvi a campainha.
Rita abriu a porta e Lilo entrou.
Me joguei na cama.
Ouvi passos e ele se jogou em cima de mim.
-SAI DAQUI GAROTO!
Ele se levantou, rindo.
-Eu trouxe sorvete.
-Vou pegar as colheres. Espera.
Desci as escadas correndo, peguei as colheres e voltei.
Me sentei na cama ao seu lado e ficamos em silêncio.
Olhei para o lado e ele chorava.
-Lilo...
-Não é nada, eu..
-Vem cá. -puxei seu corpo, para que ele deitasse em meu colo, acariciando seus cabelos. -Não fica assim. Você é bom demais pra ele.
Lilo se aconchegou mais.
-Eu.. eu sei amiga. Mas eu... eu sei la. Eu gostava dele. Mesmo sabendo de todos os riscos.
-Só se acalma. Isso vai passar.
Ele fungou, concordando.
-Quer ver um filme? Preciso rir. Comédia romântica, por favor!
Assenti e peguei o controle da TV.
Optamos por "barraca do beijo", aquele clichê beeeem água com açúcar, mas que todo mundo gosta.
E eu não sou diferente.
Ao acabar o filme, nos sentamos e ficamos atoa, mexendo no celular, até que a porta se abriu.
Evan entrou e ao perceber minha cabeça no ombro de Lilo, fechou a cara.
-Preciso falar com você.
-Fala.
-Vem comigo.
Bufei e o segui, murmurando um "Já volto" pro meu amigo.
Fui até o quarto de Evan, onde ele me esperava com os braços cruzados.
-O que ele faz aqui?
-Te interessa?
-Você sabe muito bem que não quero ele na minha casa!
-E você sabe muito bem que eu não dou a mínima pro que você quer.
Dei as costas, mas ele me segurou.
-Gaia eu quero ele fora.
-Ninguém liga.
Me soltei do seu braço e voltei para o quarto.
Quem ele pensa que é?
Maldito.
Lilo estava deitado, com lágrimas nos olhos.
-Ele me odeia.
-Ele é um babaca.
-Todo mundo me odeia Gaia. Eu me odeio. -ele soluçava.
-Eu não te odeio.
-Mas eu sim.
-Não deveria.
-Olha pra mim! -disse se levantando, fica do de frente comigo. -Eu sou preto, e gay. As pessoas odeiam pretos. E gays!
-Para Lilo... eu...
-Não, é sério. Umas 3 pessoas me olharam feio enquanto eu vinha pra cá. Quando centrei no seu bairro duas crianças saíram correndo pra longe, mulheres guardaram os celulares e os homens me encaravam, ameaçadores e eu juro que ouvi alguém me chamar de aberração. Eu estou cansado de ser uma aberração!
-Ei, ei! Olha pra mim. -ele o fez. -Você não é uma aberração. Você é a melhor pessoa que eu conheço! Você foi o único que me aceitou do jeito que eu sou. Você está sempre tentando ajudar todo mundo, mesmo estando fodido por dentro. Você é precioso, Lilo. Só não está passando por um momento legal.
-Eu.. Você acha?
-Eu tenho certeza.
Então ele fez algo que eu nunca imaginaria que fizesse.
Lilo me beijou.
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Be my daddy • Eminem ~CONCLUÍDA~
Fanfiction"Você pode ser meu papai esta noite, Se você está procurando o paraíso Então venha e pegue." Gaia, 18 anos, mestre em atrair confusão. Quando seu irmão mais velho assume um romance com a filha do grande Marshal Mathers, Gaia se sente traída. Então a...