Você não sabe o que eu fiz no verão passado

1. Eu não tinha a intenção de fazer isso

P.O.V. Shawn

Já é 01:23 da manhã e eu não consigo dormir. Fico deitado na cama, rolando de um lado para o outro em busca do sono, mas nada adianta. Estou preocupado demais com Camila. Nós namoramos mas estamos brigados no momento e eu nem lembro mais o porquê. Só queria que ela atendesse às minhas ligações. Tento ligar para ela uma última vez e, felizmente, a mesma atende:

- Alô? Shawn? — quase não consigo ouvir sua voz pois ao fundo está tocando uma música muito alta.

- Cam? Onde você tá?

- Shawn, eu não tô te ouvindo! — ela grita ao celular. Sua voz parece um tanto quanto bêbada.

- Você tá bem? — eu pergunto preocupado, mas só ouço o som informando que a chamada telefônica foi encerrada.

Decido então ligar para as amigas dela, talvez elas saibam onde Camila esteja. Após várias tentativas em vão, eu desisto e ligo novamente para Camila. Esta me atende novamente:

- Oi, Shawn? Eu tô tentando te ligar de volta mas só dá ocupado. — a música agora está abafada, permitindo que eu a ouça melhor.

- Onde você tá, Cam? Tá tudo bem?

- Eu tô numa festa no centro. — ela diz e eu me lembro que também havia recebido o convite para essa tal festa, mas resolvi não ir por não estar no clima para festas.

- Eu sei onde é! Quer que eu vá te buscar?

- P-pode ser... eu não tô muito bem pra ir pra casa agora sozinha, já que as meninas ainda querem ficar um pouco mais aqui... mas... — ela responde sem jeito — como você vai fazer, já que ainda não tem carteira de motorista? — ela está certa. Eu só tenho 17 anos ainda, ela já tem 18.

- Eu dou meu jeito. Me espera na entrada que eu vou passar aí. Tchau, Cam! — me despeço e percebo que minha voz soou um pouco apaixonada demais.

Como ainda não possuo autorização para dirigir e meus pais estão viajando (como sempre), eu ligo para minha melhor amiga de infância, Alessia. Ela já tem 18 anos, e não vai me deixar na mão.

- Alô? — Alessia atende o telefone bocejando.

- Alessia? Preciso da sua ajuda! — respondo falando rápido demais para alguém que acabou de acordar conseguir acompanhar.

- Quê? Calma, Shawn! Aconteceu alguma coisa? — ela pergunta confusa.

- Camila tá numa festa sem condições de conseguir voltar para casa sozinha. Eu preciso que você me dê uma carona até lá para que eu a busque. Quebra essa pra mim, Alê!!! — eu peço fazendo voz fofa — Por favorzinho, vai?

- Olha, Shawn — ela diz após um longo suspiro — só vou porque é você que tá me pedindo. Sinceramente, me ligar a uma hora dessas pra correr atrás de uma garota que tá bêbada numa festa enquanto você tá aí em casa, sofrendo por ela? — ela me dá um leve sermão de irmã mais velha. Mesmo Alessia não sendo minha irmã de sangue, eu a considero como.

- Eu sei, Alê. Desculpa, mas a gente não escolhe de quem gosta. - digo em um tom triste.

- Okay! Tudo bem! Sem chororô. Em 5 minutos estou passando aí na sua casa.

- Poxa, muito obrigado, Alessia! Não sei o que seria da minha vida sem você!

- Que seja. - ela desliga o telefone.

Envio o endereço do local da festa para Alessia pelo WhatsApp e corro para trocar de roupa. Ao pegar o celular e a carteira, ouço a buzina do carro de Alessia me chamar do lado de fora da minha casa. Desço as escadas correndo com medo de deixar Alessia ainda mais irritada (e com razão, né?) pois esta não para de buzinar e já são quase 2:00 da manhã. Ao sair de casa sinto o clima quente da noite desse verão que insiste em fazer calor até mesmo durante as noites.