cap. 1 - rosas às quartas e cabarés

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vitória on

ah, acordei. pro meu azar, é claro.

como de costume terei mais um dia merda naquela escola de merda com aquelas pessoas de merda.

chego no colégio e me deparo com carla sentada na arquibancada lendo um livro.

- oi amor - diz ela, me dando um beijo rápido e logo voltando a atenção ao seu livro.

- oi neném - respondo - o que cê tá lendo?

- criminosos gatos demais para serem julgados por seus crimes - ela me responde quase que no mesmo instante.

- ah.

nesse momento surgem quem eu menos queria ver no momento: claudia e samantha.

- ora ora se não é vitiria - diz claudia.

- ih, tô indo mozão - fala carla, me dando um beijo na bochecha e em seguida se levantando para ir embora - até mais tarde.

- esqueceu do nosso trato, srta. vitiria? - pergunta claudia.

- que trato?

- você está usando azul... - responde samantha.

- e daí?

- e daí que hoje é quarta - grita claudia - às quartas nós usamos rosa.

- já usei todas minhas roupas rosa nessa fuleragem de vocês, o estoque acabou - retruquei, já irritada.

- não importa. se quiser participar do nosso squad terá de cumprir as regras - fala samantha.

- então quero sair .

- ah é? então vamos explanar para todos o seu romance com a professora de dança - ameaça claudia.

elas não seriam capazes de fazer isso! não irei permitir. iria acabar com meu namoro com a carla, e com a professora flavia também.

- não!! tudo bem. virei de rosa na próxima quarta.

carla on

arranjei uma desculpa qualquer para sair daquela confusão. ao sair de lá logo vi o jorge usando o celular sentado na mesa perto do pátio. finalmente.

- por onde tu se meteu? - perguntei me sentando no branco ao seu lado.

- bixa nem te conto... - ele fez suspense.

- tu tá com dst sim ou não?

ele guardou o celular.

- então, fui no hospital ontem, o médico disse que tava tudo bem comigo e que era só uma virose normal - ele respondeu - fica tranquila.

suspirei aliviada.

- ainda bem né... - falei - olha eu acho melhor tu parar de fazer programa pra esses professores. até por que são os seus professores.

falei em tom de preocupação, mas a verdade é que eu estava pouco me fodendo pra isso. não me importo com a saúde do jorge.

- ai mulher, me deixa. eu faço isso num é nem pelo dinheiro não, é pra ver se eu passo de ano né.

eu cruzei os braços e fiz uma cara sarcástica.

- tá, faço isso pelo dinheiro também... mas minha prioridade é passar de ano, pegar meu certificado de conclusão do ensino médio e viver minha vida - ele falou.

- certo - respondi - mas como diabos tu vai viver tua vida se não conseguir um emprego?

- fica tranquila - pega o celular de volta e volta toda sua atenção pra tela do aparelho - eu tenho um plano sensacional.

- você que sabe, esses professores, tudo velho, casado, ficando com um garoto de programa da própria escola onde eles trabalham... sei se isso dá certo não, viu? - me levanto e vou embora.

jorge on

[06/09 06:53] iago: me responde, poc
[06/09 06:55] jorge: fala
[06/09 06:55] iago: que horas é pra estar no moulin rola hoje?
[06/09 06:56] jorge: quero que tu vá mais cedo e organize minha sala. tenho um "show" para avaliar.

desligo o celular e vou em direção a sala de aula.

na entrada da sala dou de cara com vitória.

- jorge... - ela fala em um tom nervoso - oi.

- oi, ainda está tudo de pé, não é?

- sim. às 8 da noite, certo?

- isso. espero que você tenha ensaiado muito bem, caso contrário... - balanço a cabeça em tom de reprovação.

foi o suficiente para que ela entendesse.

sigo meu caminho, sentando numa cadeira da penúltima fileira.

8 horas depois - moulin rola

ao chegar no meu cabaré me deparo logo com igor.

- miss. fortune - ele fala, tentando acompanhar meus passos rápidos - a srta. vitória já está aqui.

eu paro e me viro de frente pra ele.

- mande-a para minha sala em 10 minutos.

- ok.

abro a porta da minha sala e vejo tudo em perfeita ordem. ah, como é bom ter dinheiro. principalmente fazendo o que você mais gosta. aos 18 anos, além de fazer programa pros professores do meu colégio, sou dono do cabaré mais frequentado de fortaleza e tenho muito dinheiro a minha disposição, graças as minhas ótimas dançarinas e ninfetas.

tenho de admitir estar preocupado com o fato de vitória saber que eu sou dono da moulin rola, pois muito provavelmente ela pode espalhar pelo colégio inteiro isso. o que não é, de forma alguma, meu desejo. considerando o fato de que o dono do colégio é meu pai. de uma forma ou de outra, ela quer dançar no meu cabaré. e, pelo que eu soube, ela é uma ótima dançarina e seria interessante ter alguém como ela na minha coleção.

- miss. fortune? - igor interrompe meus pensamentos.

- mande-a entrar.

a moça entra na minha sala. ela é muito bonita, tenho de admitir. porém mantive a pose.

- olá jorge - ela fala.

- meu amor, jorge não - suspiro - aqui, neste estabelecimento, nesta sala, me chamo miss. fortune. você não me conhece. você conhece o jorge. eu e ele não somos a mesma pessoa, está entendido? - levanto da cadeira para olhar diretamente em seus olhos.

- sim - ela fala olhando para minha mesa. tão frágil... isso será fácil.

- então, me mostre o que sabe fazer - volto a me sentar e aponto para o pole dance.

OS DESFAVORECIDOSOnde histórias criam vida. Descubra agora