3 meses depois...
Eu queria ter nascido uma garota comum. Como desejei isso a cada ano que deixava de ser uma menina e me tornava uma mulher. Para meus perfeitos pais eu era uma decepção, por mais que eu tentasse não conseguia seguir os seus padrões e não gostava nem um pouco de tentar. Aos dezoito anos resolvi mandar eles se lascarem. Eu queria ter uma vida que eu não tinha perto deles, sem ser uma boneca falsa. Eu sempre gostei de me divertir, aproveitar cada dia, apesar dos pequenos acidentes me seguirem como imãs. Depois de um tempo parei de me preocupar e deixava a coisa rolar, no fim se podia tirar um bom proveito.
Os primeiros anos foram um total desastre, mas consegui me sustentar.
Conheci minhas melhores amigas nessa época Diana, Juliana e a Patrícia. Até hoje me lembro de suas caras de preocupação ao me verem pegar no pesado pela primeira vez. Claro, nunca tinha lavado uma colher, então era de se esperar que na minha primeira lavagem de roupas, minhas blusas brancas, tenham ficado incrivelmente coloridas. Sorte eu ser uma amante das cores!
O pouco dinheiro que tinha economizado antes de sair da casa dos meus pais e ser deserdada, me possibilitou alguns cursos de secretariado até que arrumei meu primeiro emprego. Em um escritório de advocacia e foi quando percebi que gostava da coisa. Não me tornei uma advogada, pois minhas condições não davam, cheia de mérito e honra, porém no que fazia sempre estudava e me atualizava para ser a melhor cada dia. A primeira conversa que escutei das minhas colegas falando de como era bom trabalhar para o presidente, me deixou animada.
E esse se tornou meu objetivo.
Para tudo! Vocês devem estar pensando: porque eu, uma garota riquinha, quer fazer isso da vida? Ser uma assistente é um baita trabalho como qualquer outro. Primeiro: eu odeio ver sangue! O meu ou de qualquer pessoa. Arte? Gosto de ver e não de fazer... Fo aí que acabei me identificando com essa área. Você mexe com muita coisa, tem que entender de tudo, uma palavra errada, pode comprometer um contrato de milhões e aí o meu empreguinho estaria no ralo total, como o meu nome.
Hoje é meu primeiro dia na L&M Enterprises e eu sentia como se tivesse mil borboletas no meu estômago. Depois de passar pela primeira etapa de uma avaliação minuciosa, acabei ficando entre as três finalistas para a entrevista final para me tornar a assistente executiva do CEO da empresa, conseguindo a vaga. Estavam passando por uma reformulação em alguns cargos. O antigo presidente passou o cargo para o seu filho, aproveitando o gancho a secretária que trabalhou por vinte anos para ele, pediu a aposentadoria, abrindo uma nova vaga.
Por sorte falo inglês, espanhol e italiano fluentemente, além claro do português. Graças aos meus pais que sempre me obrigaram a estudar outros idiomas, além de todos os cursos de aperfeiçoamento possíveis que fiz nessa área.
Realmente precisava desse trabalho.
Divido um "apertamento" com a minha amiga Diana, enquanto, ela não se muda com seu futuro esposo e atualmente desempregada, desde que meu último patrão, safado, tentou passar a mão em mim no seu escritório e sua querida mulher o pegou no flagra. Sobrou para mim, que fui despedida na hora e o desgramado ainda jogou a culpa sobre mim, como se eu quisesse aquele idiota com as mãos sobre meu corpo. Só para me vingar, me candidatei a essa vaga na empresa concorrente. Queria ver a cara do idiota em uma reunião!
Seria muito bem feito depois que ele quase acabou com a minha carreira.
Lógico que tivemos uma conversinha particular. Expliquei lindamente que se ele não me desse todos os meus direitos trabalhistas e uma boa carta de recomendação, porque eu sei que merecia, eu acabaria com a imagem perfeita dele com um processo de abuso sexual. Não preciso nem falar que o idiota não pensou duas vezes para me tirar da sua vida.
Acelero meu passo para chegar até a sala dos recursos humanos, onde a manda chuva da Sophia ia me acompanhar e explicar todos os trâmites e regras gerais da empresa. O de sempre para uma novata. O dia que você se sente uma barata tonta, até pegar no tranco. Parei na porta da sala e dei uma leve batida.
— Pode entrar! — Escuto a voz da Sophia do lado de dentro, aproveito para dar uma última verificada na minha roupa e na minha maquiagem rapidinho, então giro a maçaneta e entro. Ela está sentada em frente ao computador, ainda me pergunto como uma mulher tão jovem com menos de 1,60 de altura, comanda tanta gente como nessa empresa com bastante pulso firme, quase tudo passava por suas mãos.
— Bom dia, Sophia...
— Ah, Bom dia, Natália! Fico feliz que tenha chegado na hora e sem nenhum problema. Me deixa só enviar um e-mail rapidinho aqui e vamos começar o seu dia de treinamento.
— Ok, sem problemas. — Fico observando ela enquanto escreve rapidamente no teclado do computador, sem parar nenhuma vez, a mulher é quase uma máquina.
— Prontinho senhorita Martinez, vamos começar nosso passeio. — Onde passávamos todos a recebiam bem.
Começamos pelos andares mais baixos da empresa, cada um com uma finalidade diferente, alguns bem agitados outros mais tranquilos. Não pude deixar de perceber os olhares que recebia em cada lugar que passávamos, para ser educada dava um simples sorriso. Ela falou tantos nomes, dizendo que era importante eu me lembrar, porque precisaria me reportar a eles, quando precisasse de qualquer coisa nesses andares. Mas eu me lembrava de um ou outro apenas.
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A sintonia perfeita [[Degustação]]
RomanceSinopse: Natália Martinez, é uma ruiva de 28 anos que mora em Florianópolis, desde que se conhece por gente. Nunca foi uma pessoa considerada comum. Não! Nati é tudo, menos comum! Ela é aquele tipo de menina mulher, que sempre apronta todas, mesmo q...