Capítulo Seis

88 12 6
                                    


Ao abrir a porta do seu quarto, Tony teve a surpresa de encontrar Steve sentado na sua cama, aparentemente o esperando. Olhou ao redor, procurando Bucky, porém ele não estava ali.

— Onde você estava?

Tony forçou um sorriso, apavorado sem saber o que dizer. Steve arqueou uma sobrancelha, ficando desconfiado pelo comportamento estranho que Tony anda demonstrando nos últimos dias.

— Fui ao hospital. — falou calmo.

Steve seguiu seus passos, os olhos de águia estudando seu corpo e comportamento. A sua tranquilidade forçada não passou despercebida, e Steve aguardou com uma paciência invejável que Tony contasse direitinho aquela história.

— Onde esta o Bucky?

— Foi na cozinha preparar um lanche. Por que você foi no hospital?

— Eu estava com uma tosse seca, mas não é nada de mais, vou tomar um remédio e tudo vai ficar bem.

Steve não comprou essa meia verdade, e se levantou para olhar nos olhos de Tony. Ele adquiriu a estranha habilidade de ver sua alma através dos seus olhos, e sempre sabia quando Tony estava mentindo ou omitindo alguma coisa.

Mas antes que Steve pudesse obter a verdade, Bucky entrou no quarto cantarolando.

— Tony, te esperamos por horas, por onde esteve? — perguntou, olhando para Tony e colocando a travessa com o lanche perto da tv.

Vendo que iriam jogar, Tony aproveitou a oportunidade para despistar o olhar atento de Steve. Riu, empurrando Bucky com seu ombro e roubando um pedaço de bolo com cenoura e cobertura de chocolate.

— Eu estava com uma tosse chata e fui me consultar, mas eu tô bem.

Bucky assentiu, pegando um pedaço e ofereceu outro a um Steve ainda desconfiado.

— Não vá sozinho, da próxima vez nos chame.

Ele estava avisando, como se Tony não pudesse ir sozinho a lugar nenhum. Vendo-os agir como seu pai e sua mãe, Stark soube que jamais poderia contar o real motivo de ir ao médico.

Depois da primeira partida de lutinha, ambos esqueceram sua estranha ida ao médico. Tony aproveitou que estavam distraído e observou Steve, sentindo o coração apertar e seu pulmão o sufocar.

O que tinham era precioso de mais. Bucky não tinha culpa de se apaixonar por Steve, e Steve não tinha culpa por corresponde-lo. Tony não tinha culpa por amar sem ser correspondido, e seu corpo não tinha culpa da anomalia que o acometia. Ninguém tinha culpa de nada.

Ter aquela tarde especial serviu para Tony recordar o porque de ainda estar vivo. Sem Steve, ou Bucky, Tony seria uma casca vazia sem família ou amigos, vivendo infeliz e rejeitado. Se retirar a Hanahaki fosse o mesmo que abrir mão de tudo o que teve com Steve, e abrir mão do sentimento que fazia Tony sentir-se vivo, então não valeria a pena. Perder tudo o que viveu com Steve, e Bucky, já era como estar morto.

Tony sabia como era existir sem vida ou alegria em si, e preferia morrer ao voltar a viver pela metade daquela forma.

Os garotos dormiram na sua casa, junto consigo na sua cama. Tony sentiu-se acolhido, e teve sonhos bons, onde se viu envelhecer junto a eles. Seu amor era bonito de mais, até as pétalas que cresciam no seu pulmão eram belas, então Tony decidiu em paz o que faria dali em diante.

— Eu vou conviver com a Hanahaki, — disse ao Doutor Bener.

Bener suspirou, — Tem certeza Tony? Se você realmente optar em seguir com a doença, teremos de contar aos seus pais, e já te aviso desde agora que você não terá mais do que dois anos de vida.

Pétalas ao VentoOnde histórias criam vida. Descubra agora