" Ao alcançar a mochila do exército surrada, ela retirou um pequeno livro com a capa marrom desgastada, as folhas já estavam amareladas pela ação do tempo. Matilda sorriu tristemente ao ver seu companheiro de batalha e de tantas jornadas tão acabado...
Observo a paisagem desgastada e desfocada passando como flashes na minha frente. As árvores daqui são realmente intrigantes e sombrias, chega quase a ser assombroso.
É inverno, a neve cobre os pinheiros dando aquele toque legal às árvores.
O ar é carregado de umidade tornando tudo mais complicado, a neblina é como uma manta espessa que cobre o chão da floresta. Eu estou congelando.
O gelo que cobre a estrada aos poucos vai se dissipando com a pouca luz solar que ilumina o ambiente, o vento forte carrega os pequenos flocos de neve pelo ar tornando tudo um tanto místico.
"Bem Vindos á Peperwill".
A placa quase não é vista por quem passa por esta estrada, mas não por uma pessoa entediada como eu.
Um caminhão com vários soldados passa por nosso carro, alguns me encaram pelo vidro do carro, enquanto outros acenam.
Minha mãe buzina para eles, como forma de comprimento.
- Por que você buzinou para eles mãe?
- Para de drama Tilda, nem todos os soldados são malvados. – minha mãe os defende com um sorrisinho bobo nos lábios.
Calo-me e continuo olhando pela janela.
Peperwill é uma pequena cidade, com poucos habitantes, é afastada da capital e é o divisor de águas entre dois estados conflituosos. Perto daqui uma guerra civil se estende há anos, e a cidade é ponto de abastecimento das tropas aliadas.
- Mais algumas horas e vamos estar no centro da cidade, a caminho da casa de sua tia.- Minha mãe diz olhando para nós pelo retrovisor central do carro.
E as tão sonhadas férias de inverno começaram, alegrando até os corações mais gelados.
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Narradora:
Matilda mesmo não aparentando, estava muito animada para passar as férias escolares fora da sua bolha de conforto chamada cidade grande. A menina desde nova gostava de lugares mais calmos, reservados e discretos, assim até os tempos atuais. A sugestão de sua tia de morar por um tempo na pequena cidade não poderia agradá-la mais.
O caminho até a cidade seguiu silencioso e calmo sem maiores problemas até a chegada ao destino final. A garota sempre muito reservada e sombria ouvia música nos fones escondidos pelo capuz do casaco preto que usava. Seu irmão Lucius dormia tranquilamente na cadeirinha o caminho todo. O balançar do carro no cascalho aparentava não incomodar o garotinho, que como a irmã era sempre muito calmo e reservado. Sua mãe que dirigia concentrada no caminho não se importava com o silêncio de seus primogênitos, estava mais que acostumada pela esquisitice dos filhos e pensava que deixando os filhos com sua irmã mais velha faria com que eles se tornassem mais extrovertidos e sociáveis.
