Matilda:
Abro os olhos novamente. Ouço um barulho muito alto e pulo da cama olhando assustada para a janela, apenas vejo o escuro e um quarto desconhecido.
Solto um suspiro aliviada ao lembrar onde estou. Fico em silêncio tentando identificar o barulho alto e olho a hora no despertador, 02h30min e tem música alta na vizinhança.
Eu bocejo cansada e me espreguiço, calço meus tênis e um casaco preto. Desço as escadas vendo as luzes da cozinha acesas, olho assustada para minha tia que dança rebolando enquanto toma água na frente da geladeira de costas para mim.
- Tia? – pergunto cautelosamente.
- Ah, Oi querida, dormiu bem? – ela me olha surpresa e para de dançar meio constrangida.
- A sim pelo pouco que dormi, foi boa sim, a cama é bem aconchegante - termino de falar com um sorriso reconfortante. Lembro da música e resolvo perguntar.
- Hum, tia a música alta é da onde? A tia já ligou para a polícia?- pergunto gesticulando para a casa ao lado da nossa.
- Aqui ninguém dedura ninguém não, a música é da casa da Berenice, a vizinha do lado muito minha amiga, o filho dela voltou do exército hoje e resolveu dar uma festa para os conhecidos. Eu olho pra ela abismada.
– E os outros vizinhos não deduram? - pergunto curiosa me apoiando no corrimão da escada com os braços cruzados na frente do peito.
- Não, não querida provavelmente todos estão na festa pra lá de bêbados. - Ela diz rindo. - Às vezes eu também apareço nessas festas, sabe como é né, descontrair, desestressar, essas coisas. Mas se tiver ruim pra você dormir eu posso ir lá reclamar com eles. – Titia diz com uma expressão calma, mas é interrompida por um choro potente que vem da escada.
O Lucius.
Subo as escadas correndo, abro a porta do quarto e pego meu irmão no colo afagando sua cabeça e parando seu choro. Ele se aconchega na curva do meu pescoço e esfrego suas costas, descendo novamente as escadas.
- Oh querida, ele está bem? - ela me olha com preocupação nos olhos. Balanço a cabeça em afirmação e ando em direção a porta de saída.
- Amor quer que a tia vá lá conversar com eles, eu vou ok? - ela fala procurando algo pela cozinha.
- Não tia eu vou, e aproveito para conhecer os novos vizinhos. - falo dando um sorriso maléfico e saindo de casa sendo abalada pelo vento gélido no meu rosto. Tremo da cabeça aos pés. Vai lá Matilda é só um bando de adolescentes bêbados e eles certamente não te machucarão. Saio da estrada de cascalho e caminho pelo jardim da casa ao lado.
Observando minha proximidade um grupo de jovens dá risadinha e se cutuca olhando atentamente meus próximos movimentos.
Passo por eles ignorando seus olhares porcos e sugestivos. Idiotas. Eu visto minha melhor cara de assassina e subo os três degraus da entrada.
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Matilda
Short Story" Ao alcançar a mochila do exército surrada, ela retirou um pequeno livro com a capa marrom desgastada, as folhas já estavam amareladas pela ação do tempo. Matilda sorriu tristemente ao ver seu companheiro de batalha e de tantas jornadas tão acabado...