Prólogo

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[Em algum lugar no meio de uma floresta qualquer]

Caro Irmão, Lucio.

Venho por meio desta carta, informar-lhe sobre minha mais nova aventura além dos portões dos confins da nossa terra, chamada cidade grande.

Aqui, posso ter paz e descansar furtivamente de toda agitação, que é a minha vida, e espero angustiada pela sua resposta. Em meio ao meu acampamento improvisado, no meio do mato, guardei um cantinho especial a você, mano. Não espero que venha me fazer companhia, mas anseio conversar com alguém (espero que esse alguém seja você) e poder escutar qualquer tipo de voz, além dos sons da floresta, e das coisas mágicas que acontecem dentro dela. Estou em uma missão pessoal de me encontrar e encontrar essa magia que emana da floresta e parece me completar. Aproveite bastante suas férias, e não faça nada que eu não faria.

Ps: Volto daqui a alguns meses, antes de acabar definitivamente suas férias escolares. Mande um beijo para a mamãe. Amo vocês!

~ Sua querida irmã, Matilda.

     Matilda deu um giro de 360º com os olhos fechados, ao redor do local onde estava. Com um profundo suspiro eloquente ela respirou fundo mais uma vez, registrando no seu cérebro todos os cheiros da floresta e dos pinheiros, além das outras árvores molhadas pelo sereno. Ela sentiu os olhos marejarem ao lembrar-se de sua família. Muitos a considerariam uma pessoa estranha por querer se refugiar da cidade, e se isolar em uma floresta. Mas aquela era a profissão na qual ela havia escolhido. Ser engenheira florestal, e especializada no estudo das árvores.

Para ela a experiência com as árvores, ultrapassa qualquer experiência com os seres humanos que já conheceu em sua vida até agora.

Desde pequena Matilda, é ligada a natureza e se identifica com ela. Até seu hobbie quando adolescente era estudar técnicas de sobrevivência em locais isolados.

Matilda deu um sorriso de dentes cheios, e saiu a caminho da pequena casa na árvore que havia construído fazia pouco tempo. A cabana era visível desde a colina até a clareira que ficava perto dali. A árvore na qual havia escolhido era a mais bela e sobressalente da floresta inteira. No instante que Tilda colocou os olhos nela sabia que era a mais apropriada para ser seu lar temporário.

Após olhar para cima, Tilda avistou a cabana improvisada. Ela deixava suas coisas ao pé da árvore para facilitar seu trabalho de ter que ficar subindo e descendo constantemente. Ao alcançar a mochila do exército surrada, ela retirou um pequeno livro com a capa marrom desgastada, as folhas já estavam amareladas pela ação do tempo. Matilda sorriu tristemente ao ver seu companheiro de batalha e de tantas jornadas tão acabado. Assim como uma coisa na qual não esperamos, nem sabemos por que acontecem, as memórias das suas melhores férias escolares voltam com força total, assim como uma bela pancada na cabeça, assim como um coração partido. Sua pele se arrepiou e seu coração bateu com força dentro do seu peito, se Tilda se esforçasse podia sentir o cheiro dele em meio à natureza. Um cheiro vivo, como uma árvore forte e resistente que dá vida a outros seres vivos, assim como ela.

E Matilda apenas podia pensar em um só nome antes que seus olhos fechassem e o estupor tomasse conta de todo o seu corpo e mente.

- Brad!

MatildaWhere stories live. Discover now