Congruência

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N/A:
Eu postando KatsuDeku, milagres acontecem.

Obrigado meu bebê zero e meu neném Lory por olharem essa fic, amém.


“Os opostos se atraem”.

Esse sempre foi o pensamento; forças opostas que se completavam e que ao mesmo tempo mantinham características do outro para deixar tudo em um completo equilíbrio.

Embora parecesse que a explicação fosse bem mais simples do que pessoas opostas de fato, na verdade seria apenas uma oposição de pensamentos, de pontos de vista e não algo tão complexo e grosseiro como a palavra antagônico significava.

A ideia de que tudo se mantinha em completa harmonia, partia irreverentemente da necessidade de fugir de qualquer hierarquia, de qualquer juízo de valor, que ao decidir a submissão dos seus, acabava minimizando os fracos.

Fracos estes como Midoriya Izuku, dóceis, inocentes, singelos e totalmente iludidos com o sonho utópico de união, de singularidade que se aplicaria tanto a nações, quanto a pessoas. Todos unidos em um mundo melhor, desde que cada um fizesse a sua parte como denominava a diferença genuína.

Acreditar em partes contrárias que se complementavam era um desejo simples de fugir da subordinação de sua natureza; pessoas maleáveis como ele não tinham qualquer vantagem sobre aqueles inflexíveis. Inflexíveis, como Bakugou Katsuki, alguém tão teimoso e dono de suas próprias opiniões, que mesmo errado moveria céus até provar o seu ponto de vista.

Todavia a constância tão estimada era sempre bem mais do que “personalidades diferentes”, era bem mais do que “passividade ou agressividade”, algo além de “intelecto ou intuição”. Se tratava diretamente de um complemento cíclico, tão opostos que involuntariamente exibiam alguma característica do outro, passando de uma simetria linear para uma dualidade rotacional, fazendo assim que a passividade de Midoriya não significasse o bom e a agressividade de Bakugou não significasse o mal.

Infelizmente era nessa necessidade de acreditar em uma contraposição natural, que Izuku deixou-se levar pelo desejo de ser preenchido, pelo intento de ter o outro em seus braços como seu oposto, como seu complemento e também como aquele em que poderia se apoiar e encontrar — mesmo que minimamente — um reconforto típico da sua personalidade.

Todavia oposição era exatamente o que significava, um extremo totalmente diferente do que sempre esperou, do que sempre sonhou, mostrando que de fato não havia um movimento circular e natural, mas sim apenas aquela simetria linear que separava o mar do continente, o fogo da água, o ar da terra e Katsuki de Izuku.

O dono de seu coração era impassível o suficiente para não demonstrar um mínimo de doçura e empatia. Ele não se importava com o complemento, não desejava estar com alguém que tornasse-o equilibrado, pois para ele a ideia de “necessidade” não se aplicava a alguém tão absoluto. Isso não era ruim, não deveria ser, pois acreditar em si mesmo e não precisar de ninguém para ser feliz protegia-o da ilusão e das mágoas, já que para ser feliz não era necessário alguém além de si mesmo. Embora se houvesse a presença de outrem, apenas agregaria aquilo que já estava concluído.

E fora nessa tamanha divergência que as coisas não deram certo, onde a semente do amor não floresceu na terra árida feita de conflitos assim como sonhara. Amava-o com todas as suas teimosias, amava-o ao ponto de desacreditar a indiferença de sua presença na plenitude invejável de Katsuki. Izuku precisava ser preenchido, mas o outro não.

Só lhe restando aceitar amargamente um fato comprovado da natureza, que em sete anos não haveria mais nenhum resquício dos toques do outro em nenhuma parte de seu corpo, pois como mandava a lei, tudo era passageiro — até mesmo cada célula que havia tido contato com seu amado — como o equilíbrio que tanto sonhou, chegando e indo como a dualidade transmutável da isometria.

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