UNITED

Capítulo 1

A realidade bateu na porta de Suellen, depois que os rapazes da empresa de móveis terminaram de montar todos os cômodos do seu novo apartamento. Era oficial, a menininha do papai havia crescido e saído de casa pra valer. Na verdade tinha saído até do mesmo continente que ele.

Não que ela não gostasse da sua família, na verdade, ela os amava mais que tudo e era extremamente leal a eles, mas ela precisava sair do círculo super protetor criado pra ela, e crescer como uma pessoa normal, tomar conta da sua própria vida e ver pelos seus olhos, tudo o que sempre fora contado para ela.

E ela não se arrependia de nada, até o momento. Suspirando, ela deixou a caixa em cima do sofá recém montado e olhou em volta. Como presente de comemoração pelo seu novo emprego e a nova etapa de sua vida, seu pai lhe dera um apartamento em um dos prédios de Manhattan, com vista para o central park e a enorme selva de pedra.  

O imóvel era amplo, e reformado. As paredes pintadas de bege combinavam com os batentes de porta e janelas brancas. Tudo fora escolhido a dedo para manter um ambiente limpo, sem excessos e organizado, bem parecido com seu jeito minimalista de ser.

Entre a decoração, o tom tiffany bem claro e suave se fazia presente, alegrando o ambiente inteiramente pastel com toques de madeira. Afinal, aquela era sua cor favorita, e se não se controlasse, compraria tudo daquela cor. Seu pai sempre brincava que aquele era um azul ou verde Suellen.

Com um suspiro de contentamento, ela se aproxima da grande parede quase que completamente coberta por vidro, com uma visão de tirar o fôlego. Ela encosta o dedo na superfície fria e sorri ao perceber que aquilo era verdade, estava mesmo acontecendo. Era hora de recomeçar a viver, de um jeito novo e emocionante.

Depois de longas horas  organizando o apartamento do jeito que gostava, e guardando todas as suas coisas no lugar, Suellen finalmente conseguiu tomar um banho relaxante e se sentar à frente de seu singelo piano digital, que ficava em seu escritório, que mais parecia um estúdio de criação. Com um sorriso, ela acariciou as teclas e colocou os fones de ouvido antes de simplesmente se perder na música. Ela extravasava seus sentimentos assim, a ansiedade pela nova vida, a saudade de casa, o estranho e bem vindo silêncio ao qual nunca tinha se deparado.

Por estar tão absorta na música, não se deu conta quando seu celular começou a tocar estridentemente em cima do aparador  no hall de entrada onde tinha caído no esquecimento, depois que ela botara os pés para dentro da casa. E foi exatamente por isso que a visão da pessoa encostada na porta enquanto a observava tocar a assustou tanto.

Com um grito e por puro reflexo, ela tacou a  primeira coisa que achou na frente (um peso de papel)  na figura.

— Pelos céus, mulher! O que acha que está fazendo? - Gritou de volta uma voz forte feminina.
    Quando seu coração se acalmou, Suellen retirou os fones e apertou os olhos enquanto inclinava a cabeça observando a figura. A mulher tinha pelo menos 1,70m de altura, o corpo curvilíneo envolto por uma saia evasê de cintura alta e uma blusa com decote canoa, que marcava perfeitamente as suas fartas curvas. O liso cabelo loiro platinado preso em rabo de cavalo alto. Mas foi o rosto quadrado e os cintilantes olhos azuis como gelo que tiraram a mulher do estupor.

— Freya? - Falou ela como se não acreditasse em seus próprios olhos. — Eu não acredito nisso! Freya!

Com um grito de contentamento a pequena figura de Suellen, com 1,56m de altura, saiu do banco a frente do piano e correu até a amiga, pulando em seu pescoço em um abraço de urso. A loira ri, segurando a amiga pela cintura sem se mover um centímetro mesmo com os seus enormes e finos altos. Afinal, ela já estava acostumada com o jeito exagerado que a sua pequena amiga de infância tinha de comprimentar as pessoas.