4. Ele sabe que isso está me matando?

25 4 0
                                    

(P.O.V. Camila)

Sem entender o que tinha acabado de acontecer, eu caminho em direção ao ponto de ônibus olhando pra baixo tentando controlar o choro. Nunca tinha me sentido tão humilhada assim antes. O ônibus não demora a chegar e eu sento na janela. Enquanto tento segurar as lágrimas que insistem em cair, eu vou tentando me lembrar o que de tão errado eu fiz para que ele ficasse daquele jeito. Mas sou interrompida pela mesma voz que ouvi na academia.

- Não sabia que você também morava pra esse canto! Acho que encontrei uma parceira de trei... — ele se senta ao meu lado e percebe que estou chorando — olha, não sei o porquê de você estar chorando, mas não vou perguntar se você não quiser me dizer. Ao invés disso, vou tentar te alegrar — ele diz isso pegando o meu celular (que estava desbloqueado e aberto no WhatsApp no chat do Shawn) da minha mão e abrindo o app de montagem de fotos fofas que usava sempre que queria tirar uma foto fofinha com Shawn. Ele escolhe um efeito de cachorrinho e muda para a câmera frontal esticando o braço para a nossa frente a fim de tirar uma foto nossa.

- Não! Por favor! — eu digo tampando o rosto e sorrindo.

- Vai, só uma! — ao dizer isso, flashes da noite da festa do verão passado surgem na minha mente. Não sei o motivo. Talvez deve ter sido por causa do ataque de nervos que Shawn teve mais cedo falando daquela droga de festa. — Quero ver se você fica bem com esse efeito.

- Não! Eu tô toda destruída por causa da academia e ainda tive uma briga agora há pouco com meu namorado — eu falo tentando desviar da câmera.

- Por favor, Camila! Olha, eu vou tirar uma sozinha e salvar. Assim você pode ver e rir toda vez que estiver triste! — ele diz e assim faz. Devo admitir que a foto estava ridiculamente engraçada!

- Tá bom! — eu cedo, abraçando seu braço e posando para a foto.

- 1, 2, 3... — ele tira a foto — awn, olha só como a gente tá ridículo! — ele ri me fazendo rir também.

- Só você mesmo pra me fazer rir em uma hora dessas!

- Aí, viu? Assim, sim! Sorrindo é bem melhor que chorando!

- É, eu acho que sim. — digo sorrindo torto e enxugando os vestígios das lágrimas.

- Ah, Camila, você tem que relaxar. Nada dura pra sempre. Daqui a pouco vocês estão de boas de novo!

- Tomara! Ai, meu Deus! — eu percebo que já estamos no ponto da minha casa e, rapidamente, faço sinal para o motorista parar. Ele para e eu suspiro aliviada pois estava com medo de perder o ponto.


Eu desço do ônibus e o rapaz desce junto comigo. Eu estranho e ele percebe.

- Bom, como eu ia dizendo no ônibus assim que tinha te visto, eu não sabia que você morava pro lado de cá.

- Sim, eu moro no início da Rua D.

- Você também mora aqui?

- Ué, você também? — digo surpresa.

- Sim! Mas moro mais no final da rua. E olha só! — ele ri — então eu realmente encontrei uma parceira de treinos pra ir pra academia comigo!

- Acho que sim! — eu sorrio tentando fazer um eye smile por força do hábito.

- Espera. Isso era pra ser um eye smile? — ele cai na gargalhada ao ver que eu fiquei sem reação — uma dica: fica melhor em pessoas que têm olhos puxados!

- Eu sei! É só a força do hábito — eu falo fechando a expressão. — Bom, essa é a minha casa. Vou ficando por aqui.

- Essa é a sua casa? — ele pergunta boquiaberto — É quase uma mansão!

- O que você esperava quando se mora com 4 amigas?

- Você mora com mais 4 amigas?

- Sim. Por que o espanto?

- Tô imaginando o quanto de cabelo não deve ter no ralo do banheiro de vocês!

- Ridículo — eu digo dando tapas nos ombros dele — bom, tchau.

- Tchau! — ele diz e fica me olhando entrar em casa antes de continuar até a sua.

Você não sabe o que eu fiz no verão passadoOnde histórias criam vida. Descubra agora