Home Sweet Home

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Pov Megan


O céu encontra-se mais limpo do que era habitual. Ao observá-lo, recordo os dias chuvosos, porém quentes, que havia presenciado antes de partir. Dou por mim a fechar os olhos enquanto ergo o rosto para sentir o calor suave na minha pele, inalando os diversos aromas presentes naquele jardim longo e coberto de árvores. A minha atenção é desviada do som agradável derivado do embater da brisa nas folhas verdes e os meus olhos quase que se obrigam a seguir o casal animado que pela rua entre troncos passeia. Desço ligeiramente o meu olhar e reparo em dois pequenos indivíduos que correm e riem desalmadamente.

#Flashback On#

Parei de correr por uns instantes sentindo o tremer das minhas pernas. Agachei-me, apoiando as minhas pequenas mãos nos joelhos, e tentei controlar a minha respiração ofegante sem deixar de esconder o meu sorriso. Os meus olhos estavam postos sobre o rapaz a uns poucos metros de mim que se escondia atrás de um tronco largo enquanto ria. Nem conseguia perceber como eramos irmãos visto que eramos tão diferentes.

"Brandon, chega." O meu tom refilão escapou, não conseguindo acompanhar mais a sua energia infinita, e endireitei-me assim que vi o menino de cabelos claros aproximar-se rapidamente. O seu castanho amêndoa transbordava preocupação.

"Estás bem?" Perguntou já mais próximo, levando a mão aos meus cabelos finos e com ligeiros jeitos nas pontas.
Sorri largamente e toquei no seu braço o mais rápido que pude, fugindo em seguida.

"Estás tu." Gritei continuando a fugir, correndo em direção às pernas da minha mãe e agarrando-as de seguida. Brandon revelou uma expressão aborrecida enquanto cruzava os seus finos braços contra o peito. Vi-o virar o rosto, amuado, e a seguir no lado contrário fazendo-me arrepender do que havia feito. Desfiz a minha posição e caminhei até ao banco onde este se havia sentado, juntando-me a ele. Nada disse. Simplesmente envolvi os meus braços à sua volta como um pedido de desculpas e apertei-o, até sentir que retribuía.

#Flashback Off#

Um sorriso fortalece o meu rosto, ainda corado do tempo imenso que me expus ao sol na Europa do sul. Movimento negativamente a cabeça com um sorriso crescente ao pensar no contraste da minha pele morena para a pele da família à minha frente, todavia já longe. Pestanejo repetidamente ao sentir um incómodo nos meus olhos, levando-me depois a fechar a mão em punho coçando-os, e ao abri-los, noto o vazio presente naquele espaço. A família havia desaparecido do meu campo de visão e eu encontro-me inteiramente sozinha por entre os ramos longos que quase parecem abraçar-me de tão confortável que me sinto. Olho atentamente para todos os lados e sigo o meu caminho em frente enquanto arrasto a mala de viagem pesada pelas suas pequenas rodas.

Ao chegar ao fim do jardim, dou passos curtos até ao estreito do passeio branco sujo, inclinando-me ao ver a janela aberta do táxi que aguardava a minha presença.

"Bom dia." Começo, não deixando um sorriso largo de lado recebendo um em troca. Este abre a porta do seu lado, dá a volta ao veículo cumprimentando-me, e avança até ao porta-bagagens abrindo-o. Agradeço assim que leva e arruma a mala, fechando em seguida.

Caminho para o lado contrário ao condutor, abro a porta de trás entrando, e direciono o meu olhar para o retrovisor onde noto a presença dos olhos escuros do senhor que esperava pelas minhas palavras.

"Para esta rua, por favor." Mostro-lhe a carta escrita que guardava no bolso do casaco de ganga clara e torno a guardá-la ao receber um gesto afirmativo em resposta. Coloco o cinto e encosto a lateral do meu rosto ao vidro sentindo o frio do mesmo enquanto observava todas as ruas por onde passávamos. Nada havia mudado e isso transmitia-me um enorme conforto.

Something Wonderful [h.s]Where stories live. Discover now