Quando não pude gritar,começei a escrever.
Quem sabe aí,as pessoas se interessariam por ouvir-me?
----------------------------------------------------------A você,cujo,o homem que mudou minha vida de forma drástica.
Dedico-te essa obra e espero,verdadeiramente,que o leia.
Pois será a última vez que tocarei nesse doloroso assunto.
Naquele quarto,maldito,quarto você transformou-me de uma maneira da qual,jamais,pensei em transformar-me.
Mas você conseguiu.
Você conseguiu quando pegou-me a força,arrastou-me pelos cabelos e trancou a porta.
Você conseguiu quando tapou-me a boca,sufocou-me o grito e apertou meus braços.
Você conseguiu quando fez-me sufocar o choro,engolir o grito e colocar o sorriso.
Você conseguiu quando despiu-me a alma,os sonhos e a chama que ameava vitalícia de meu âmago.
Você apagou-me a vela em um,sutil,sopro.
Você trasformou-me,fez-me tirar a veste de menina sonhadora e obrigou-me a colocar a armadura.Enquanto que naquele ato em que seu suor passava para meu corpo até chegar ao lençol.
Você mudou-me.
Fez-me tirar a venda e me fez deparar-me com o mundo cruel em preto e cinza,pois aquele mundo colorido não existe mais.
Você mudou-me.
Quando em um canto frio do banheiro eu chorei,sufoquei o grito em meio aos meus joelhos e quando a tua filha bateu a porta soltei um "Não é nada,eu estou bem minha prima."
Tua filha,pobre menina que não sabe quem é o pai.
Você fez-me tranformar em um ser hostil,selvagem.
Sabe,é complicado relacionar-me.
Não há um dia do qual eu consiga conversar,sorrir ao deparar-me com o reflexo do qual vejo ao espelho.
Imunda.
Rótula-me,ronda-me a mente.
Culpada,suja,despedaçada define-me.
Não sei porque você fez isso,mas sei que a culpa foi minha,afinal,se eu não estivesse vestindo o vestido branco de renda na altura dos joelhos você não se sentira atentado.
Atraído.
Desculpe-me por não me portar de forma adequada quando decidi vesti-lo naquele domingo.
Mas vovô havia dado-me.
Hoje,depois de longos quatro anos em que as lâminas fazem-me companhia em momentos de desespero,ainda,não consigo lidar com a tua presença em minha morada.
Tua filha a abraço-lo.
Ou quando sou-me obrigada a toca-lo em aniversários.
Não quero,não o suporto,sinto um grande nojo por ti.
O repúdio.
Tanto quanto a mim mesma.
Confesso que não sei a quanto tempo mais irei suportar,carregar tamanho peso nos ombros.
Dor na alma e no corpo.
Quem sabe,cedo ou tarde eu crie coragem e delize a lâmina por mim,uma última vez?
Não sei.
Só sei que apesar do tempo recorrente,ainda sim,não consigo compreender o porquê de destruir-me.
O que fiz a ti?
Diga-me,por favor,exclaresa-me.
É difícil vê-lo sorrir-me nos dias de natal ou nos de Ano Novo em que tu beija minha tia e da colo a tua filha mais nova,hoje,com dez meses apenas.
Quando minha prima abraça-me e diz-me o quão importante sou para a família e você conssente a deslizar uma de suas mãos em meu corpo por debaixo da mesa e eu...
Com um sorriso gentil ao rosto.
Agradeço,mesmo que sangrando por dentro.
Só espero que quando eu me for tu pare,pense e caia em si.
Quando sentir novamente o desejo visceral de possuir uma mulher, lembra da sua filha.
Monstro
VOCÊ ESTÁ LENDO
Desabafo em linhas...
No FicciónA você que despiu minha alma,dilacerou meu sonhos e mudou-me de forma drástica... Dedico-te essa carta.