Antigo Inimigo, Novo Amor

"Não somos amigos, né?"

25 de Março de 2008

Pov. Jade

Acordei disposta hoje, minha mãe tá toda feliz porque vou me inscrever no curso de dança que é fora do Brasil, ela acredita realmente que eu possa passar, eu também acredito, eu acho.
- Bom dia. - Falei enquanto me sentava.
- Ótimo dia filha, eu tô tão animada! Não vejo a hora de você ir para lá.
- Nem sei se eu vou passar mãe...- Falo isso pegando uma torrada.
- Que isso Jade? Pensando assim não vai passar mesmo. Eu estou contando com você, é bom que se saia bem, estou atrasada, se cuida. - Ela fala e logo em seguida sai. Parece que não existe a alternativa não entrar nesse curso.

Aula de química é um saco, sem paciência pra essa mulher, certeza que não deve ter marido, feia desse jeito. Será que ela não conhece um cabelereiro ou uma dermatologista, olha a pele dessa mulher credo. Graças a Deus tocou o sinal e é troca de período e ela vai embora, tchau querida.
- Jade. - Uma pesssoa me cutuca, eu odeio isso.
- O que é? - Olho para trás e vejo uma garota com um papel na mão.
- Mandaram pra você. - Eu peguei o papel da mão dela e li. " Você é sempre linda assim?" 
- Quem foi o engraçadinho? - Falo alto enquanto olho toda classe.
- O que dizia Jade? Sobre seu pai? Ah esqueci você não tem um. - Ele riu
- Como eu namorei você? - Ele me encara.
- Quer que eu te fale mesmo? Ou posso mostrar, você anda bem gostosinha. - Ele vem em minha direção mas é barrado pelo Ricardo.
- O que foi cara?
- Sai de perto dela.
- Ah, você é o novo namoradinho dela? O novo corno da escola.
- Cala boca Bruno, deixa de ser idiota.- Me intrometo na "briga".
- Fica fora Jade, se não você leva. - Bruno falou enquanto segurava o meu  braço.
- Solta ela. - O professor de química chegou na sala e o Bruno me soltou rapidamente.
- Bem mandado.- Ricardo riu.

Depois daquela mini confusão eu saí da sala pra procurar a professora de dança daqui, ela não é uma das melhores mas meu interesse não é nela em si, e sim na sala dela. Preciso de um lugar calmo para dançar e me concentrar, em casa não tem sido fácil com a minha mãe lá. Eu amo minha mãe mas ela cobra muito de mim ese eu não alcanço o que ela espera de mim é um inferno.
- Com licença? - Bati na porta que estava aberta.
- Eu posso ajudar? - Ela se virou para mim e perguntou.
- Eu sou a Jade, gostaria de saber se posso usar a sua sala pra ensaiar. Sabe, eu tenho uma audição daqui a umas semanas e o meu sonho é passar nela, então se puder me ajudar eu ficaria muito grata. - Eu praticamente implorei a ela.
- Tudo bem, pode usar nas horas vagas, vai precisar de algum auxílio?
- NÃO! Não, não, quer dizer, não vou tomar o seu tempo né, não vai precisar. - Forço um sorriso e ela me olha estranha.
- Ah, tudo bem, eu vou indo então. - Continuo com o sorriso forçado e faço um "tchauzinho" com a mão enquanto ela se dirige pra fora da sala.
- Eca, mulher louca, nunca que eu ia querer ajuda dela. - Faço uma cara de nojo e me dirijo a uma mesa que tinha na sala, ponho meu celular pra tocar a minha música e começo a ensaiar.

Enquanto eu vou fazendo os movimentos da dança, eu não sinto. É tão estranho mas parece que eu não sinto. Eu sempre prezo tanto a técnica mas dançar não me faz sentir, eu não entendo a razão. Dançar sempre foi o meu sonho, eu acho. Quer dizer, eu nunca tive outra opção, eu cresci vendo minha mãe dançar e eu sempre soube que eu iria dançar mas eu não me lembro de ter decidido nada, acho que foi algo simplesmente aconteceu, parece que tudo na minha vida é assim, as coisas acontecem sem meu consentimento, eu não decido nada. Por que não decido?

Termino a coreografia e sou surpreendia por palmas, elas me tiram do meu transe e me assustam.
- Credo, eu não sabia que tava aí. - Falo com a mão no peito.
- Você dança bem demais. - Ele me olha com uma cara estranha que me faz arrepiar e merda eu odiei isso.
- É, me diz alguma coisa que eu ainda não saiba. - Revirei o olho e comecei a juntar minhas coisas.
- Você se acha muito, né? - Ele riu pra mim.
- Você sabe que eu não me acho. - Me aproximo dele que está encostado na porta.
- Eu sou.- Empurro ele pra fora e saio andando no corredor fazendo o caminho pra saída, tá tarde já pra minha mãe e só eu sei como é difícil lidar com ela.