Our Past - Jungkook

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— Finalmente!

Um trio de estudantes que caminhava pelo corredor encarou Jungkook com os olhos estreitos. Melhor dizendo, apenas dois do trio o encararam com os olhos estreitos, o terceiro ignorou, ou realmente não o ouviu. Só então ele havia percebido o quão alto pronunciou aquela palavra ao telefone.

Do outro lado da linha, Taehyung se conteve para não soltar um xingamento.

— Não tinha uma hora melhor pra me ligar?

Ele iria explicar que estava prestes a sair de casa para encontrar seus amigos em uma lanchonete. Já estava atrasado, iria se atrasar ainda mais com Jungkook no telefone. Mas antes que pudesse lhe dizer, o mais novo se manifestou rapidamente.

— O Jimin não está aqui.

Houve um curto período de silêncio durante a chamada antes de se ouvir uma resposta.

— Como assim?

— Ele não está em nenhum lugar! Eu já procurei por toda a escola, até na biblioteca.

Tae bufou do outro lado da linha. Ele acabou se sentindo culpado depois de conversar com seu saeng sobre a universidade, e contava com Jimin para fazê-lo feliz naquele novo espaço. Era o primeiro dia de aula, e a ideia de Taehyung já havia falhado.

— Fica calmo, ok? Vou ligar pra ele e perguntar o que aconteceu.

Jeon afastou seu celular do rosto em um movimento rápido para verificar o horário. Feito isso, voltou-o para perto de deu ouvido.

— Não precisa ligar para o Jimin hyung, ok? Acho que posso sobreviver ao primeiro dia de aula sozinho.

Jungkook enxergava alunos entrando apressadamente em suas classes, a aula estava prestes a começar. Taehyung podia ver os minutos se distanciarem, e quanto mais deles sumiam de seu campo de vista, mais ele se desesperava para desligar o telefone e correr até o ponto de ônibus. Odiava chegar em locais atrasado.

— Certeza?

— Absoluta. Agora preciso ir, minha aula já vai começar.

— Tudo bem. Se precisar, pode me ligar.

Tendo a chamada encerrada, Taehyung caminhou em passos largos até o elevador. Estava preocupado, pois sabia que seu amigo não tinha tanta facilidade em conhecer pessoas novas. Naquele momento, não sabia quem odiava mais: a si próprio ou a Jimin.

Jungkook entrou na sala juntamente com as pessoas que o olharam estranho há poucos minutos. Fez um esforço para passar na frente deles e alcançar a cadeira final, no canto da sala. Teria conseguido chegar lá caso alguém não tivesse pisado em seu cadarço e o fizesse ir de encontro ao chão.

Um coro de gargalhadas ecoou pela sala. Para a surpresa de Jungkook, havia mais alguém na sala além dele que não ria, e por sinal, foi o responsável por derrubá-lo.

— Oh, desculpa. Você está bem?

Jeon não respondeu, apenas agarrou a mão que tinha sido estendida para si e foi erguido ao alto, até que seus pés sustentaram seu corpo novamente e ele pode soltar a mão que segurava. O moreno estava surpreso em como seu primeiro dia na universidade pôde ser o pior e o melhor em poucos segundos.

— Peço perdão novamente. Aliás, sou Hoseok.

A sua mão foi estendida de novo, desta vez, apenas para um cumprimento.

— Jungkook.

O garoto, agora conhecido por Hoseok, pareceu surpreso.

— Você deve ser o garoto de Busan, né?

Hesitante, respondeu:

— Acho que sim, por quê?

— Jimin me disse que não viria hoje, e explicou que você precisava dele.

Eu não preciso dele – pensou. Apenas pensou, não o disse.

— Ele está com alguns problemas em casa – voltou a dizer –, precisou viajar para Busan ontem, mas disse que estará aqui amanhã, sem falta.

Ao mesmo tempo que Jeon sorriu involuntariamente, a porta da sala foi aberta com brutalidade. O estrondo da madeira se chocando com a parede de gesso fez com que todos os cochichos, risadas e quaisquer outros tipos de interação se findassem.

Por sua postura, Jungkook concluiu que ele era um dos professores com quem conviveria.

— Quero todos sentados em suas carteiras agora mesmo!

E talvez, apenas talvez, não fosse uma convivência agradável.

Hoseok passou o olhar rapidamente por toda a sala e percebeu que haviam apenas duas carteiras sobrando, uma em frente à mesa do professor e outra ao lado de Jungkook.

— Posso me sentar aqui? – Perguntou receoso.

Ele fez que sim com a cabeça. Finalmente tinha reparado nas características físicas de Hoseok. Era esguio. Seu nariz tão fino quanto seu corpo e um maxilar bastante definido. O cabelo chamava bastante atenção por ser vermelho como fogo. As roupas lembravam um estojo de lápis de cor, bastante coloridas. Aparentava ser alguém que Jungkook gostaria de ter amizade.

— Darei início à chamada. Quero todos em silêncio a partir de agora.

Por mais que a sala já estivesse em silêncio anteriormente, todos concordaram. Com exceção de Hoseok, que se inclinou na direção de Jeon assim que o professor pronunciou o primeiro nome da sua lista de alunos.

— Você não tem amigos aqui além do Jimin, não é?

Jungkook respondeu negando com a cabeça novamente. Sempre que podia, economizava suas palavras quando se tratava de conversar com desconhecidos.

— Se você quiser – o mais velho voltou a dizer –, pode almoçar comigo e com os meninos.

"Jung Hoseok!"

Seu nome foi pronunciado pelo professor de maneira alarmante. O garoto pensou que havia sido repreendido por ele. Somente alguns segundos depois, percebeu do que se tratava e o respondeu.

Logo depois, retomou sua conversa com Jungkook, onde o "novato" deu uma pequena resposta acompanhada de um sorriso também pequeno.

— Tudo bem.

"Jeon Jungkook!"

O garoto ergueu sua mão acima de sua cabeça como resposta. Sempre retendo palavras, como se, algum dia, elas fossem se esgotar.

— Pelo que Jimin me disse, você é bem festeiro. Não é o que parece, sem querer ofender.

Como tudo tem sua primeira vez, o moreno sorriu naquele momento. Hoseok achou seu sorriso atraente, e queria dizer isso a ele, entretanto, decidiu guardar a opinião para si.

— Eu não chego ao nível do Park, mas, raramente dispenso uma festa.

O ruivo sorriu de volta. Jungkook sentia que Hoseok seria uma mão amiga na universidade. Estava feliz por, aparentemente, ter feito uma amizade, e toda essa felicidade estava estampada em seu rosto.

"Naomi Yamada!"

Sua expressão de felicidade se fechou atrozmente. Por um momento, pensou ter se confundido, porém, aceitou a realidade quando, no mesmo momento que seu nome foi pronunciado, a garota adentrou a sala.

— Peço perdão pelo atraso, professor – se curvou.